sexta-feira, junho 04, 2010

Aznavour

Há minutos, a jornalista do "Le Progrès", de Lyon, que vinha conversar comigo ao hotel, ao deparar, no "hall", com Charles Aznavour, que saía, fez questão de fotografar os "dois embaixadores em Lyon", como nos disse ir intitular a notícia. É que Aznavour é hoje embaixador da Arménia junto das instituições internacionais em Genebra, como o carro com matrícula diplomática, que ele próprio conduz, não obstante os seus 86 anos, bem atesta.

Aznavour revelou-se uma figura simpática e loquaz. Explicou-me que a primeira vez que usara o seu recente título de embaixador fora numa visita à nossa Embaixada em Bangkok, julgo que há cerca de um ano, por gentileza do meu colega local. Elogiou a Feitoria onde a nossa missão diplomática está instalada na Tailândia e não deixou de acrescentar: "Vocês foram muito longe...". Atravessou-me a tentação de responder: "Mas já voltámos..." 

8 comentários:

margarida disse...

Não. Ficámos. Mesmo que pouco ou mal.
Ficaremos sempre.
E existem outros exemplos, além de Feitorias, histórias contadas ao anoitecer, ou artefactos espalhados pelos quatro cantos do mundo.
Existe o orgulho pelo bem e o genuflexório pelo mal.
Existem uma dádiva e uma dívida.
Que todos os portugueses levarão constantemente consigo, em si mesmos.
Existem as representações diplomáticas, estandartes de muitas sensibilidades e de variados quereres.
O pragmatismo e a sensibilidade. Nalguns casos, até a fé.
Somos herdeiros deste canto:

"Os Lusíadas - Canto I

1

As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

2

E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
(...)"

A nunca permitir o esquecimento.
E, se voltamos, partamos de novo.
É um dever.

Helena Sacadura Cabral disse...

Delicioso esse seu "apetite"! Já voltámos de facto. De vez.

Alcipe disse...

Voltámos, mas lembram-se de nós! E nós é que não queremos ser lembrados... (nunca me esqueço de um empresário português a explicar-me no Brasil que a "marca Portugal" só lhe dava cabo do negócio...)!

Helena Oneto disse...

"Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte."
Assim seja!

TGIF!
Este poste anuncía um bom fim de semana...

Anónimo disse...

Já não há barcos no rio...

Deixando as Águas
No incrédulo... suposto bafio

Deixem-nos as mágoas
Sonhos estanques e parcos
As Vozes
Entoam noites sem alvoradas
Atrozes
Fujam

Eles também foram e está Frio...
Isabel Seixas

Aznavour e também...
Joe Dassin
Salut
Et si tu n'existais pas
À toi

Emma Shapplin-Spente le stelle

V disse...

Fez mal em cortar a fotografia, caro Embaixador. Ficava lá bem.
V

Anónimo disse...

Caro V: a foto de Aznavour que utilizei no post não era do momento. Dele é a que pode ver seguindo o link: http://www.leprogres.fr/fr/article/3266110/Charles-Aznavour-au-Sofitel.html#fin

Francisco Seixas da Costa

Anónimo disse...

o comentário "mas já voltámos" prova, sem disfarce, a nacionalidade indesmentível do seu autor!
João Vieira

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Pierre Bourguignon foi, ao tempo em que eu era embaixador em França, um dos grandes amigos de Portugal. Deputado à Assembleia Nacional franc...