Pierre Grosser é, nos dias de hoje, uma personalidade muito respeitada no mundo da investigação histórica francesa sobre temas de política internacional, área em que a França, quase sempre muito "auto-centrada" na sua própria história, não tem muitos especialistas. Grosser é um deles e, na passada quinta-feira, tive um grande gosto em conhecê-lo pessoalmente, na sede da UNESCO, no dia em que recebeu o Prix des Ambassadeurs. A obra que valeu este prémio já foi destacada neste blogue - "1989 - l'année où le monde a basculé" - e é dedicada a esse ano-charneira em que a queda do Muro de Berlim correspondeu à queda de muitas ilusões e ao nascimento de outras tantas.
O Prix des Ambassadeurs é um galardão anual atribuído a uma obra de história política, escolhida por um júri, constituído por um grupo de vinte embaixadores, selecionados sob a égide da Académie Française, para o qual tive o gosto de ser convidado após a minha chegada e de que tenho grande honra de fazer parte. Foi criado em 1948 e já distinguiu obras de figuras da craveira de Saint-Exupéry, Simone Weil, Raymond Aron, André Maurois e Henry Troyat, entre muito outros.
Foi curioso ouvir Pierre Grosser, com um papel determinante na Escola Diplomática do "Quai d'Orsay", sublinhar a sua fidelidade ao trabalho de uma grande figura do pensamento conservador, como é o caso de Raymond Aron - a quem os acontecimentos de 1989 seguramente muito diriam, se acaso não tivesse desaparecido em 1983. Igualmente notei que Grosser increve afirmadamente o seu nome numa linhagem de estudos de história onde estão nomes como Jean-Baptiste Duroselle ou Pierre Milza, que muito ajudaram a minha geração diplomática a melhor compreender o mundo.
Não escondo que me agrada muito ficar ligado, nesta minha passagem por Paris, a uma iniciativa de destaque sobre uma dimensão relevante da vida intelectual francesa.
Não escondo que me agrada muito ficar ligado, nesta minha passagem por Paris, a uma iniciativa de destaque sobre uma dimensão relevante da vida intelectual francesa.
2 comentários:
"Melhor compreender o mundo."
(FSC:2010)
Urge...
Isabel Seixas
Com a correria do dia-a-dia já me tinha esquecido desta sua referência bibliográfica, mas vou procurar ver se encontro por cá a edição, tanto mais que Raymond Aron foi um autor que, não obstante, a sua linha conservadora me ajudou na adolescência a compreender melhor o mundo em que vivíamos na altura.
Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt
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