Para parte de geração portuguesa que teve a infância ou juventude nos anos 50 do século passado (por alguma razão, custa-me sempre escrever a expressão "do século passado"), as aventuras de "Blake et Mortimer", da autoria de Edgar P. Jacobs, são ainda hoje uma recordação muito viva.
Figura importante da excelente escola belga de banda desenhada, de que Hergé é, sem dúvida, o maior expoente, Jacobs abria-nos o mundo através de álbuns de uma fantástica qualidade e fruto de cuidado estudo, que agarravam a nossa imaginação e nos transportavam para cenários muito realistas, às vezes quase plausíveis. Quando vivi em Londres, não resisti a reproduzir os percursos do "Marca Amarela" e do Dr. Septimus e, ao entrar um dia no museu do Cairo, a figura do Professor Grossgrabenstein (que só pode ter sido inspirada, "avant la lettre", no Caetano da Cunha Reis) veio-me logo à memória - este último saído desses dois álbuns sem par que constituem "O Mistério da Grande Pirâmide". E até os Açores passaram pelas histórias de Jacobs, no "Enigma da Atlântida".
A trama jacobiana centra-se sempre numa dupla de amigos, um militar e um cientista, envolvidos na luta eterna, pelo lado do "bem", contra um inimigo permanente, Olrik, que encarna os vários males e que tem uma capacidade de sobrevivência que acaba por nos causar mesmo alguma admiração. As mulheres, confirmando uma misoginia muito própria de um certo período da banda desenhada europeia (mas não, curiosamente, dos "comics" americanos, sendo embora da mesma época), têm sempre um papel escasso nestas tramas, surgindo apenas com algum relevo nos álbuns desenhados pelos seguidores de Jacobs, já após a sua morte.
A que propósito vem esta evocação? Pelo facto de, há dias, ter sido aqui anunciada a iminente publicação de um novo álbum, que vai mobilizar alguns que, como eu, continuam a não perder nenhuma das aventuras de "Blake et Mortimer", mesmo se já escritas pelos seus continuadores. Peço que percebam: trata-se de amigos com quem me "dou" há mais de meio século.
E nada melhor para ilustrar este post do que um extracto do movimentado e tempestuoso "SOS Meteoros", com a parisiense igreja da Madeleine ao fundo.
Figura importante da excelente escola belga de banda desenhada, de que Hergé é, sem dúvida, o maior expoente, Jacobs abria-nos o mundo através de álbuns de uma fantástica qualidade e fruto de cuidado estudo, que agarravam a nossa imaginação e nos transportavam para cenários muito realistas, às vezes quase plausíveis. Quando vivi em Londres, não resisti a reproduzir os percursos do "Marca Amarela" e do Dr. Septimus e, ao entrar um dia no museu do Cairo, a figura do Professor Grossgrabenstein (que só pode ter sido inspirada, "avant la lettre", no Caetano da Cunha Reis) veio-me logo à memória - este último saído desses dois álbuns sem par que constituem "O Mistério da Grande Pirâmide". E até os Açores passaram pelas histórias de Jacobs, no "Enigma da Atlântida".
A trama jacobiana centra-se sempre numa dupla de amigos, um militar e um cientista, envolvidos na luta eterna, pelo lado do "bem", contra um inimigo permanente, Olrik, que encarna os vários males e que tem uma capacidade de sobrevivência que acaba por nos causar mesmo alguma admiração. As mulheres, confirmando uma misoginia muito própria de um certo período da banda desenhada europeia (mas não, curiosamente, dos "comics" americanos, sendo embora da mesma época), têm sempre um papel escasso nestas tramas, surgindo apenas com algum relevo nos álbuns desenhados pelos seguidores de Jacobs, já após a sua morte.
A que propósito vem esta evocação? Pelo facto de, há dias, ter sido aqui anunciada a iminente publicação de um novo álbum, que vai mobilizar alguns que, como eu, continuam a não perder nenhuma das aventuras de "Blake et Mortimer", mesmo se já escritas pelos seus continuadores. Peço que percebam: trata-se de amigos com quem me "dou" há mais de meio século.
E nada melhor para ilustrar este post do que um extracto do movimentado e tempestuoso "SOS Meteoros", com a parisiense igreja da Madeleine ao fundo.