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domingo, outubro 18, 2009

Lourdes Castro

Se estiver ou for a Paris, não deixe de visitar, no Centro Cultural da Fundação Calouste Gulbenkian, a imaginativa exposição de Lourdes de Castro, intitulada "Grand Herbier d'Ombres", projecções em papel de plantas da Madeira, feitas em 1972.

A abertura foi no dia 13 de Outubro e o entusiasmo de Lourdes Castro contagiou quem com ela viveu esses momentos, em que recordou os tempos dos anos 50 em que veio para Paris e, com outros artistas portugueses, por aqui passou tempos que viriam a revelar-se marcantes para a história da arte contemporânea nacional.

A agenda de realizações da Gulbenkian, em Paris, sob a direcção atenta de João Pedro Garcia, constitui um contributo inestimável para a projecção da nossa cultura na capital francesa, conseguindo, com maestria, aliar temáticas cada vez mais diversas.

A Fundação Calouste Gulbenkian não necessita de nenhum reconhecimento do Estado português. Precisamente por isso, e como diplomata português, sinto-me livre para expressar a grande admiração que tenho pelo seu trabalho e a avaliação que faço de quanto Portugal lhe deve no seu prestígio externo.

sexta-feira, outubro 16, 2009

Europa

Com apresentação e comentários, de grande profundidade, da responsabilidade de Eduardo Lourenço, Marcelo Rebelo de Sousa falou, na passada terça-feira, no Centro Cultural da Fundação Gulbenkian em Paris, sobre "A Europa depois da crise".

Esta excelente série de conferências sobre a temática europeia, que foi iniciada com Jorge Sampaio e Jacques Delors, constitui um importante contributo dado por Portugal, para auditórios franceses, na reflexão sobre os destinos do continente.

Marcelo Rebelo de Sousa esteve igual a si próprio: inteligente e perspicaz, académico e inventivo, polémico e prospectivo. Entre outras coisas interessantes que disse, para além de notas históricas que deixou das suas andanças no PPE, ao tempo que era líder do PSD, explicou, em detalhe, a sua leitura da opção europeia por Durão Barroso, em 2004.

Para o professor, o tipo de lideranças de Jacques Santer e de Romano Prodi já haviam tido lugar precisamente porque os líderes europeus se haviam assustado com a "força" de Jacques Delors. Quase só faltou que Marcelo Rebelo de Sousa citasse Steinbroken: Delors era "fort, excessivement fort!".

quinta-feira, agosto 20, 2009

Mulheres

Se acaso está ou vem a Paris, ou conhece alguém que venha, posso dar um conselho? Vá à magnífica exposição de fotografia que a Fundação Gulbenkian tem no seu Centro Cultural, no nº 51 da avenue d'Iéna (tel. 01- 53 23 93 99).

Trata-se de uma exibição intitulada "Au Féminin - Women Photographing Women", concebida e organizada por Jorge Calado, que inclui obras desde o século XIX a tempos recentes. Os retratos do feminino, feitos por mulheres, são, de facto, uma outra maneira de olhar. O catálogo é belíssimo. A foto que ilustra este post é de Leni Riefenstahl, a polémica, mas excelente, fotógrafa alemã.

Curiosidade é a presença nesta mostra da portuguesa Maria Lamas (1893-1983), uma mulher de cultura, que viveu tempos importantes nesta cidade de Paris e cuja memória a Embaixada irá recordar proximamente.

Já agora, um conselho mais: se visitar esta exposição na Gulbenkian de Paris, aproveite para olhar de forma mais atenta para a casa onde está instalado o Centro Cultural, que foi a antiga residência de Calouste Gulbenkian em Paris. É que, daqui a meses, vão mudar para novas instalações.

quinta-feira, maio 28, 2009

Delors

Há duas Europas: a de antes de Jacques Delors e a que resultou do seu empenhamento e entusiasmo, parte da qual não lhe sobreviveu.

Hoje, ao final da tarde, no Centro Gulbenkian em Paris, um Delors na sua melhor forma, já sem as limitações das responsabilidades directas e com a frontalidade de quem sabe bem que o que diz conta e pesa, falou-nos do projecto europeu e dos riscos que sobre ele impendem. Mas falou-nos também do optimismo, da esperança e da sua crença no futuro daquele que considera ser o mais bem-sucedido desenho institucional de sempre, em matéria de cooperação entre nações: a União Europeia.

Delors referiu-se, com grande simpatia, a Portugal e aos portugueses, ao "mais bem-conseguido alargamento de sempre" feito pela Europa. É bom ouvir os amigos, e Delors sempre fez questão em ser um bom amigo de Portugal. E, quando foi necessário, juntou os seus actos às suas palavras.

Julgo que muitos saíram hoje da Gulbenkian de Paris com esta ideia: que falta fazem à Europa contemporânea homens como Jacques Delors!

segunda-feira, março 30, 2009

Portugal na cidade universitária

Regressei hoje à cidade universitária de Paris, para visitar a casa de Portugal - Residência André de Gouveia - agora remodelada: 169 quartos, ocupados por portugueses e estrangeiros, com as condições mínimas fundamentais para a finalidade a que se destina.

Paris é, ao que sei, a única cidade do mundo onde, num largo espaço, se distribuem dezenas de grandes casas para habitação de estudantes, a maioria das quais com o seu nome ligado aos países que as doaram.

Por aqui passaram muitas centenas de portugueses, desde há décadas. Recordo-me de lá ter visitado, aí por 1973, entre outros, bons amigos como José Carlos Serras Gago, a viver na casa do Líbano, e Joaquim Pais de Brito, na casa da Noruega. Acho mesmo que era tempo de procurar reunir esses portugueses para quem a cidade universitária de Paris foi escala da vida.

A cidade foi palco de cenas complicadas no Maio de 1968, com a residência portuguesa a ser alvo de acções de ocupação contra o regime de Lisboa. E chegou a haver por lá tragédias, como a luta entre facções cambodjanas, ao tempo de Pol Pot.

Criada nos tempos pacifistas dos anos 20, para favorecer o intercâmbio entre estudantes de todo o mundo, a ideia generosa da cidade universitária de Paris não conseguiu, contudo, convencer a União Soviética e os seus aliados, razão pela qual essa parte do mundo continua a não estar por lá representada.

Tem uma arquitectura ecléctica, com alguns belos edifícios, da autoria de reputados arquitectos, outros nem por isso. E há o nosso, originalmente do traço de Sommer-Ribeiro, mas que foi objecto de uma intervenção arquitectónica recente, de um gosto, para mim, um tanto discutível, mas que lhe aumentou a dimensão e funcionalidade.

Sob a orientação de Manuel Rei Vilar, a Residência André de Gouveia, criada pela Fundação Calouste Gulbenkian em 1967 e agora entregue à gestão da cidade universitária, necessita ainda de alguns apoios para ser completada - em especial o seu magnífico espaço de exposições/concertos e a área de teatro.

Esse foi um dos temas que hoje também suscitei junto dos empresários da Câmara do Comércio Portugal-França, que reuniram na Embaixada a sua Assembleia Geral, sob a presidência de Carlos Vinhas Pereira. Apelei à sua ajuda, através do mecenato, para se completarem as obras da residência, que também pode ser aproveitada por estruturas associativas da comunidade luso-francesa.

Se queremos vir a ter uma força colectiva em França, se pretendemos que a segunda e a terceira gerações de portugueses e luso-descendentes afirmem nesta sociedade a sua diferença, temos de saber trabalhar e agir em torno daquilo que reforça a nossa identidade. Como é este caso.

quarta-feira, março 18, 2009

Um conto em música

Diz-me quem esteve, na tarde de ontem, no Centro Cultural da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris que foi muito interessante assistir à coreografia do conto do escritor português Jacinto Lucas Pires (na foto), "L'Histoire de l'Homme de la Boule de Verre coupée en deux".

A banda sonora evocava a musicalidade de uma dezena de línguas, sobretudo as que, em França, estão ligadas à imigração.

As dezenas de crianças que ontem deram vida e dinâmica à casa de Gulbenkian em Paris são a prova mais clara de que é sempre possível reinventar aquele espaço, que o entusiasmo de João Pedro Garcia dia a dia renova e transforma.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

André de Gouveia

Residência André de Gouveia
Muitos desconhecem a figura de André de Gouveia, que dá o nome à residência portuguesa que, há mais de 40 anos, existe na Cidade Internacional Universitária de Paris, graças à generosidade da Fundação Calouste Gulbenkian.

André de Gouveia foi um humanista do século XVI, que residiu em Paris e fez parte de uma importante geração de figuras portuguesas educadas então em vários países da Europa. Foi graduado pela Universidade de Paris, doutorou-se em Teologia, tendo chegado a director do Collège de Sainte-Barbe. Em 1533, foi eleito reitor da Universidade de Paris, tendo, mais tarde, regressado a Portugal para fundar o Colégio Real das Artes, de Coimbra.

Elogiado como como pedagogo por Montaigne, Gouveia privou com Martinho Lutero e teve uma grande importância na reforma dos estudos superiores em Portugal. É uma figura que honra Portugal em França mas de que, infelizmente, em Portugal pouco se fala.

O outro 25

Se a manifestação dos 50 anos do 25 de Abril foi o que foi, nem quero pensar o que vai ser a enchente na Avenida da Liberdade no 25 de novem...