O cartaz em que a cara de Montenegro surge ligada à palavra corrupção é uma forma miserável de fazer política. Até pode favorecer o primeiro-ministro, dado que as imputações de que é alvo nada têm a ver com corrupção, a contrário das acusações que visam o seu parceiro no cartaz. E as pessoas sabem isso.
12 comentários:
Pode ser "miserável" mas é uma forma perfeitamente legítima de fazer política. Cabe totalmente ao abrigo do direito à liberdade de expressão tal como ele é definido pela jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. O PSD (ou pelo menos o vice-preimeiro-ministro Paulo Rangel) sabe perfeitamente isso e deveria abandonar a ideia de por o CHEGA em tribunal.
Senhor embaixador: concordo com todo o "post", até à última frase; estou convencido que uma boa parte dos portugueses metem os ilícitos, a ética e a moral tudo no mesmo saco. Para mim, a grande questão é achar que essa mesma boa parte dos portugueses se se apanhasse nas posições sociais ou políticas em que Montenegro e Sócrates estão/estiveram fariam exactamente como eles, "amanhavam-se"... MB
E mesmo Sócrates também poderá reagir. Afinal, ainda não foi condenado.
Luís Montenegro não quer ver os cartazes do Chega onde surge ao lado de José Sócrates. Daí que pediu ao Tribunal Judicial de Lisboa que ordene ao partido de André Ventura a retirada dos mesmos, num prazo de cinco dias. Montenegro não quer, assim, ser associado a José Sócrates, arguido no processo Marquês e acusado de vários crimes.
O antigo primeiro-ministro vive um verdadeiro imbróglio jurídico, em que as mentes mais, digamos, extremadas defendem que o seu objetivo é adiar, adiar, adiar... até à prescrição. Faz-me lembrar o que se passa com a Guerra da Ucrânia: só interessam os argumentos do lado com o qual mais simpatizamos, ou com o qual a maioria simpatiza e que convém nós também simpatizarmos. Daí que, por qualquer tipo de reação pavloviana, fechamos os olhos e os ouvidos ao outro, que passa de imediato a uma categoria próxima do bizarro e a carregar uma qualquer suspeição.
Montenegro não quer, portanto, ser associado aos alegados crimes de José Sócrates, mas não se importa de estar associado aos alegados crimes de Albuquerque. Para o primeiro-ministro, há crimes de corrupção (ativa e passiva) bons e há crimes de corrupção (ativa e passiva) maus.
Montenegro quer construir uma aura de impoluto, à Cavaco Silva, tentando descontruir as suas habilidades com a Spinumviva. Daí que aparecer ao lado do ex-primeiro-ministro Sócrates, mesmo no âmbito da livre e democrática expressão de ideias que os partidos políticos usufruem, não ajuda muito para alcançar o voto daqueles eleitores mais perplexos com as suas chico-espertices.
O que verdadeira e desgraçadamente o atual primeiro-ministro exterioriza, com estas suas atitudes, não é mais do que a miserabilidade política no seu melhor. Ou pior!...
Se a jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem permite esse tipo de abusos então prefiro a nossa.
Repelente, muito mais repelente, foi o comportamento de José Rodrigues dos Santos, jornalista e escritor de best sellers, em cada um dos minutos (foram 10) da entrevista com que ontem, na RTP, ludibriou o Secretário Geral do PCP. A corrupção tem muitas facetas.
J. Carvalho
Acho estranho que muito boa gente não entenda bem o que é a empresa do PM. Não é uma empresa, é um mealheiro.
Eu acho que Luís Montenegro tem todo o direito de não gostar do cartaz mas a sua indignação é dum cinismo atroz pois ele próprio nunca se incomodou com os cartazes onde António Costa e Fernando Medina eram colocados ao lado de Ricardo Salgado. E o próprio PSD participou de forma indirecta na campanha do “são todos corruptos” ao lançar um cartaz neste sentido onde falava de “ética e corrupção” logo após a demissão de António Costa. E o que dizer do comportamento despudorado do PSD na CPI sobre Galamba e os “patos que não voam” …
Parece haver aqui um pequeno mal-entendido quanto à liberdade de expressão e à jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. A liberdade de expressão permite muita coisa mas, felizmente, não tudo. Se alguém a se sentir insultado tem todo o direito de recorrer aos tribunais que decidirão se houve insulto ou não.
Por outro lado tenho pena que tanta gente perca tanto tempo e energia com questões como esta quando os problemas reais do país são outros…
carlos cardoso
Repito, a jurisprudênca do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) diz que, em matéria política, as acusações, mesmo infundadas ou injustificadas, são permitidas.
É claro que "se alguém a se sentir insultado tem todo o direito de recorrer aos tribunais", e muito possivelmente os tribunais portugueses até lhe darão todos razão mas, se o réu levar o caso ao TEDH, este dar-lhe-á razão e tudo aquilo que os tribunais portugueses tiverem anteriormente decidido ficará reduzido a pó.
Seria portanto conveniente que os juízes portugueses passassem, de uma vez por todas, a aplicar consistentemente a jurisprudência do TEDH, para não continuarem a fazer Portugal passar vergonhas a nível europeu.
Anónimo das 19:47
Você pode não gostar da jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, mas é ela que, em última análise, vigora em Portugal. É ela que é válida e consistente e universalmente aplicável em Portugal. Tudo o resto, as sentenças díspares e inconsistentes que os juízes portugueses vão bolçando, de acordo com a sua suprema liberdade de julgar, é pó que a terra há de comer.
anónimo das 7:46
Bem observado. O CHEGA é filho do PSD, como se sabe, e as semelhanças entre o pai e o filho continuam sendo muitas.
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