quarta-feira, março 26, 2025

O livro, a mesa e a solidariedade


Há dias, numa romagem com o meu amigo José Ferreira Fernandes à livraria Ulmeiro, na Avenida do Uruguai, que mudou ligeiramente de sítio e perdeu o gato à porta, não resisti: comprei, por bom preço, uma edição antiga do "Guia das Assembleias Gerais", de Mariano Roque Laia. 

Ainda me perguntei sobre se não teria um outro exemplar, em algum das dezenas de caixotes de livros que guardo por Vila Real. Se calhar tenho, mas achei que, por vénia à memória, não podia deixar de adquirir aquele livro. 

O "Guia das Assembleias Gerais", de Roque Laia, que teve a sua 1ª edição em 1957, foi, por muitos e bons anos, a "bíblia" das Assembleias Gerais. Trata-se de uma utilíssima codificação de regras e procedimentos, sem força jurídica vinculativa mas com um peso "moral" que, mesmo ao tempo da ditadura, quase ninguém ousava contestar. Usar "o Roque Laia" com mestria era meio caminho andado para gerir bem uma Assembleia.

Muito compulsei "o Roque Laia" quando presidi à mesa da Assembleia Geral da associação de estudantes do ISCSPU - isso mesmo, com "U", quando algum país também teve a ilusão de que o "U" lhe pertencia para sempre... Devo ter sido tão bom presidente, nesse ano letivo de 1969/70, que, no ano seguinte, o Ministério da Educação não "homologou" a minha reeleição. Embora, 30 anos mais tarde, tivesse sido colega de governo do ministro que referendou aquela decisão, tive sempre a delicadeza de nunca abordar com ele o episódio.

Mais recentemente, entre 2013 e 2015, já reformado, presidi à mesa da Assembleia Geral da Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses. Não tive então "o Roque Laia" à mão, mas também não precisei dele. Nos dias que correm, quase dirijo assembleias gerais "de cor".

Dito isto, há poucas horas, voltei a lembrar-me deste recém adquirido livro quando tomei posse do cargo de presidente da mesa da Assembleia Geral da APDP - Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, uma instituição sem fins lucrativos que desenvolve um trabalho imensamente meritório e a que terei o privilégio de poder prestar esta minha modesta contribuição, nos próximos quatro anos, substituindo o Dr. Narciso da Cunha Rodrigues. Já tinha destinado à APDP metade dos direitos de autor da edição de 2023 do meu livro "Antes que me esqueça". Quem comprou o meu livro já ajudou a APDP.

Com franqueza, não espero ter de recorrer ao "Roque Laia" nas novas tarefas que vou exercer. Mas, pelo sim pelo não, o livro já ali está à mão de semear.

(A propósito: sabia que, sem que receba menos reembolso nem aumente o imposto que tem de pagar, pode colocar na sua declaração do IRS a consignação à APDP de 1% daquilo que vier a entregar às Finanças? Se o fizer, ajudará a que esta instituição, que está na primeira linha da luta contra uma doença que afecta um milhão de portugueses, venha a receber uma verba, ainda que pequena, que ajudará ao seu funcionamento? É simples: no campo dos apoios às IPSS coloque o NIF da APDP: 500 851 875. Vá, faça esse gesto!)

8 comentários:

Anónimo disse...

Mesmo a proposito sr. Embaixador, aproveito para uma sugestão que talvez possa contribuir para a saude em Portugal.
Alem de defender os diabéticos, podia a associação prevenir a diabetes, que como presumo que saiba, além de fatores hereditários, tem sobretudo a ver com maus hábitos alimentares e com alguma incúria também da classe médica, que não faz um diagnostico como deveria ser feito. Eu tive a sorte de ao fazer um check up pós pandemónio covid, ter apanhado um DR. que me prescreveu analises onde para além da glicémia da praxe, pediu também o valor da insulina e da hemoglobina glicada.
Estes dois parametros que quase nenhum médico pede, são determinantes para saber se uma pessoa está em vias de ser diabético. Existe ainda outro maercador que não lembro o nome mas que vi referido pelo dr. Pinto Coelho numa entrevista que também ajuda a verificar o estado do PANCREAS, que é o criador da insulina.
O valor da glicémia, mesmo estando normal não diz nada sobre a real saude da pessoa, pois pode dever-se a esforço incrementado do pancreas e insulina em excesso, donde ou a pessoa cria resistencia insulinica ou o pancreas dá o estouro.
Outra ideia era fazer umas conferencias nas escolas a mostrar ás crianças como se deve ou não deve comer.
Eu quando vejo pais a darem peq. almoço na pastelaria ,tipo uma cocacola ou ice tea com donut ou coisa que o valha, dá-me vontade de ser -terrorista- .
Bem haja.

egr disse...

Tenho exemplar, que em determinada fase da minha vida , me foi muito útil.

Anónimo disse...

Adenda ao post anterior. Como disse tive sorte, pois devido ao encafuamento e a ter compensado o stress de prisão domiciliário com excessos de bom gosto, os meus valores estavam na beira do abismo, e com esforço consegui evitar de estar agora a apanhar picas diárias na barriga. Uma droga pandémica que é legal e ninguém ou quase, fala dela, é o AÇUCAR, que em teste de laboratorio com ratos, segundo conta o dr. LAIR RIBEIRO, onde havia comida com cocaina, com açucar, e mais não sei Q, os bichos preferiam mais a do açucar.
Toda a comida tem açucar, mas a produção alimenticia apelativa que nos é sugerida, com o excesso do dito, torna-se veneno a médio-longo prazo.

Luís Lavoura disse...

Anónimo

Toda a comida tem açúcar

Leia-se "toda a comida tem hidratos de carbono".

Isto não é bem assim: há comidas, como o azeite, que são 100% gordura e não têm hidratos de carbono nenhuns.

Nas que os têm (a imensa maior parte delas), há que distinguir entre os hidratos de carbono de absorção lenta, como por exemplo os de um prato de esparguete, e os hidratos de carbono de absorção rápida, como por exemplo o açúcar refinado.

(Sendo que um hidrato de carbono também pode ser mais ou menos rapidamente absorvido consoante o acompanhamento.)

Há também que referir "alimentos" como o álcool, que em si mesmo não contêm hidratos de carbono, mas que são processados pelo fígado transformando-se em hidratos de carbono. Uma aguardente tem poucos hidratos de carbono, mas após processada pelo fígado transforma-se numa quantidade muito substancial deles.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Ai o açúcar e a cocaina...

Com a sua permissão, Sr. Embaixador, aqui vai o esclarecimento:

https://www.publico.pt/2018/02/11/impar/noticia/o-acucar-e-mesmo-tao-viciante-como-a-cocaina-1802521

Carlos disse...

Lembro-me de a minha mãe falar com grande admiração e respeito do dr Roque Laia a propósito do papel que ele desempenhou na Associação Lisbonense dos Inquilinos. Posteriormente fiquei a saber que foi também alguém muito ativo na defesa dos presos políticos nos Tribunais Plenários (gostava de saber o que aconteceu aos juizes que participaram nesses arremedos de justiça). Tenho também ideia do meu pai ter também feito uso do Guia do Dr Roque Laia quando assumiu um papel mais ativo na luta sindical.

Estas lembranças trouxeram-me também á memória um episódio nos anos que precederam a queda do regime, em que o meu pai chamou publicamente de “bufo e traidor” a um colega que encontrou um panfleto “subversivo” e foi reportar à polícia . Não admira que o MP tenha tanto trabalho com as denuncias (anónimas). Ficou marcado na personalidade de muita gente.

Anónimo disse...

Certissimo, há sempre excepção que confirma a regra. LAPSO meu.

Anónimo disse...

Se tiver um refrigerante, não lhe vai apetecer beber água, mas o açucar não é viciante, as pessoas é que são humanas e não sabem viver bem. Entendi. Grato pelo link.

Constantinopla

Um amigo disse-me que vai a Constantinopla ou lá como agora aquilo se chama. Não sou de invejas, mas senti algumas. Fazer toda a Istiklal a ...