O excelente documentário feito para a RTP por Jacinto Godinho abriu a ocasião. Depois, a historiadora Luísa Tiago de Oliveira fez um enquadramento da conjuntura.
A seguir vieram os testemunhos. O jornalista Adelino Gomes relatou o insólito encontro entre revoltosos e as forças do então RAL 1, cena que ele cobriu para a RTP. O comandante Costa Correia, uma prestigiada figura que meses antes ocupara a polícia política à frente de uma força da Marinha, relembrou a sua participação nesse frente-a-frente, que o filme registou para a História.
Seguiu-se a evocação da célebre Assembleia do Movimento daa Forças Armadas, por três pessoas que nela participaram e intervieram.
No que me toca, procurei explicar o que fazia o oficial miliciano que eu à época era no seio daquela história. Contei como integrei um grupo de oficiais, profissionais e milicianos, que, à hora de jantar desse dia, irrompeu pelo Palácio de Belém, suspendendo a reunião do "Conselho dos Vinte" e convenceu o presidente Costa Gomes a deslocar-se ao edifício do atual Instituto de Defesa Nacional, para uma sessão de debate com mais de 200 pessoas, entre os quais o primeiro-ministro Vasco Gonçalves e o almirante Pinheiro de Azevedo, que só terminaria cerca das sete da manhã. Tentei fazer uma leitura política do que ali se passou e, de caminho, falei também de uma outra reunião, muito mais tensa, com apenas cerca de 30 pessoas, que teve lugar 24 horas depois, onde se discutiu a composição do futuro Conselho da Revolução e em que também participei.
O coronel Nuno Santos Silva, da Força Aérea, que no 25 de Abril tinha sido um dos ocupantes do Rádio Clube Português, deu uma muito interessante visão das tensões políticas da época, chamando "os bois pelos nomes" no tocante às graves responsabilidades de António de Spínola, que, em 28 de Setembro de 1974 e naquele 11 de Março, ia levando o país para a guerra civil.
Vasco Lourenço, figura central do MFA, encerrou os testemunhos, relatando vários episódios, nomeadamente as tensões que protagonizou com o coronel Varela Gomes, que era a figura mais polémica da chamada "esquerda militar".
A sessão terminou com uma intervenção do anfitrião da sessão, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que falou em particular para os estudantes presentes. Também ele, à época com responsabilidades no jornal "Expresso", tinha algumas histórias para contar.
Foram umas belas horas. Fica uma foto da nossa audiência.
( Deixo a minha perspetiva sobre o 11 de Março de 1975, inserida num programa da RTP. Pode ver clicando aqui. )
1 comentário:
Deve ter sido muito interessante.
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