Não quero correr o risco de ter de pagar “royalties” por citações de mim mesmo, mas gostava que relessem estes parágrafos de um texto que escrevi por aqui há poucos meses:
“Para quem não saiba - e isso pode ser interessante no contexto pós-Brexit -, muita da tradicional proximidade entre Lisboa e Londres esbateu-se fortemente após a nossa entrada nas então chamadas Comunidades Europeias, em 1986. Enquanto o Reino Unido continuava a ser um parceiro relutante do processo europeu, Portugal tentava dar um salto "centrípeto", colocando-se no eixo da União, com a deliberada intenção de evitar cair num novo ciclo de perifericidade na sua história contemporânea. Salvo o interesse em manter viva na Europa a relação transatlântica (o que, à época, partilhávamos com os Países Baixos), quase tudo nos começava a afastar dos britânicos. Ler isto pode não ser confortável para algumas pessoas, mas a verdade nem sempre nos pode agradar.
Mas será que a "mais velha aliança", no contexto da futura singularidade britânica perante a Europa dos 27, não tem condições para poder ter um novo fôlego? Não quero desiludir ninguém, mas direi que, naquilo que verdadeiramente nos importa no quadro externo, estamos estritamente ligados ao quadro europeu, que tanto nos condiciona como nos protege e amplifica a nossa capacidade de defesa de interesses. E que tudo o resto, podendo ser interessante de explorar no terreno bilateral, acabará por ter uma dimensão menor e residual. A menos que a União Europeia desapareça, bem entendido. Perguntam-me se ainda acredito na "mais velha aliança"? Acredito, tanto como os ingleses...”
3 comentários:
É claro que o Brexit não é, por si só, um acontecimento revolucionário; mas ao contrário daqueles que nos explicam que nada nunca será bonito o suficiente até que a ditadura do proletariado nos tenha sido fornecida numa bandeja, ele é um pontapé mestre no “rabo” do povo britânico, especialmente da classe trabalhadora, às "elites" europeístas, à City, que era pelo “remain”, para a maioria do partido Tory e também para a liderança do Labour trabalhista, que deixou partir tantas coisas à deriva na Inglaterra que o “Labour"não está longe de considerar o ultraliberalismo de Bruxelas como um mal menor!
Na realidade, uma massa de trabalhadores e de "pequenos do povo" que reflectem e que, ao contrário de alguns membros das "classes médias superiores", estão acostumados a fazer as suas contas em vez de admirar no espelho a sua bela imagem de " europeus modelo", compreenderam que a UE está inteiramente voltada contra os seus interesses e também, muito simplesmente, contra o direito básico de cada povo a dispor de si mesmo.
Estes proletários britânicos, que os meios de comunicação social retratam odiosamente como tolos, são politicamente mais conscientes do que muitos pseudo-marxistas franceses e outros que ainda não compreenderam que a UE é irreformável a partir do interior.
"... A menos que a União Europeia desapareça, bem entendido....".
Na verdade aquela (dita) União Europeia, a de Junker, Tusk, Barnier ... Merkel, desapareceu.
Madame Ursula já convida Mr. Boris a negociar: "The President of the European Commission said the EU want their relationship with Britain to be "as close as possible" and said they were aiming for a "zero tariff, zero quota, zero dumping" arrangement."
Bastava conhecer minimamente aqueles personagens (e os interesses que eles representavam) para perceber que negociar e "mandar" rimam, mas.
A ver vamos.
É uma resposta diplomática.Olhe, eu não acredito nem desejo. Não gosto de ingleses, detesto-os
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