domingo, junho 24, 2018

Os malabaristas da palavra

Recordo-me de um cromo, do mundo do futebol, que um dia disse que “o que hoje é verdade pode ser mentira amanhã”, ou o seu contrário. Na política, habituei-me a passar a olhar de soslaio, oferecendo-lhes o sorriso irónico da eterna dúvida, os que um dia disseram “nunca mais” e, tempos depois, com ou sem “vaga de fundo” inventada como alibi, regressam pela irresistível porta da ambição. 

Tenho orgulho de fazer parte do grupo de pessoas - que, felizmente, não são tão poucas quanto isso - que, quando comprometem a sua palavra, não voltam atrás com ela. É que vida, para quem quer ser respeitado, só tem uma cara.

Por essa razão, ao assistir, nas últimas horas, ao espetáculo de indignidade perante a palavra dada, revelado por um patusco ex-dirigente desportivo, não me apetece apenas rir. É que, mais do que o riso, este tipo de “flick-flack” convoca um inevitável juízo de piedade, em face de uma evidente indigência moral. A qual, aliás, nada surpreende, diga-se.

4 comentários:

Anónimo disse...

Nos tempos que correm, quem pugna por cumprir o dito, é irredutível.
Quem revê e se aceita mudar a posição antes firmada, vira-casacas.
Os invertebrados aproveitam a conjuntura, ganhando em cada um dos dois mundos, afirmando muito com veemência, e mudando o que nunca foi sua convicção.
Mário Soares disse-o. Muitos antes, durante e depois o fazem, talvez com menos engenho, escondendo que nunca mudaram por crenças não terem.
Boa noite.

Anónimo disse...

O que me parece mais triste e motivo muito sério de preocupação, é o facto de há meia dúzia de meses, cerca de NOVENTA POR CENTO da assembleia ter votado o reforço dos poderes do referido artista. E já era mais do que evidente,até um cego via, que a criatura não batia bem da bola.

Anónimo disse...

Mas é pena que esse "não voltar atrás" também lhe provoque tantos problemas com deixar-se corrigir quando diz coisas obviamente sem sentido.

Anónimo disse...

Deixo Francisco Seixas tranquilo com as suas reflexões e sem mais comentários meus.

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