quinta-feira, outubro 22, 2015

Realismo


- Então? Imagino que andes a ler o Soeiro Pereira Gomes ou o Redol!

Estranhei esta conversa, de um amigo próximo do PCP, que me telefonou há minutos. Pensei que fosse para comentar as dúvidas que tenho ecoado sobre a sustentabilidade (o termo aplica-se bem) no tempo do apoio dos comunistas e do Bloco, na hipótese de um governo minoritário PS.

- Porquê? A minha fase dos "Esteiros" ou do "Gaibéus" já lá vai há muito! Porque é que dizes isso?

- Nem andas a ler o Aragon? Ou o Alegre da "Praça da Canção"?

- Mas por que diabo eu ia ler essas coisas agora? Como te disse, já passei essa fase...  

- É que tinham-me dito que, nestes últimos tempos, andas grande adepto do "realismo socialista". Tive esperanças que ele pudesse ser desse tipo!

Dei uma boa gargalhada. O meu solitário "neorrealismo", embora socialista, é de outra natureza. Mas, devo confessar, nunca tive tanta vontade de não ter razão

2 comentários:

Majo disse...

~~~
~ Devem andar todos os socialistas
e simpatizantes sentindo, como eu, breves calafrios...
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

josé ricardo disse...

A atmosfera que se vive por aqui, no torrão pátrio, está a propiciar as mais diversas aberturas de velhas arcas ideológicas. Entendamo-nos: quem se afastou do trilho programático não foi o PS mas o PSD, com a sua viragem para uma direita quase reacionária e revisionista, a qual se plasma na máxima expressão carregada de ideologia "ir para além da troika". Não sei, sinceramente, como poderia o social democrata partido socialista meter-se no meio desta gente.
Por outro lado, não é esta a primeira vez que o PCP se posiciona em conformidade com os "superiores interesses do país", para usar uma expressão muito cara a Cavaco, desposicionando o seu tão temerário ortodoxismo soviético (uma acusação que sempre achei despropositada). Com efeito, os comunistas aliaram-se ao PS para eleger Mário Soares. Na altura, que me recorde, o Carmo e a Trindade continuaram de pé.

Um abraço,
José Ricardo

Senado

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