Tive imenso gosto em participar ontem, no Grémio Literário, numa iniciativa do Centro Nacional de Cultura, onde, com a presença de personalidades ligadas ao trabalho internacional de José Mariano Gago, desaparecido em abril, foram revisitados aspetos da vida e da obra daquele que, quase unanimente, é considerado a personalidade portuguesa que mais contribuiu para o avanço da cultura e divulgação científica em Portugal.
Na minha intervenção, em que nomeadamente abordei o papel que Mariano Gago teve na formulação de algumas das dimensões mais criativas da Estratégia de Lisboa, em 2000, referi também o reconhecimento do seu trabalho que pude testemunhar por parte da UNESCO, num encontro que ambos tivémos com a respetiva diretora-geral, Irina Bukova, em finais de 2012.
Portugal não costuma mostrar o reconhecimento devido a quem bem o serve. Felizmente, no caso de José Mariano Gago, as instituições nacionais têm-se mostrado à altura da imensa qualidade de um académico que se revelou também um político de grande visão. Era um dever fazê-lo, mas muitas vezes isso não é feito.
4 comentários:
Tem toda a razão!
No passado Dia de Portugal o Presidente da República, ao atribuir uma condecoração, distinguiu o cidadão Mariano Gago.
Sem Sombra de dúvida Senhor embaixador, um Senhor que reduziu as distâncias entre ensino superior Politécnico e Universitário, que ampliou a possibilidade de sonhar com a frequência do ensino superior mesmo aos mais carenciados, que valorizou a investigação e a prática pela evidência cientifica, que ansiou por uma sala de aula de respeito pelas aprendizagens dos estudantes e não só com o debitar de matérias do professor autoridade máxima para o ensino de alunos sem participação ativa no processo ensino aprendizagem.
Caro Senhor Embaixador:
Deixo aqui as minha reflexões a propósito do seu texto, as quais partilhei com os meus amigos.
«Notas soltas a propósito do texto abaixo, no blogue «duas ou três coisas».
O que convém esquecer quando se fala da herança dos governos de Sócrates.
Porque borra um bocado a pintura da narrativa sobre as PPP (e o resto das suas megalomanias, Ota e etc.)
Logo, esquece-se que foi a política científica visionária, traçada em 1990 por Mariano Gago com o Manifesto para a Ciência em Portugal, que nos permitiu ombrear cientificamente com os países mais avançados do mundo em muitas áreas científicas, apesar de sermos uma aldeia de 10 milhões.
E apenas com 3,4% do PIB gastos neste «devaneio».
(Ver também: http://www.publico.pt/ciencia/noticia/manifesto-para-a-ciencia-em-portugal-de-jose-mariano-gago-25-anos-depois-1695779)
O que tem permitido que milhares de portugueses, convidados a «sair da sua zona de conforto» emigrem e arranjem emprego sem ser só a lavar escadas, ganhando experiência muito útil para um futuro regresso ao país, se invertermos este trajecto de definhamento em que mergulhámos (parece que com gosto para alguns).
E convém ainda esquecer o início o ataque a alguns interesses corporativos então movidos pelo governo, no que foi aplaudido por muitos que depois lhe desencadearam uma guerra sem quartel.
Passaram, então, apenas a falar das PPP (ou política do betão inaugurada com o CCB, a Ponte Vasco da Gama e a EXPO98, por exemplo, por uma intocável figura da nossa praça) e dos restantes dislates governativos.
E esquece-se também a razão mais relevante para a dimensão da nossa crise de finanças públicas (a crise financeira mundial, apenas com paralelo na de 1929), assim como a história do crescimento anémico da nossa economia desde 1995, em especial a partir de 2001 e da entrada na moeda dos países ricos (o euro), com o aplauso dos que agora criticam os efeitos dessa entrada.
É a chamada argumentação de geometria variável.
Só se invoca o que nos interessa (às vezes com os mais enviesados propósitos).
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