Por mera curiosidade, vi o primeiro programa do "Shark tank", onde um grupo de empresários, entre os quais um amigo meu, avalia propostas de negócio de candidatos em busca de financiamento. Tinha feito sempre "zapping" nas versões estrangeiras, mas achei interessante observar como é que as coisas corriam em Portugal. Não achei muita graça ao programa, devo confessar, pelo que não fiquei "cliente".
Porém, interpretei como muito instrutivos alguns dos comentários que ouvi da parte dos quatro avaliadores. Penso que pode ser muito útil, para quem possa ser tentado em arriscar o seu dinheiro em alguns negócios, obter comentários francos, por parte de pessoas com experiência, sobre a razoabilidade de certos investimentos. Em particular para gente jovem, motivada a envolver-se nos mundo dos negócios, é bom poder receber conselhos de quem tem competência para os dar.
Por vezes, no meu dia-a-dia, tenho deparado com iniciativas comerciais e industriais que "entra pelos olhos dentro" que não vão funcionar, que são uma ruína anunciada para os seus promotores e que, no entanto, levam poupanças e esperanças. A verdade é que não sou o melhor exemplo para esses criadores de projetos económicos: nunca me meti num negócio, não arrisco um tostão em ações e, se o estímulo à atividade económica dependesse de mim, o país "parava". Nem na lotaria ou no totoloto alguma vez joguei! Talvez por isso, tenho um imenso apreço e admiração por quem arrisca o seu dinheiro, por quem cria empregos, por quem investe no futuro. Espero que o "Shark tank" possa ajudar a que muitos o façam, cada vez mais, mas com os pés bem assentes na terra.
2 comentários:
Sr. Embaixador
Eu costumo ver alguns dos outros programas e parece-me que o nosso não tendo estado a esse nível no início, tem por onde crescer.
Falta uma análise mais concreta aos vários negócios, que neste programa se fez apenas em determinados momentos: quando se quer investir, o que já está comprado, o que é preciso para ser rentável, se é ou não diferenciador, etc, etc. O caso da rapariga que queria recuperar a casa de família com o empreendimento turístico é exemplar: menos de 30 quartos não é rentável (foi esta a única justificação de gestão para o mau negócio, a parte do "é preciso sacrificar a vida para que um negócio destes dê certo" foi en passant). Já no primeiro caso, do silicone para as meias, teria sido interessante que se analisasse quanto custa produzir um daquelas peças para saber a partir de quanto é rentável.
Eu admito que possam ter analisado essas questões e na montagem se ter perdido essa parte, mas o "encanto" de programas como aqueles servem exactamente para se autopsiar "em vida" um negócio e ilustrar o que se deve fazer para tentar ter sucesso.
Nesse aspecto, e considerando o CV dos nosso tubarões, o programa tem mais do que condições para ter êxito, basta ter a coragem de ir mais aos pormenores/"pormaiores". Parece-me que os realizadores temam que "chateie" os espectadores - se calhar por isso é que em muitos países estes programas não passem em horário nobre em canais generalistas.
Por outro lado, uma análise real destas ideias pode ajudar a desmontar de vez a tonteria de que todos podem ser empreendedores (e ainda bem que nem todos podem).
Trata-se assim de serviço público, portanto. Haja coragem de exigir um bocado mais dos espectadores que eles, seguramente, correspondem (veja-se as audiências da RTP2 a subirem em resposta a uma programação de qualidade na slot das 10 horas da noite).
Acrescento mais, acho chocante que os partidos do contra a espicaçarem os que investem o seu dinheiro nos projectos em que acreditam e por vezes ficam sem nada.
Pior de tudo, é que, além de condenarem, nada arriscam,não têm ideias e vivem à sombra da bananeira gozando do esforço dos outros.
Cumps
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