sexta-feira, maio 18, 2012

Portugal e a guerra

Meaux é uma pequena cidade na periferia de Paris. Há meses, foi lá inaugurado um museu sobre a primeira Guerra Mundial.

Ontem, aproveitando o feriado, visitei esse museu e recolhi esta imagem num documento comemorativo da nossa participação naquela guerra. Verdade seja que foi a única referência a Portugal que por lá encontrei...

Para além dos estudiosos e de algumas pessoas ligadas à zona onde teve lugar a batalha de La Lys, em 9 de abril de 1918, raro é o francês que não se surpreende quando lhe falo na nossa participação na primeira Guerra Mundial.

Em tempo: para alguns comentadores, críticos do nosso comportamento em La Lys, deixo aqui e aqui o que sobre isso penso.

15 comentários:

Isabel Seixas disse...

É, estou a ver que temos que puxar dos galões do nosso empreendedorismo, nem só aquando dos descobrimentos...
Há sempre quem queira o protagonismo todo.

Mas a nossa representação estava bem elegante firme e hirta e denota decisão e inquestionável direito a participar na história, e as cores são lindissimas.Bem ... Pouco verde, mas no contexto irrelevante...

Anónimo disse...

E, atendendo às nossas péssimas prestações (quer na Europa, quer em África), não será de manter as coisas assim?...

Anónimo disse...

Tenho um postal da época com um batalhão do exército português a desfilar nos Campos Elisios, uma oferta do neto de Tristan Bernard.
O Bilhete Postal é muito simples, disse-me quando mo ofereceu, mas como o recuperei do arquivo do meu avô, poderia para lá ter sido levado por Leon Blum ou Mendes France e então com este valor sentimental acrescido, é melhor que este exemplar seja para ti...
José Barros

Anónimo disse...

A participação militar portuguesa nos campos de batalha da primeira guerra mundial foi extremamente negativa. A Batalha de La Lys não é certamente uma da quais o exército se pode orgulhar. A total falta de coordenação das nossas tropas, devido entre outras coisas a uma excessiva rotação da oficialidade causou o colapso de umaparte da frente.
Foi lamentável que o Governo de então tenha mandado soldados para uma guerra com aquela sem a preparação a adequada.
Não podemos contudo deixar de honrar aqueles que cairam na frente defendendo a bandeira do seus país e cuja memória tem se ser preservada.

LBA

Anónimo disse...

O meu tio Avô (irmão da minha Avó) morreu em La Lys no dia 9 de Abril.

O que minha Avó me contou, é que, os franceses fugiram em plena batalha, deixandos os nossos soldados à mercê das tropas inimigas

É claro,e é fácil dizer,
que a nossa tropa estava mal
equipada, aliás, como está hoje.

Demos o que podemos e não somos mais obrigados.

Hà, quem faça uma guerra de "secretária" isso é fácil, no terreno...muda de figura, convenhamos.

Combustões disse...

Em 1918 - já Portugal estava a combater nas frentes ocidental europeia e africana - o jornalista Homem Cristo Filho, nomeado por Sidónio responsável pela propaganda portuguesa junto dos Aliados, redigiu um longo relatório sobre o desconhecimento que a maioria dos franceses manifestava sobre a existência de um Corpo Expedicionário Português na Flandres. Estupefacto, solicitou às autoridades francesas que integrassem a bandeira portuguesa em todos os actos públicos em que se honravam os Aliados. Parece que o desconhecimento não é de hoje. É de sempre. Uma injustiça e uma ingratidão.
Ver: Miguel Castelo Branco, Homem Cristo Filho: do anarquismo ao fascismo, Lisboa, Nova Arrancada, 2001

Anónimo disse...

No outro dia, na FNAC, peguei num grosso livro sobre a História da 1GM. Animado pela curiosidade pacóvia que também eu sinto de procurar referências aos "meus", fui diretamente ao fim do tijolo.

Procurando por "Portugal" havia duas ou três referências que se resumiam (consultadas as páginas) a coisas como "no dia tal, Portugal, a Chinamarca e o Fim-do-Mundo declararam guerra à Alemanha" ou "no dia x, a Alemanha declarou guerra a Portugal e ao Cu de Judas".

Isto não me preocupa, embora, no plano formal, haja sempre que respeitar a verdade dos factos e "marcar presença". A mim chateia-me é que em pleno centro da capital portuguesa, haja um enorme parque com o nome de Eduardo VII (de Inglaterra)!!!

Anónimo disse...

Também conhecia o relato de deserção das tropas francesas. Tenho carinho nos avós que pereceram nessa guerra, mas lamento-as. Lamento-as porque eles morreram, não pela causa, sim pela acreditação que os politicos republicanos portugueses tanto necessitavam.

Quanto à menção (pouca) que se faz aos soldados portugueses, a "culpa" é nossa...

patricio branco disse...

o conflito foi de facto mundial, até o brasil, a australia, n zelandia, eua , etc , doutros continentes participaram, a austr e nz celebram o anzac day, importante e patriotico feriado nacinal, nas anzac parade das suas capitais e principais cidades. a participação da australia na batalha de gallipoli (turquia ou grecia) foi contada num excelente filme de guerra australiano dos anos 80.
os brasileiros não sei onde combateram.
termos essa ilustração no museu é já algo, pouco mas lembra a nossa presença.

gherkin disse...

Meu caro. Não me surpreende semelhança da arrogância britânica em tentar ignorar as cotribuições, sacrifícios e feiros de outros povos parceiros, pel que se vê, os franceses fazem o mesmo. Abraço, Gilberto Ferraz

T D disse...

se não estou enganado,
(ainda conheci alguns combatentes da Grande Guerra)
e se as minhas fontes eram fidedignas:

O Corpo Expedicionário Português era comandado pelo Exército Inglês.

Alguns militares, oficiais (sobretudo) partiram de Portugal sem armas de maneira muito apressada, talvez levassem alguma bagagem.

Portugal na altura vivia momentos difíceis. Era mais importante travar os alemães em África do que na linha Maginot!

Ainda há pouco fazia notar a um conterrâneo que os monumentos aos mortos em combate são muito raros em Portugal, contrariamente ao que acontece em França. sublinho que mesmo aquela estátua que estava na entrada de Reitoria da U.P. foi retirada recentemente.

Ali em Carlos Alberto até já não há aquelas cerimónias do 9 de Abril.

Seremos um povo que está a perder a memória?

Portugalredecouvertes disse...

Em textos franceses tenho lido bastantes referencias à coragem e ao sacrifício dos soldados do batalhão português


http://www.lavoixdunord.fr/Region/actualite/Secteur_Region/2010/04/07/article_sept-mille-morts-dans-les-tranchees.shtml

http://www.cheminsdememoire-nordpasdecalais.fr/visiter-les-sites/le-front/cimetiere-militaire-portugais-de-richebourg.html

Isabel Seixas disse...

Ninguém me tira da ideia que esta imagem com tão pouco verde a caminhar pró escuro era já na atualidade prelúdio de um caminhar pro pluralismo de outras cores e da habilitação da académica.

Estamos condenados ao Fair Play e à resiliência.

Anónimo disse...

A "resiliência" é como a "aprendência". Palavrões sem sentido ou emprestadas de outras línguas. "Resistência" não serve ou é "demodé"?

Isabel Seixas disse...

Serve a resistência , não é demodé de forma alguma, mas simplesmente não traduz a especificidade da resiliência como capacidade de não deflagrar perante situações adversas nem mede per si a robustez emocional necessária ao seu enfrentamento.

Para além caro Sr. ou Sra. com todo o respeito reservo-me o direito à minha liberdade de expressão respeitando a sua, julgo, sem a coartar.

Também gosto de aprendência decerto é mais uma palavra alternativa nem que seja para variar.

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