Aproxima-se o dia 10 de junho, dia que Portugal escolheu para sua data nacional, uma data que é, simultaneamente, a da morte de Luiz de Camões, em 1580.
Esse foi o ano em que a independência do país se perdeu para a Espanha, por seis décadas. Foi recuperada em 1 de dezembro de 1640, uma data que, oficial ou privadamente, sempre comemorarei.
Acho que diz muito de um povo escolher, como sua data identitária, o dia triste da morte de um poeta. Não sei o que os poetas portugueses pensarão disso. Ficarão orgulhosos? Ou, como Woody Allen, acharão que a melhor maneira de garantirem a imortalidade seria, de facto, não morrerem?
Há dias, Eduardo Lourenço, numa entrevista, revelava que o único livro que sempre o acompanhava nas viagens era uma edição de bolso de "Os Lusíadas". Embora Camões, vale a pena lembrar, seja muito mais do que esse poema épico. Faço parte de uma geração que foi academicamente educada a "não gostar" de Camões, ao forçarem-me a "dividir as orações" em "Os Lusíadas", em lugar de me revelarem aquela obra como um percurso ímpar pela graça da nossa História. Felizmente, consegui ultrapassar o trauma, a tempo.
Aqui por Paris, vamos, este ano, e uma vez mais, celebrar Camões, por volta dessa data.
Na Embaixada, vamos organizar uma conferência, por uma especialista de Camões, a professora universitária Maria Vitalina Leal de Matos, sobre o tema "Camões: l’homme, l’oeuvre et le mythe”. Será na terça feira, dia 5 de junho, pelas 18,30 horas, no 3 rue de Noisiel, sendo o metro mais próximo o "Porte Dauphine". Por razões de espaço, as entradas não são livres. Quem quiser assistir, deve solicitar um convite pelo telefone 01 53 92 01 00 ou, de preferência, pelo mail: instituto.camoes.paris@wanadoo.fr.
Na imagem deste post, estão as escadas da avenue Camoëns (como os franceses chamam a Camões), junto ao boulevard Delessert, muito próximo do Palais de Chaillot, no lado do Sena oposto à Tour Eiffel. Na sua base está, desde 1987, este monumento ao poeta, de autoria de Clara Meneres. No dia 10 de junho, tal como em todos os anos passados, o pessoal da Embaixada de Portugal irá, pelas 11.00 horas, colocar aí uma coroa de flores. Quem quiser acompanhar-nos será muito bem vindo.
5 comentários:
Senhor Embaixador,
Só um povo "distraído" retira do calendário de feriados nacionais a data em que recuperou a sua independência.
Tal como o Senhor Embaixador eu também irei comemorar sempre o dia 1 de Dezembro de 1640 e o dia 5 de Outubro mas o de 1143.
Um abraço
Caro José Tomaz Mello Breyner: digamos que sou mais "feliz": em duas datas, comemoro, com gosto, três eventos da nossa História. E, já que falamos de comemorações, deixo ben claro que, na data de hoje, não comemoro rigorosamente nada.
Tal como a V.Exª., a data de hoje é de tal forma contaminada pela abominação partida de Braga que fico impedido de a comemorar, mesmo se deste dia se verificaram alguns acontecimentos mais fastos, como a inauguração do Jardim Zoológico de Lisboa (18849, as eleições para a Constituinte da República (1911) ou a inauguração do Estádio das Antas (1958).
Ah, é verdade: o Dr. Mário Soares recebeu o doutoramento honoris causa pela Universidade Complutense de Madrid.
Senhor Embaixador,
Para comemorar a data de hoje só se fôr o fim da bandalheira em que se encontrava o nosso País.
Senhor embaixador. Bonita data para comemorar Camoes e Portugal. Gostei de lembrar. Tinha esquecido ou acho que nao nos ensina muito coisa sobre os portugueses por aqui.
So mesmo o dia 21 de abril
com carinho Monica
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