Tem vindo a ser extremamente curioso acompanhar a evolução de alguma imprensa francesa, no período posterior às eleições presidenciais. Com algumas exceções, essa imprensa - não falo dos órgãos regionais, que não acompanho - assumiu, ao longo do último ano, uma clara atitude política, de apoio ou de oposição, em face daqueles que eram os dois principais candidatos. Alguns desses orgãos de comunicação social foram de um seguidismo quase militante, tornando-se verdadeiros instrumentos de campanha, quer na defesa do seu político preferido, quer na diabolização daquele de quem não gostavam.
O resultado das eleições, revertendo a realidade face ao statu quo ante, obrigou a uma reconversão de atitude, a qual, nota-se, não está a ser fácil. Passar da oposição à "situação" (como se dizia no Estado Novo) pressupõe o abandono de um estilo exaltado e a criação de outro mais sereno. Sair de esteio mediático do poder para se transformar numa tribuna acerba de combate requer a adoção de uma nova tipologia jornalística, que se vê até na construção dos títulos. São culturas diferentes, que apenas o tempo ajudará a sedimentar. Para um observador exterior, é, sem dúvida, um fenómeno muito interessante para se observar.
O resultado das eleições, revertendo a realidade face ao statu quo ante, obrigou a uma reconversão de atitude, a qual, nota-se, não está a ser fácil. Passar da oposição à "situação" (como se dizia no Estado Novo) pressupõe o abandono de um estilo exaltado e a criação de outro mais sereno. Sair de esteio mediático do poder para se transformar numa tribuna acerba de combate requer a adoção de uma nova tipologia jornalística, que se vê até na construção dos títulos. São culturas diferentes, que apenas o tempo ajudará a sedimentar. Para um observador exterior, é, sem dúvida, um fenómeno muito interessante para se observar.
Noto que esta realidade se prolonga aqui também pelos "sites" noticiosos, que, em alguns casos, têm considerável importância e influência. Já a blogosfera não é, em França, tão proeminente como entre nós, aparecendo quase sempre como mero prolongamento escrito de outra ação pública mais visível dos seus titulares.
5 comentários:
Não podia estar mais de acordo com esta sua observação. O ataque cego e serrado a Sócrates deu agora lugar a uma justificação quase infantil das acções de Miguel Relvas. Acredito, contudo, que esta mudança de atitute não deva ser nada fácil para alguns dos intervenientes...
Como compreende... ganho ao menos o repouso de espírito por saber que não é dogma nacional; esse que transforma a Imprensa em mero veículo que veicula e formula os ideias da Oposição - seja ela qual for.
Estranho como se apontam dedos, hoje em dia, e nunca tal efeito ocorre à Santa representante da liberdade de expressão. Esquecem-se muitos, que todo o direito é simbiótico a dever...
A passagem da oposição para o poder é, creio, tão difícil como a passagem do poder para a oposição. Não se trata apenas de uma mudança de pessoas, de ideologias (???), de posições, mas é, seguramente, ou devia ser uma mudança de mentalidades.
O grande problema é mudar estas, num tempo em que cada vez mais se finge que se muda. Na França e em qualquer outro lugar do Mundo onde haja Democracia. Ou se finja também que há.
Deve ser por causa da dificuldade em passar do apoio ao poder, para o apoio à oposição, que, por cá, alguns jornais apoiam sempre o Governo de turno.
Estou a lembrar-me, por exemplo, do Diário de Notícias, e do seu director, que durante o primeiro Governo de Sócrates o apoiou de forma entusiástica. Quando os ventos começaram a mudar, também o jornal se adaptou ao novo rumo, passando a lamber outras botas.
É preciso agradar a quem manda.
Vai acontecer o mesmo na Região Autónoma da Madeira. Já agora, e, para não variar estou p'lo Alberto João, nesta guerra. Ele foi agraciado nas últimas eleições (para descontento de muitos) pelos votantes de todos os partidos - com realce para os de esquerda, que fecharam a porta ao seu próprio Partido - pela obra herculeana que fez em tão pouco tempo. E, já que não soube sair logo de seguida, aqui fica como apanágio dos nossos vilões, que resistiam até o último fôlego: Casei c'uma velha da Ponta d' Sol/deitei-a na cama e o raio da velha/rasgou-me o l'ançole/ tornei'a deitar, tornou a rasgar/ perdi a cabeça/ e, at'rei c'a velha de pernas p'ro ar! O Charamba foi ai lapas/ a mulher aos caranguejos/a filha ficou em casa/ mandando abraços e beijos/ o Charamba mai pequeno roubou/ ai botas ó pai/p'ra ir àquela banda/ ver ei festa que lá vai...
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