Jantar, na noite de ontem, numa embaixada europeia.
O novo governo, acabado de ser anunciado minutos antes, fazia parte do "menu". A anfitriã distribuiu mesmo a lista completa - 34 nomes - pelo convivas, para avaliar as reações.
Do lado dos franceses presentes, que não eram necessariamente da cor do novo governo, foi interessante notar os comentários à forte presença de mulheres e de figuras com nomes que indiciavam uma origem estrangeira. O mais evidente era, contudo, a revelação do seu total desconhecimento face a muitos dos nomeados, em grande parte membros de uma nova geração e, apenas em alguns casos, com alguma expressão mediática no período eleitoral. Há uma nova França que chega ao governo.
Da nossa parte, dos diplomatas, uma atitude mais contida impôs-se. Sublinhávamos as nomeações óbvias, notávamos duas ou três novidades, mais ou menos inesperadas. Mas éramos reservados, nas apreciações pessoais. O país não é o nosso, o governo é o da França e, seja quem for que o integre, passa a ser o nosso interlocutor.
A certo passo, alguém referiu um certo nome, agora ministro num determinado cargo. Praticamente ninguém o conhecia. Eu e um outro colega estrangeiro fizemos então "um figurão": havíamos almoçado com ele, há cerca de duas semanas. A nossa "glória" durou precisamente o tempo que nos demorou a dizer todas as escassas coisas que nos era permitido reportar daquela conversa. Amanhã, depois dos jornais e dos debates televisivos, todos ficarão a saber tanto como nós. Ou mesmo mais.
Não há nada de mais parecido com um "dinêr en ville", aqui em Paris, do que uma conversa num "Café du commerce" da província francesa ou no "Café central" de qualquer vilória nossa. Podem crer.
8 comentários:
Excelente Senhor Embaixador é como: http://www.rtp.pt/blogs/programas/cafecentral/?k=3-parte-do-Cafe-Central-de-2012-05-16.rtp&post=22758
Oh Sr. Embaixador!!!Para Si presumo.
Tanto Déjà vu...
"Después de un invierno malo,
una mala primavera
dime por que estas buscando
una lágrima en la arena?..."
(In Fito y los Fitipaldis:
Soldadito Marinero)
Confesso que gostei tanto da analogia com os nossos possiveis repastos , convivios e piqueniques cá na terra... Hum que bom, Socializante e inclusivo, parabéns.
No meio de tanta refeição referida neste blog, pergunto - e é uma pergunta séria! -, se os diplomatas têm algum tipo de preparação teórico-prática no que respeita à "arte" de bem comer e beber?
Ainda estou por perceber para que serve embaixadores ... Para gastarem milhões de euros ao orçamento de Portugal.
Quer alguns gostem quer não, os diplomatas (pelo menos, até ver!) também se alimentam às refeições.
Algumas (muitas) delas são de trabalho. Outras são entre amigos, como acontece com toda a gente.
Presumo que os anónimos (claro!) defensores estrénuos do(s) erário(s) público(s) devam ser espartanos cultores do jejum. Bom proveito!
Mas, já agora!, uma informação útil: nas refeições que os embaixadores oferecem nunca é utilizado o orçamento de funcionamento da Embaixada ou quaisquer supostos "fundos" para representação existentes nas embaixadas. Os embaixadores organizam sempre essas refeições à custa do seu salário global, o qual é composto pelo vencimento base da sua categoria que receberiam em Lisboa e por um montante variável, que é estabelecido em função do custo de vida do país onde vivem. E, naturalmente, têm de informar o MNE de como gastam esse dinheiro, indicando as datas em que tiveram lugar as refeições que ofereceram, o motivo do convite e as pessoas presentes.
Será que as pessoas sabem disto?
Que pergunta pertinente a do comentador Catinga!...
De qualquer forma acredito que os dominios cientificos básicos da nutrição são do senso comum;que todos conhecem a roda ou a pirâmide dos alimentos onde são sugeridas as quantidades face aos nutrientes básicos a incluir numa
Dieta saudavel;a pressuposta dieta fracionada mínimo 6 vezes por dia;os ditados sensatos:
De manhã come como um rei à tarde como servo e à noite como um mendigo.
De lautas ceias, estão as sepulturas cheias.
Aquilo que sabe bem, ou faz mal ou é pecado.
Há gente limitada, e infelizmente quanto mais sucesso tiver este blogue, mais invejosos e ignorantes aqui vão aparecer.
E, claro sempre anónimos, pois as pessoas limitadas e invejosas são sempre cobardes.
Boa noite Senhor Embaixador e por favor continue a deliciar-nos com as suas histórias.
Eugênio Cosèriu, linguista romeno,dizia que: "o andar depende das pernas, como o pensamento das palavras". Ainda bem que ainda convivem uns com os outros, num tempo em que o conhecimento das pessoas pode ser valioso para novas abordagens dos problemas que urge resolver. Nem tudo sai dos cumputadores; o caso das soluções para a criação de emprego, que se pretende mais humanizado e menos numérico. O convívio cibernético não substitui o momento de um bom jantar, ainda que de trabalho.
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