O jovem diplomata tinha chegado àquele posto há poucos meses. O seu chefe era uma figura da velha escola das Necessidades, algo severo, um pouco ácido e nada dado a confianças com os subordinados. Recebia-os o mínimo tempo necessário e não criava um ambiente propício a conversas. Apesar de tudo - havia que reconhecer -, não se podia queixar: era tratado por ele com atenção e, profissionalmente, a experiência estava a ser interessante.
Um dia, o chefe chamou-o: deveria, nos três dias seguintes, acompanhar um velho embaixador vindo de Lisboa, que fora destacado para executar uma missão especial naquela cidade, ligada a uma qualquer estrutura internacional. Pela forma como o seu chefe lhe referiu o assunto, percebeu logo não se tratar de alguém com quem ele tivesse uma relação de simpatia muito forte. Aliás, o visitante nem sequer tinha prevista, no seu programa, uma deslocação à Embaixada.
O contacto com o diplomata chegado de Portugal revelou-se, para o nosso jovem, uma surpresa muito agradável. Era um "gentleman" - cordial, falador, contador de histórias interessantíssimas sobre a carreira e a vida diplomática. Estava a ser um prazer acompanhá-lo.
Um dia, o chefe chamou-o: deveria, nos três dias seguintes, acompanhar um velho embaixador vindo de Lisboa, que fora destacado para executar uma missão especial naquela cidade, ligada a uma qualquer estrutura internacional. Pela forma como o seu chefe lhe referiu o assunto, percebeu logo não se tratar de alguém com quem ele tivesse uma relação de simpatia muito forte. Aliás, o visitante nem sequer tinha prevista, no seu programa, uma deslocação à Embaixada.
O contacto com o diplomata chegado de Portugal revelou-se, para o nosso jovem, uma surpresa muito agradável. Era um "gentleman" - cordial, falador, contador de histórias interessantíssimas sobre a carreira e a vida diplomática. Estava a ser um prazer acompanhá-lo.
Uma noite, no bar do hotel onde o velho embaixador estava instalado, e talvez abusando um pouco da familiariedade com que estava a ser tratado, o jovem diplomata ousou perguntar:
- O senhor embaixador vai-me desculpar mas, dado o seu profundo conhecimento da nossa carreira diplomática, gostava de lhe colocar uma pergunta um pouco delicada...
- Ó homem, esteja à vontade!, diga lá o que quer saber - responde-lhe, condescendente, o colega mais antigo.
- Como sabe, estou há poucos meses neste posto. Tenho uma boa relação com o meu embaixador, mas já deu para perceber que tem um feitio complicado e dizem-me que está longe de ser uma pessoa consensual na nossa carreira. Tinha, por isso, alguma curiosidade em saber como é que ele é, de facto, cotado no âmbito do MNE.
- Mas isso é muito fácil, caro colega: o seu embaixador está, sem a menor sombra de dúvida, qualificado no topo dos nossos colegas!
- Ah! sim? É tido como um dos nossos melhores embaixadores?
- Não, homem! Nada disso! Está no topo dos maiores estupores da nossa carreira, claro!
Não tenho registado o historial de conflito que terá existido entre os dois velhos diplomatas. Mas coisa séria deve ter sido...
Não tenho registado o historial de conflito que terá existido entre os dois velhos diplomatas. Mas coisa séria deve ter sido...
3 comentários:
Estar no Topo...
Pois, é a vida...
Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...
(Fernando Pessoa)
Citado por
Isabel Seixas
Senhor Embaixador,
Eu experimentei a acidez de um chefe de missão por 7 anos!
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Ele eu por este longo período fizemos a 1ª presidência portuguesa da União Europeia ao que viria a informar a Secretaria de Estado que a presidência no seu posto tinha corrido sobre rodas.
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Uma incógnita saber-se, em que modos, chegava pela manhã ao seu gabinete... Dependia dos copitos que no dia anterior tivesse bebido, cujo o cheiro, por vezes exalado pela boca era semelhante a de alambique de destilar “bagaço”.
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Pregava, praticamente, todos os dias comigo e com o pessoal, contratado, localmente por dá cá aquela palha.
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Diplomata que fosse convidado para número dois do posto recusava-se e chegaram três, alternamente, em comissão de serviço de seis meses.
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Com a pequena comunidade portuguesa não houve relacionamento salutar e nunca mais chegava o dia de partir definitivamente do posto para meu alívio e dos contratados.
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Depois de tanto e mais martírios, em sete anos, o meu salário proposto por ele às Necessidades de 500 dólares, quando partiu estava em 570 dólares.
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Uns dias antes de dizer o adeus à diplomacia, enchi-me de coragem pedi licença para entrar no seu gabinete de trabalho e digo-lhe: “Senhor embaixador eu servi-o por 7 anos e vai-se embora e não vai fazer nada por mim?”
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Bem ele sabia que eu desejava que me propusesse a vice-cônsul, vago havia quatro anos e a minha licenciatura com a 4ª classse da primária chegava,melhorando assim o meu o salário.
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Respondeu: “Ó Martins o senhor não tem habilitações!” Digo-lhe: “Senhor embaixador o Fernão Mendes Pinto também não tinha habilitações nenhumas e foi o primeiro embaixador de Portugal no Japão...!!!
Retorquiu: Oh Martins isso foi noutros tempos!
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Entendi então: “Mudam-se os tempos e com ele as vontades” Razão tinha o Camões quando escreveu o soneto.
Saudações de Banguecoque
José Martins
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P.S. – Nada tenho contra os diplomatas, boa gente, porque no meio do pântano também nascem e brotam flores.
Curioso post e delicado comentário da "nossa" Isabel.
Estas "petites histoires" deliciosas do Senhor desta casa têm-me feito um bem imenso. Afinal, as carreiras profissionais não são assim tão diferentes. Às vezes, chego mesmo a pensar que, em todas elas, há uns topos muito semelhantes!
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