quinta-feira, dezembro 23, 2010

E agora, José?

Os novos embaixadores tomam assento no banco traseiro daquele que, por alguns anos, vai ser o seu carro oficial, na capital a cujo aeroporto acabam de chegar. 

Minutos volvidos, do banco de trás, a embaixatriz inquire do seu novo motorista:

- Desculpe. Não fixei o seu nome. Como disse que se chamava?

- Mário, senhora embaixatriz, responde o homem.

Segue-se um silêncio, após o que a embaixatriz retorque:

- Ó Mário, dado que o meu marido também se chama Mário, e para evitar confusões, vou passar a tratá-lo por outro nome. Pode ser José?.

- Pode, senhora embaixatriz, diz o motorista, entre o tímido e o assarapantado.

E assim foi, durante mais de quatro anos. Quando, finalmente, chegou o dia em que aqueles embaixadores partiram definitivamente do posto, durante o regresso à cidade, o "José" voltou-se para o diplomata que com ele viajava no carro e perguntou:

- O senhor doutor acha que eu, agora, já posso voltar a ser tratado por Mário?

14 comentários:

Anónimo disse...

Ah! Que bom, ter que prescindir da identidade do nome próprio em detrimento do do Sr. Embaixador...

Bem obviamente que foi por uma causa justa...Ninguém duvida, só na minha opinião subiu à Senhora Embaixatriz algo à cabeça nomeadamente um sintoma de iliteracia que é revelador da ausência de um conhecimento elementar da comunicação interpessoal...

"Restringir o direito de ser tratado pelo Seu nome"...

Pouco "Prosmeira" a Sra...
Isabel Seixas

Cunha Ribeiro disse...

Por aqui se vê a importância que tem o nome.
Que se confundam as pessoas, vá que não vá... Agora os nomes...esses, é que não pode ser.

Um Santo Natal para o Distinto autor deste Blog e família.

Alcipe disse...

Parece-me que reconheço esses embaixadores...

José Martins disse...

Senhor Embaixador,
Eu também me chamo José e por algumas vezes servi de motorista ao chefe de missão e sua mulher.
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Se o transporte era protocolar o embaixador sentava-se no banco de trás. No regresso sentava-se, no Mercedes, ao meu lado pois o santo embaixador (era mesmo isso) não me queria humilhar.
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Porém um dia fui encarregado ir ao aerporto buscar um número dois ( a sua 1ª comissão no estrangeiro), mais sua esposa.
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Colocadas as malas na bagageira, abri a porta à esposa para se sentar no banco traseiro, entretanto o novo adido abriu a outra porta e sentou-se ao lado da esposa...
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Não gostei da atitude e digo-lhe:"senhor doutor faça o favor de sentar no banco da frente".
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E, claro, cumpriu a minha ordem pois a servir de motorista, mesmo sem boné, não o transportaria....
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Boa consoada e muitas peças bonitas para o 2011.
Saudações de Banguecoque
~José Martins

César Ramos disse...

Senhor Embaixador,

Por momentos, pensei que ia ficar a saber onde nasceu o anúncio do "Ferrero Rocher" (...)

Desejo-lhe... um Santo [agora dizem mágico!]e Feliz NATAL.

Cumprimentos
César Ramos

Anónimo disse...

Realmente! Isto há uma ! Fosse eu o motorista !
P.Rufino

Anónimo disse...

E agora , Mário!!!!...

Certifique-se que não tem qualquer dependência funcional da "Embaixatriz"(A propósito qual é a habilitação exigida, votos de casamento?)e ofereça-lhe o livro de Eduardo Marçal Grilo

Se Não Estudas Estás Tramado...

Ah! Não gaste dinheiro, só essa faltava, mande-lho à cobrança.

Isabel Seixas

Unknown disse...

Um primo meu que foi diplomata contava-me que um certo embaixador tinha um cão de estimação que se chamava "Baltazar" e nunca o largava dentro da Residência. Um dia recebeu para jantar um governante chamado Baltazar e nem por isso se inibiu de continuar a chamar o cãozinho pelo nome de batismo...

patricio branco disse...

O mário aceitou, sabia que continuaria sendo o mesmo, pois "que há num simples nome? O que chamamos rosa, sob outro nome, terá sempre o mesmo perfume."
A história contada no blogue, verdadeira, acredito, não nos diz porem como o embaixador chamava ao motorista mário. Vendo-se que quem ali claramente mandava era a embaixatriz, admito que ele tambem lhe chamasse josé.

(shakespeare: "What's in a name? that which we call a rose/By any other name would smell as sweet.")

patricio branco disse...

magnífica, a fotografia que ilustra a entrada.

Bom Natal.

Helena Sacadura Cabral disse...

Se a Senhora Embaixatriz tratasse o motorista por Senhor Mário, já não haveria confusão possível...
Falta algum chá nas bebidas originais de certas damas. E, também, alguma educação. Adquirida, claro!

Julia Macias-Valet disse...

: ))))

Optima idéia...vou ja propor à minha mae se nao se quer passar a chamar Maria !? Mas como é que eu nunca me tinha lembrado disto ??? Tanta correspondência trocada, tantos oh Julia ?...Nao. A tua mae. Tantos Julinha (do lado de ca da fronteira) e Julita (do lado de la).
OBRIGADA !

Francisco, a minha prima Cristina também tinha um cao que se chamava Baltasar mas quando descobriu que o vizinho do lado tinha o mesmo nome, passou a chamar o cao BALTA : )

Anónimo disse...

E a Senhora Embaixatriz não se ter lembrado de Ambrósio, teve o motorista muita sorte!

Isabel BP

Julia Macias-Valet disse...

Ja agora !
E o senhor motorista também tinha o mesmo apelido que o casal de embaixadores ? : ))
Afinal senhor Morais, Azevedo, etc também nao é desagradavél ; )

PS A minha mae têm o mesmo apelido que eu...e nao aceitou a proposta de Maria... nem "do O" (o seu segundo nome proprio) : (

Poder é isto...

Na 4ª feira, em "A Arte da Guerra", o podcast semanal que desde há quatro anos faço no Jornal Económico com o jornalista António F...