quarta-feira, março 31, 2010

Augusto Maria de Saa

Foi já há cinco anos, contados dias por dia, mas parece que foi ontem. Uma emissão simultânea do programa Ritornello, da RDP2, com a Rádio Cultura, de Brasília, levou ao mundo um conjunto de testemunhos sobre essa figura ímpar da cultura luso-brasileira que deu pelo nome de Augusto Maria de Saa. 

Mobilizada a emissão pelo (afinal não confirmado) boato de que a Pléiade, da Gallimard, se preparava para editar, em papel bíblia, as obras completas de Saa, quando nem Portugal nem o Brasil haviam tido esse cuidado, na Lello ou na Aguilar, várias personalidades escalpelizaram então aspetos da personalidade desse prolífico escritor, de quem foram lidos poemas, recordados episódios e de cujos descendentes, na Rondônia, foram colhidas tocantes memórias.

A Augusto Maria de Saa, cuja morte trágica no cenário do regicídio de 1908 é desconhecida para muitos, é atribuída uma das melhores definições do destino luso-brasileiro: "Brasil e Portugal acabam por ser um verdadeiro enigma da geometria. Trilhando historicamente dois caminhos paralelos, esses caminhos acabam regularmente por se cruzar".

Torna-se muito difícil, no espaço modesto de um post, dizer algo que, ainda que remotamente, possa sintetizar a importância da obra que ocupa o labor do prestigiado Centro de Estudos Saaianos, em Taguatinga, hoje sob a douta direção do professor Romário Ibarapuera. Por isso, permito-me encaminhar os leitores interessados para um breve blogue, criado à época, onde poderão colher outros dados complementares: Memória de Saa.

Ah! convém que se diga: a emissão foi no 1º de Abril de 2005.

16 comentários:

ARD disse...

Senhor Embaixador,

As duas pátrias de Saa, a original e a adoptiva, foram-lhe madastras, ao deixarem, por tanto tempo, no esquecimento essa figura ímpar da luso~brasilidade.
Bem haja por trazê-lo, de novo, ao convívio da mossa cultura.
Fico ao seu dispor para, a seu lado, procurar, na medida das minhas modestas possibilidades, fazer a divulgação do¨"Vitor Hugo de Rondónia".

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Gil: e reconfortante ver, como transparece das palavras de Vossa Excelencia, que ha Portugueses que nao esquecem as nossas grandes figuras.

Bernardo Ivo Cruz disse...

Embora ciente, pela sua mão amiga, da vida, obra e morte do nosso Saa, não tinha tido o gosto de ver uma fotografia desse maior das nossas letras. Nada como juntar uma imagem às suas palavras imortais.

Anónimo disse...

O gesto de Augusto Maria de Saa de se pôr em frente ao Buíça no momento do Regicídio mostrou a sua fé na Monarquia ou confirmou a sua incorrigível distracção?

alcipe

Anónimo disse...

Nunca foi devidamente estudada e divulgada a memoria que Saa publicou sobre "Os Esquecimentos de Mnemosine" que alguns invejosos e perfidos autores anglo-saxonicos insinuam ser muito inluenciada (há quem mesmo se atreva falar em plagio) pelas suas lembranças do úbere "Not forgetting Mnemosyne" do inolvidavel Mestre Crabtree.

Vizinho (ex-m)

Anónimo disse...

Quem, como eu, teve o privilégio de conviver com uma das suas netas, jamais poderá esquecer os relatos das vivências de Saa.
Terá morrido nesse fatídico dia? Para alguns, talvez. Para nós, que divulgamos a sua obra e cultivamos a sua memória, não. Apenas a memória e a obra nos perpetuam.
Como bem diz Lídia Jorge “A morte não é morrer, a morte é sair da memória.”
Por isso, Augusto Maria de Saa vive.

JR

Francisco Seixas da Costa disse...

O Saanismo esta vivo! E o minimo que se pode concluir das estimulantes reacoes dos nossos leitores mais conhecedores da memoria do grande autor.
Fico muito grato ao Vizinho pela mencao da questao do "plagio" atraves do qual vozes insidiosas procuram colocar em conflito Saa com essa tambem importante figura que foi Crabtree. Sobre o assunto, dizem-me que Jean-Baptiste Botul, filosofo recentemente credibilizado por Bernard-Henry Levy, tem doutrina recomendavel. A seu tempo abordaremos o tema.

Anónimo disse...

Também já concebi por inerência uma tese para as iniciais do nome do "Senhor" Augúrio Mentira, de semear águas Abril...

Então o Sr. da fotografia , Bem parecido e afeiçoado tem olhar cruzado que corresponde a estrabismo, que aliás devia ser tratado em criança(revelando alguma desatenção ou falta de sensibilidade dos pais),embora lhe permita um olhar só por si indecifrável enigmático também presente nos seus escrito etéreos...

Talvez me possa facultar um poema, insondável só para captar o estilo.
Isabel Seixas

Anónimo disse...

Caro Embaixador,
lamento que evoque o grande e tão esquecido Augusto Maria de Saa só em duas vertentes atlânticas, esquecendo outro vector que torna triangular o seu destino: o seu filho, Aurélio de Saa, foi para Luanda, pela década de 1880. O meu pai ainda o conheceu, e foi amigo de um dos seus filho, Tomás. Aurélio casara com um senhora mulata, filha de um soba do Dombe. Ao contrário da maioria da comunidade branca, Aurélio de Saa integrou-se na sociedade tradicional luandense e chegou a ver o seu nome referido em letras de rebitas. Lembro-me também que nas conversas de meu pai com Tomás, o nome do patriarca era evocado porque Aurélio e o seu pai mantiveram correspondência intensa. E, por razões que não interessam agora, até tenho algumas das cartas vindas do Brasil e fotografias de Aurélio de Saa (preciso é de as encontrar). Nota final, um bisneto do patriarca combateu nas guerrilhas do MPLA e, hoje, tem uma empresa de helicópteros que faz o levantamento geológico por Angola fora. Naturalmente, está rico. Enfim, era só para dizer que as linhas paralelas, Portugal e Brasil, referidas na célebre frase de Augusto Maria de Saa, fazem, afinal, um triângulo.
Ferreira Fernandes

Guilherme Sanches disse...

Sr Embaixador
Há quem seja incapaz de conviver com o sucesso alheio, e vá rebuscar no sótão das mesquinhices, argumentos tendentes a denegrir quem conseguiu, por mérito próprio, ascender ao pódio da mais que merecida reputação.
Há uns tempos, num serão de séria reflexão sobre a obra de Augusto Maria da Saa , um pseudo-intelectual destas paragens, questionou a veracidade de alguns factos, pondo mesmo em causa a própria data de nascimento desta ilustre figura, dizendo que 1854 nem sequer foi ano bissexto, e portanto não poderia ter nascido no dia 29 de Fevereiro.
Pura ignorância!
Para os mais incrédulos, e dando um modesto contributo para o cabal esclarecimento deste facto, aqui fica a explicação:
Foi no ano 46 a.C. que o astrónomo alexandrino Sosígenes (consultado por Júlio Cesar para a conceção do Calendário Juliano) calculou que a translação da terra é feita em 365 dias, 6 horas, 2 minutos e 19,8058 segundos. As seis horas excedentes dos 365 dias são desde essa data acertadas no calendário de 4 em 4 anos, acrescentando-se um dia ao mês de Fevereiro, que passa a ter 29 dias, em anos a que se chamam bissextos.
O tempo restante é acumulado até perfazer um dia completo, ou seja, até perfazer 86400 segundos.
Se fizerem as contas, verão que isso acontece ao fim de 618 anos, usando-se a mesma forma de acerto de calendário, ou seja, acrescentando um dia ao mês de Fevereiro. Esta decisão foi tomada pela comunidade científica, tendo decidido também que o início da contagem coincidisse com contagem do calendário da era Cristã. É por isso que este acerto de calendário ocorreu no ano 618, também foi assim em 1236, será assim em 2472... e foi assim em 1854.
Fica esclarecido, embora pareça estranho, que o dia 29 de Fevereiro de 1854, em que esta incontornável e prestigiante figura do intelecto luso nasceu, foi um dia que existiu mesmo, desfazendo-se assim as dúvidas que faziam por vezes estremecer até as certezas dos próprios estudiosos da sua magnífica obra.
E só a título de curiosidade, por via deste acerto, o mês de Fevereiro de 1236, que já era bissexto, teve mesmo 30 dias, assim voltando a acontecer em 2472.
E se alguém tiver dúvidas, é só esperar para ver.
Parabéns e obrigado, Sr Embaixador, pela dinamização intelectual que tem feito em torno desta erudita figura. Que os ânimos lhe não esmoreçam.

Anónimo disse...

Ninguém é capaz de enfrentar a terrível verdade? Augusto Maria de Saa foi um regicida!

Carbonário Anónimo

Anónimo disse...

Eu sou, caro Carbonário, até estou em crer que foi autoregicida congeminando a sua própria morte, pagando a um atirador furtivo para numa original técnica de marketing operacionalizar o Seu suicídio visando a apoteose póstuma, criando sobre Si uma floresta amazónica de conjecturas curiosas e sadomasoquismos que punem e culpabilizam quem não teve a hombridade de o reconhecer em vida...
Bem feita...
Isabel Seixas

Anónimo disse...

Olha, olha, agora até fazem propaganda aqui dos regicidas! Este blog exala um fedor republicano que repugna até no Oriente...

Marquês de Anjuna e Calangute

Anónimo disse...

Ele há fedores que configuram os aromas aos que querem Ser, sim mas ... é que é mais difícil ser protagonista nas maiorias...

Então seria injusto não reconhecer a capacidade de discurso fluente do nosso PM que perante as investidas mobiliza o Seu sistema límbico e no fervilhar dos seus neurónios cada um como mecânico de fórmula 1 à velocidade da luz coloca um argumento válido capaz de prosseguir a batalha naval...

Para mim na reconfiguração do cenário de Reis e Rainhas adorava vê-lo com uma gravata verde água e a sua figura simbolizada não rei, apenas um grande líder numa clave de Sol...

Hum... Que aroma...
O das grandes oposições
O dos grandes apoios

Todos a erigir os sólidos alicerces da relevância...

A nutrir uma guerra quente de palavras inócuas em riste...
Placebos neutralizadores dos venha a Mim o Vosso Reino.

Viva o Reinado da Democracia

Isabel Seixas

Alcipe disse...

Aviso: Anda na revista "Sábado" um impostor usando o nome sublimado de Augusto Maria de Saa ... para a tarefa medíocre de comer em restaurantes e vir apreciá-los depois!

Ora comer é um acto pessoal e intransmissível, e saborear uma experiência subjectiva incomunicável, pelo que a ideia de uma crítica de gastronomia (ou de arte, de música ou de literatura) é um contra-senso, como Augusto Maria de Saa bem demonstrou na sua genial "Teoria Pura das Sensações", que Rilke mais tarde plagiou sem vergonha...

Haja pudor, estimado Senhor! Comer e calar... Ou melhor, comer é calar (não se fala de boca cheia).

Alcipe disse...

Prova do plágio de Augusto Maria de Saa por Rainer Maria Rilke:

"Uma fejoada com papas de sarrabulho é uma obra criada na solidão absoluta de uma cozinha; nada menos apropriado para falar desta experiência do que a crítica" ("Teoria da Sensação", cap 59).

Rilke substitui a feijoada real por uma vaga ideia generalizante ("a obra de arte"), omite a cozinha e transcreve a frase tal e qual nas "Cartas a um Poeta"!

À atenção do candidato Manuel Alegre!

Poder é isto...

Na 4ª feira, em "A Arte da Guerra", o podcast semanal que desde há quatro anos faço no Jornal Económico com o jornalista António F...