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sábado, junho 05, 2010

O Português

Em Grenoble e em Lyon concluiu-se nos últimos dois dias, um périplo que o embaixador português em França  tem vindo a fazer por todas as Secções Internacionais Portuguesas em liceus franceses, onde se ensina a língua, a cultura, a história e a geografia. Trata-se de núcleos existentes (infelizmente apenas) em algumas instituições de ensino secundário francês, que contam com a colaboração do nosso Instituto Camões e com o empenhamento dos Reitores das respetivas academias.

No diálogo estabelecido com os responsáveis dessas instituições, ficou-me patente a preocupação oficial francesa em garantir um tratamento à diversidade linguística e cultural existente neste país - pelo que, ao lado do português, encontramos o árabe, o espanhol, o italiano, o alemão, etc. Com toda a simpatia que a excelente cultura anglo-saxónica nos deve merecer, creio ser evidente o interesse, comummente partilhado por Portugal e pela França, de apostar no aprofundamento da diversidade linguística à escala europeia e global, de modo a que o inglês se não converta no "template" único, dominante de forma esmagadora na formação das novas gerações.

No simpático acolhimento que um grupo de estudantes fez, em Grenoble, ao embaixador português, teve lugar uma "viagem" pela memória dos descobrimentos, da música e literatura, para além de uma forte atenção às questões ambientais (onde o embaixador português falhou, com garbo, a dois testes a que foi sujeito...). Interessante lição  foi dada pela ligação entre o património das descobertas e o que daí resultou para o mundo, no tocante à medicina, à botânica, às artes e ao olhar moderno sobre si próprio.

Em Lyon, a poesia portuguesa esteve no centro da cuidada apresentação feita pelos alunos, com uma diversidade de escolha muito interessante de poetas. Aproveitei para assinalar que alguns dos autores escolhidos, como Ruy Cinnati e Reinaldo Ferreira, eram, eles próprios tributários de "viagens" de vida que haviam feito, no caso, respetivamente, por Timor e Moçambique. Também assisti - e colaborei brevemente - numa análise ao papel de Portugal no mundo contemporâneo, com os impactos da adesão à União Europeia em debate.

Ao encontrar, em todas as Secções Internacionais Portuguesas que tenho visitado, alunos de origens diversas - da Guiné ao Brasil, de Angola a Cabo Verde - cada vez mais me convenço de que é muito importante começar a trabalhar numa perspetiva lusófona alargada, aliando os autores de língua portuguesa de diversas origens, que reflitam as várias culturas que nela se exprimem. Qualquer "patrioteirismo" a que alguns possam ser tentados, pode ser que sossegue consciências, mas será apenas um mero adiar do futuro - repetindo, em triste registo, aquilo que, no passado, representou a "negação" lusa da realidade colonial. E, neste contexto, goste-se ou não, a utilização de uma matriz de expressão escrita tendencialmente comum - como a que decorre do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa - vai acabar por ser um instrumento indispensável a esta nova forma de olharmos um mundo que nos é comum.

Em tempo: ver aqui e aqui.

terça-feira, junho 01, 2010

Ferreira Gullar

Cheguei a uma idade em que a ignorância já se pode confessar. Até ir viver para o Brasil, desconhecia por completo a obra de Ferreira Gullar, escritor de cujo nome tinha ouvido vagamente falar, mas de quem não tinha lido uma única linha.

Foi o "londrino" Helder Macedo quem, numa noite de conversa num restaurante do Rio, me chamou a atenção para o autor de um livro com um nome bizarro, "Poema Sujo", considerando-o merecedor do prémio Camões, que nesse dia fora atribuído a um outro escritor de língua portuguesa. Por essa "dica", dias mais tarde fui à procura da sua obra e descobri uma vibrante e interessante escrita.

Para quem quiser conhecer a poesia, recomendo que comece pelos "Poemas Escolhidos". Quem pretenda inteirar-se melhor da personagem, leia o "Rabo de foguete - os anos de exílio", uma memória interessante, escrita na primeira pessoa, dos perseguidos da ditadura brasileira e dos respetivos percursos do exílio. Quem tiver curiosidade de visitar toda a sua obra, tem hoje ao dispor a imensa "Poesia completa, teatro e prosa", da Aguilar.

A Ferreira Gullar foi acaba de ser agora atribuído o prémio Camões. Parabéns pela presciência, Helder!

segunda-feira, outubro 05, 2009

Gonçalo M. Tavares

Foi um prazer passar hoje pela "Écume des Pages" (esse belo nome para livraria, que se inspira numa obra desse génio que se chamou Boris Vian) e ver na montra, com grande destaque, a página que insere o elogioso artigo que a "Livres Hebdo" dedica ao romance "Jerusalem", do prolífico escritor português Gonçalo M. Tavares.

Passo a passo, a nova literatura portuguesa vai-se afirmando em França.

sexta-feira, junho 05, 2009

Nomes

Telefonou-me, há pouco, um amigo a contar que vai abrir um bar com o nome de "O Bicho da Sede". Acho magnífico, embora eu tenha, há vários anos, a ideia de que seria um sucesso, em especial para uma clientela estrangeira nostálgica do 25 de Abril, abrir em Campo de Ourique, em Lisboa, o "Hotel Saraiva de Carvalho". Mas, vá-se lá saber porquê, ninguém pega na ideia...

sexta-feira, maio 15, 2009

Filinto Elísio

Conhecemo-nos há dois anos no Brasil, chama-se Filinto Elísio, é um poeta de Cabo Verde que Pedro Támen qualifica como "uma voz original e genuína" e acaba de publicar "Li Cores & Ad Vinhos", numa magnífica edição da portuguesa Letras Várias.

Cerca de 100 pessoas estiveram a ouvi-lo, ontem à noite, na Embaixada de Portugal em Paris, apresentado pelo professor Luis Silva. As Embaixadas de Cabo Verde e de Portugal juntaram-se para esta iniciativa, numa parceria de lusofonia que espero possa frutificar.

O pássaro da foto? É de Cabo Verde.

quarta-feira, maio 13, 2009

Desconseguir

Li ontem que um responsável de um jornal português teria afirmado que a publicação de um suplemento ia ser "descontinuada". À parte a tristeza pelo fim do caderno, nada de mais grave se passa, em matéria de correcção do português: a palavra existe. Não é bonita, lembra o anglo-saxónico "discontinued", mas está aceite pelos dicionários.

Porém, se assim é, não percebo porque não se adoptam outras fórmulas semelhantes, de que a mais elaborada será, com certeza, a que se ouve muito em Angola: "Conseguiste chegar a tempo ao banco? Desconsegui".

O outro 25

Se a manifestação dos 50 anos do 25 de Abril foi o que foi, nem quero pensar o que vai ser a enchente na Avenida da Liberdade no 25 de novem...