Lamento bastante a posição assumida por António Costa face a Viktor Orbán, “desligando” a questão dos fundos europeus do cumprimento dos valores e princípios da União. Não me revejo nessa “realpolitik” de oportunidade, que abertamente favorece o detestável e reiterado comportamento do autocrata húngaro. O argumento de que há outras áreas dos tratados europeus em que o tema melhor caberá é muito débil.
Mas quem, entre nós, nunca mostrou o menor empenho em isolar Orbán e o seu partido, no seio do Partido Popular Europeu - o grupo político onde estão o PSD e o CDS -, alinhando na oportunista tática de o “suspender” antes das últimas eleições para o Parlamento Europeu, não tem hoje a menor autoridade para criticar o primeiro-ministro por aquele infeliz gesto.
8 comentários:
Não arranje desculpas, Sr. Embaixador. Não é pelo PSD deixar de fazer isto ou aquilo que o comportamento hipócrita de António Costa fica mais branco. Afinal, quando o desespero ou o medo do futuro bate forte, Costa não é melhor do que os outros, pelo contrário, é pior. O Passos Coelho podia ser teimoso, mas nunca o vi com hipocrisias, a fazer vénias e a desfazer-se em sorrisos junto de gente pouco recomendável. Costa está a sofrer agora, mas merece!
Caro embaixador,
Discordo do seu post. Não é que Orban seja flor que cheire. Claro que não. Porém, neste momento, mais do que nunca, precisamos de aliados, onde quer que os possamos encontrar na Europa, realpolitik para tempos desesperados e, como diria Churchill, quando questionado a propósito da aliança que fez com Estaline, numa época como esta, para combater este inimigo, até com o diabo me aliaria. Na verdade, a única coisa que interessa é se poderemos de facto contar com o apoio húngaro sem perder os apoios italianos, espanhóis e gregos e por arrasto com outros países dentro da mesma órbita geográfico politica, demográfica e económica. A ver vamos.
"O Passos Coelho podia ser teimoso, mas nunca o vi com hipocrisias, a fazer vénias e a desfazer-se em sorrisos junto de gente pouco recomendável."
Eh eh eh! Ai essa memória, essa memória, anónimo das 17,31.
A gente sabe que o caríssimo, vá lá saber-se por quê, não gosta nadinha do Costa,
mas "esquecer-se" dessa maneira, que nem se recorda do alemão da cadeirinha.....
A nega redonda de Passos e Maria Luís a Ricardo Salgado, é um acto fundador da um nova ordem de fazer política.
Isto é o que custa à esquerda.
Foi Pedro Passos Coelho que disse não quando outros diziam sim.
E mais: É preciso recordar que Costa e tantos outros já criticaram Passos por ter dito não.
O Passos, agiu assim, porque estava mais que avisado e o BES, já cheirava a trampa. Se não seria de outra maneira, ou tem dúvidas? Sr. Vieira.
Tive um patrão, ex-PCP e que Deus já lá o tem, que me dizia com uma grande convicção: "Olhe F..., é sempre bom, ter uma pessoa do nosso lado, nem que seja à porta do Inferno". Foi o que Costa fez e está certo.
A decisão de deixar cair o BES e fazer uma resolução desastrosa é de Passos Coelho e de mais ninguém. O que se deveria ter feito, muito simplesmente, era fazer o que o insuspeito Vítor Bento queria, salvar o banco e assumir os prejuízos à cabeça. Como se fez com o BPN e mais tarde com o BANIF... E nada obrigaria a conservar a cáfila que governava o Banco, como é óbvio.
Achar que um desastre destes vale 'uma nova ordem de fazer política' é tomar-nos por parvos. Mais, além de um desastre foi uma cobardia, deixar um ato eminentemente político nas mãos de um (mau) Governador do Banco de Portugal. Mas para Passos Coelho, as eleições seguramente não se deveriam 'lixar'... Não foi o pior, note-se. Cristas assinou de cruz a resolução durante as férias. É a nossa Direita no seu melhor...
Quanto a quem acusa António Costa de hipocrisia e de ter tomado uma decisão 'repugnante', como Rui Tavares no Público de ontem, sugiro a quem estiver de boa fé que leia a resposta admirável do PM no Público de hoje, em que Costa explica a Tavares um facto simples: os 'frugais' adorariam uma polémica sobre o Estado de Direito na Hungria que bloqueasse as negociações e desse aos Países de Visegrado um veto colectivo sobre o programa de recuperação europeu. Esses e os anti-europeus, claro.
Sucede que Costa sabe o que é a 'ética da responsabilidade' e como bom jogador de xadrez que é, é capaz de ver mais do que uma ou duas jogadas à frente...
Senhor embaixador, só posso classificar como repugnante e reprovável a atitude do primeiro ministro, que também é reveladora de perigosidade! A questão de quem pode ou não pode criticar é absolutamente irrelevante, porque o facto fala por si!
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