quinta-feira, julho 30, 2020

A vida de cada um

Ontem, fui desafiado para um novo projeto. Era uma aposta muito interessante, estimulante, compensadora. Quem me convidou, fê-lo com genuíno empenho e simpatia. Tinha todas as condições para ser uma bela aventura. Pedi uns dias para pensar, mas acabei por responder ao final de escassas horas. E recusei, agradecendo, o que me foi proposto. Fi-lo com total convicção, sem hesitações, embora com a plena consciência de que o projeto “era a minha cara”, que me ia divertir imenso a fazê-lo e que o desenvolveria sem a menor dificuldade. Ao fim do dia, interroguei-me, intimamente: estarei eu já a desistir das coisas? A rapidez com que tomei a decisão poderia significar ter eu entrado numa espécie de “phasing out” de algumas das tarefas profissionais que, com gosto e convicção, tenho vindo a aceitar no mundo privado, desde que me reformei do serviço público? Concluí que não, embora também essas coisas tenham o seu tempo de validade e, em alguns casos, já tenha posto um ponto final em certas tarefas que vinha a desempenhar, embora outras tenham entretanto surgido, porque continuo a ter a rara sorte de poder escolher o que quero fazer. E dei comigo a pensar que também não era para evitar ser acusado de ir ter mais um “tacho”, porque esse é o lado para que durmo melhor - e, aqui entre nós, confesso que até me agrada provocar a matilha dos invejosos e dos “polícias” raivosos do sucesso dos outros. Não, a razão por que não aceitei aquilo que me era proposto foi muito simples: porque criava constrangimentos à minha vida atual, à minha liberdade temporal, aos meus dias, às minhas prioridades, ao meu lazer. A vida de cada um é de cada um. Aprendi isto com ela, com a vida.

12 comentários:

Anónimo disse...

Dúvidas?
É a P.D.I. !

AV disse...

A liberdade de poder fazer escolhas dessas não tem preço.

Anónimo disse...

Mas podia mudar de carro! Os nossos pulmões agradeciam.

Anónimo disse...

À beira da reforma, não imagino o que possa fazer, sendo que a agricultura não é o meu forte, por não ter sido habituado a essa actividade. E, como estou muito céptico com o país onde vivo, apesar da bazuca de dinheiro que aí vem, só vejo uma alternativa: ler, viajar e lutar poltica e civicamente contra o status quo e contra os políticos incompetentes (a maioria deles) que nos governam. Até ao fim.

Anónimo disse...

tenho pena que não integre o programa circulatura do quadrado.
julgo que seria um excelente elemento ao lado de Pacheco Pereira e Lobo Xavier.

Boa tarde.

Anónimo disse...

Ao lado de Pacheco Pereira ?! Ao lado de um picareta falante que gosta mais de falar e de se ouvir do que de batatas fritas? Que gasta 500 mil palavras para exprimir uma ideia que se apreseneta em 10? Eu não tinha pachorra...

Anónimo disse...

Vou lendo o teu blog, mas tenho saudades de estar convosco. Já que mesa 2 não será tão cedo o local possível, depois das vossas férias, apitem e fazemos um jantarinho num sítio fresco. Eu não saio de Lisboa. Abraços e boas férias!

São Jordão

Anónimo disse...


a nossa vida parece que continua refém de decisões polémicas
será verdade?!
https://observador.pt/opiniao/o-projecto-do-hidrogenio-um-projecto-absurdo/

Lúcio Ferro disse...

Não sei de que se tratou mas sim, o tempo de lazer, para quem pode, vale a pena.

Anónimo disse...

O Pacheco Pereira (que tem duas ou três birras particularmente irritantes - como a do AO), é uma pessoa que se move numa camada superior. Daí a sua independência, daí a embirrância que alguns têm contra ele. Um tipo que não anda atrás de tachos, que critica aqueles que lhos podem arranjar (direções do PSD), que se atreve a ir contra o discurso oficial (caso da Catalunha), que se dedica à conservação da memória num país de memória curta... É um tipo chato, para muitos.

Pedro F. Correia disse...

Só para repeti-lo!

«E dei comigo a pensar que também não era para evitar ser acusado de ir ter mais um “tacho”, porque esse é o lado para que durmo melhor - e, aqui entre nós, confesso que até me agrada provocar a matilha dos invejosos e dos “polícias” raivosos do sucesso dos outros. Não, a razão por que não aceitei aquilo que me era proposto foi muito simples: porque criava constrangimentos à minha vida atual, à minha liberdade temporal, aos meus dias, às minhas prioridades, ao meu lazer. A vida de cada um é de cada um. Aprendi isto com ela, com a vida.»

Anónimo disse...

Apoiado...

Ai Europa!

E se a Europa conseguisse deixar de ser um anão político e desse asas ao gigante económico que é?