Será que a confusão é minha?
A correspondência diplomática americana revelada pelo WikiLeaks refere-se, a certo passo, ao conhecimento dado às autoridades portuguesas, pelos seus homólogos americanos, de voos tendo como origem Guantanamo, levando a bordo detidos repatriados, sobre cujo futuro tratamento, nos países de destino, Portugal cuidou em pedir esclarecimentos, antes de dar autorização para a sua passagem por aeroportos nacionais.
O que eu não entendo é o que isso tem a ver com anteriores voos tendo como destino Guantanamo, que terão passado anos antes por Portugal, relativamente aos quais as autoridades portuguesas sempre afirmaram, sem que alguém tivesse conseguido provar o contrário, não terem sido informadas de que transportavam detidos? É que, sobre esses voos para Guantanamo, que eu saiba, não há uma única linha nos documentos do WikiLeaks.
Com tanta gente - em jornais, blogues e não só - a dar por certo de que se trata de uma e da mesma coisa, e nem sequer admitindo estar a haver má fé ou ignorância da parte de ninguém, só posso concluir que, afinal, devo ser eu quem está errado.
8 comentários:
Essa sua conclusão "...devo ser eu quem está errado" parece-me muito apressada, ou mesmo errada.
certamente não será. A má-fé aliada ao voluntarismo estúpido é que não tem limites.
João Vieira
Vejo-me forçado a discordar: não está errado, não senhor. Assim sendo, não são descartáveis as duas outras hipóteses que colocou. Ou seja: ou é ignorância ou é má-fé.
Manuel Seabra
É um caso complexo e opina-se em excesso, apesar de haver tantas contradições...
Isabel BP
Nem tudo o que os governos acordam entre si deve vir à tona. Nunca vi nenhum governo gerir um país de acordo com a opinião pública. É óbvio que houve um acordo, e é óbvio que ninguém deve saber disso.
Parece-me de elementar bom senso a observação de Vexa.
Debati-me precisamente com a mesma questao. Os relatórios do WikiLeaks referem apenas actividades em 2006, altura em que se negociava o repatriamento dos presos - chamemos-lhes - políticos de Guantanamo e nao anteriores. A ausencia de cables em relacao a voos anteriores nao confirma o desconhecimento ou o conhecimento por parte das autoridades portuguesas dos transportes aéreos efectuados, mas, para já, a conivencia do governo nao ficou, a meu ver, provada. Concordo plenamente consigo.
Eu sou defensor apaixonado da liberdade de imprensa, contudo esse hábito dos jornalistas de não darem o braço a torcer (não sei se a expressão existe por ai, pode ser que seja até portuguesa).
Quando não há outra maneira admitem um erro em fontes pequenas sem nenhum destaque. Isso é lamentável.
Abs,
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