quarta-feira, dezembro 22, 2010

Nomes

A carreira diplomática portuguesa é, de há muito, uma escola de convivência bem disposta, onde se trocam graças, "nicknames" e humor, este às vezes um pouco ácido, na maioria dos casos inóquo. É com essa ironia que se conserva um ambiente e uma "cultura" muito próprios, que alguns não entendem, que outros invejam.

Quando entrei para a carreira, ouvi histórias ligadas a dois "nomes", que nunca esqueci. Diziam respeito a colegas antigos, figuras respeitadas da nossa profissão. Só conheci pessoalmente o primeiro.

Esse primeiro era o embaixador Braga Condé, trasmontano como eu. Qual era a graça que lhe dizia respeito? Era o facto de alguns colegas, ao referirem-se-lhe, falarem do "nosso colega Draga". Porquê "Draga"? Porque era "Braga com 'dê'..."

A outra história refere-se a Carlos Lemonde de Macedo, que não julgo ter conhecido. Ao que me dizem, dado tratar-se de alguém de pendor bastante conservador, havia colegas que se lhe referiam como "Carlos Le Figaro de Macedo"...

Sem a ironia, a diplomacia tem muito menos graça!

6 comentários:

Helena Sacadura Cabral disse...

Vá lá que quanto ao último não ouviu muito... Eu ouvi mais. Alguma "vantagem" há-de ter a idade!

Anónimo disse...

O Condé, que cheguei a conhecer,era um apreciador do "belo sexo"! Um grande ponto!
Rilvas

Anónimo disse...

Resta saber se "chamar nomes" com diplomacia permite a cada um achar graça ao seu batismo de graça...

Dependerá do fair play, e do nome da graça além da graça do nome...

Ser agraciado pela ironia é despertar...Graça claro.

E ser duplamente reconhecido...Presumo
Isabel Seixas

Anónimo disse...

Estas coisas tiveram a sua época e a sua graça; oxalá hoje assim fosse. Sei algumas: o meu tio Dr. Afonso Henriques Antunes, director de ??? do MNE, depois de ter sido secretário de um tal António de Oliveira Baltazar ou algo assim, contava umas, mas poucas. Noblesse oblige

Caríssimo Francisco

O Natal está ali mesmo, ao virar da esquina, já se vêem os pastorinhos a caminho de Belém, mais ao longe em seus camelos, Baltazar, Gaspar e Melchior, já cheira a fritos, já está de molho o bacalhau. E Maria, de acordo com as Escrituras, está prestes a dar à luz.

Assim desejo-lhe as Boas Festas, em meu nome pessoal e no da Minha Travessa do Ferreira.

patricio branco disse...

procurando por internet vejo que carlos lemonde de macedo,era diplomata, dramaturgo e poeta, tendo escrito e representado peças de teatro.
Do outro, condé, só vejo que tem uma rua em vila real com o seu nome.
Confesso a minha ignorancia mas não percebi o da "draga", só a do figaro. Mas não peço explicações.
De qualquer modo os dois tinham sem duvida nomes sonantes, franceses, diria mesmo que elegantes, especialmente o lemonde.
Esta dos apelidos tem o seu quê e tanto pode significar carinho e simpatia como uma forma de ridicularizar. Enfim, são as caricaturas verbais.

Gil disse...

Dizia-se que se apresentava como
Eduardo Condé, o que ,por vezes, proprcionava a resposta "eu sei que Eduardo é com D"...
Mas a outra variante tem mais graça.
Também se contava que, depois de algum tempo à espera de ser recebido pelo Ministro, abandonou a antecâmar, informando a Secretária que"para ser recebido por uma Senhora espero 15 minutos; por um Chefe de Estado, espero 10 mas por um Ministro só 5 minutos".

Poder é isto...

Na 4ª feira, em "A Arte da Guerra", o podcast semanal que desde há quatro anos faço no Jornal Económico com o jornalista António F...