Se houvesse um mínimo de memória pública, as inundações que hoje afetaram, de forma quase dramática, a Baixa de Lisboa, deveriam levar-nos a recordar a figura do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles.
Aquele que foi o pioneiro da consciência ambiental em Portugal, e a quem ainda não foi prestada a grande homenagem nacional que também por isso lhe é devida, alertou, em devido tempo e de forma enfática, para as consequências que o tipo de construção que então se promovia na Avenida da Liberdade, em Lisboa, iriam ter em termos de limitação do escoamento subterrâneo das águas, quer em caso de intempéries quer no tocante à necessidade de contínua humidificação da estacaria em que assenta a Baixa pombalina. O arquiteto Ribeiro Telles não foi ouvido, as obras continuaram a fazer-se da mesma forma e o resultado aí está, à vista de todos. Sem culpados, claro. Era o que faltava!
10 comentários:
Na mouche!!
E se agora o Sr. engº Ribeiro Telles dissesse: "Vêem! eu bem avisei!", tinha logo resposta de meia dúzia com ar de querubins: "Ó homem, se tinha tanta certeza assim, insitia!!!".
... como sempre, por cá, a culpa há-de morrer sempre solteira! É já uma infeliz 'tradição'!
Cumpts.
César Ramos
Em Portugal existe o hábito de viver o momento entre a lei do improviso.
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As cheias e os terramotos são para outros países e não para o nosso.
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É este o pensamento, comum, dos que está no alto da hierquia.
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Ainda não fez um ano da tragédia da Madeira
Ouvem-se mais depressa os canalhas que quem tem ideias e moral social
O seu "tiro", Senhor Embaixador é sempre certeiro. Por isso o admiro tanto!
E isto de ter idade, já me permite fazer este tipo de declarações com conhecimento de causa!
A chuva que ocorreu foi verdadeiramente excepcional, 34,7 mm de precipitação em meia-hora (http://www.meteo.pt/pt/media/noticias/newsdetail.html?f=/pt/media/noticias/textos/Mau_tempo_29_out_2010.html) é completamente fora do comum. Embora o Arqº Ribeiro Telles dê muitos bons conselhos, este foi um caso verdadeiramente extremo. Aqui poderá encontrar um conjunto de dados que mostra a excepcionalidade do fenómeno: (http://www.google.pt/url?sa=t&source=web&cd=2&ved=0CBoQFjAB&url=http%3A%2F%2Fwww.ceg.ul.pt%2Ffinisterra%2Fnumeros%2F2002-74%2F74_02.pdf&rct=j&q=precipita%E7%E3o%20nas%20cheias%20de%201969&ei=EA3LTO7_A8jGswayxrmnAQ&usg=AFQjCNFZZcR_JBlC-twskOjs5_1by69y2Q&cad=rja)
Subscrevo inteiramente o seu Post! Até pela consideração que sempre me mereceu o Arquitecto Ribeiro Telles.
P.Rufino
Caríssimo Senhor Embaixador Francisco Seixas da Costa,
Gonçalo Ribeiro Telles além de um grande arquitecto-paisagista de reconhecido mérito foi também uma consciência ambiental que anteviu o futuro, como nos diz.
Na verdade, as suas propostas mais conhecidas apareceram como Presidente do PPM, na altura da Aliança Democrática, mas desde essa época teve um papel crucial alertando para a necessidade de tornar Lisboa uma cidade sustentável que através de questões estratégicas garantissem a qualidade de vida dos Lisboetas. Com efeito, está por fazer essa merecida homenagem a esse impoluto cidadão de excepcional craveira e consciência Ética e Ecológica.
Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt
Aposto como o senhor arquitecto não fica nada contente por se verificarem desta forma os seus vaticínios.
Uma desgraceira, mesmo sendo uma precipitação extraordinária, é óbvio que há planeamento muito mal feito...
Pobres vítimas!
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