sábado, outubro 09, 2010

Direitos do homem

O que mais me impressiona na reação chinesa à atribuição do prémio Nobel da Paz a um seu dissidente interno é aquilo que pode ser lido como uma "overreaction" de uma das maiores potências mundiais. As autoridades chinesas não podem desconhecer que, ao reagir como o fizeram, não estão minimamente a mobilizar parceiros que partilhem a sua indignação, estão simplesmente a magnificar o facto e a dar-lhe um relevo que, objetivamente, não serve os seus interesses. O que nos deve levar a uma outra constatação: a de que essas autoridades não estão a agir por calculismo e que, verdadeiramente, acreditam na legitimidade intrínseca das medidas repressivas que aplicaram àquele cidadão. A assim ser, como tudo parece indicar, há que concluir, sem hesitações, que a "emergida" e cada vez mais importante China vive, definitivamente, num outro mundo de valores e que a tese da universalidade dos Direitos Humanos, bem como da convergência a prazo de todas as sociedades para esses mesmos padrões, é apenas um grande mito, de que todos temos que ter plena consciência.

5 comentários:

Nuno Sotto Mayor Ferrao disse...

Caríssimo Embaixador Francisco Seixas da Costa,

É pertinente este Prémio Nobel da Paz a este dissidente chinês, porque o regime deste país é nefasto do ponto de vista interno pelo desrespeito pelas liberdades e direitos dos chineses e externamente porque adultera uma competitividade transparente e justa no Comércio internacional. Por isso, esta pequena forma de pressão da Academia Sueca de Ciências sobre o regime Chinês é legítima e o esforço de Liu Xiaobo é meritório.

A reacção da China é à luz dos valores democráticos incompreensível! Portanto, a pertinente questão que o Embaixador Francisco Seixas da Costa nos coloca é fundamental para o evoluir das relações internacionais, porque se a China não aceita a noção de Direitos Humanos só há dois caminhos: a Globalização continua desregulada com desequilíbrios cada vez maiores ou o mundo dá uns passos atrás por ter querido caminhar demasiado rapidamente sem se precaver suficientemente.

A posição da China de recusa em aceitar os Direitos Humanos dentro desta Globalização colocará em causa a possibilidade de se construir uma Globalização regulada e sustentável que se molde numa matriz Humanista como nos defendem com razão Vitorino Magalhães Godinho e Mário Soares.

A comunidade internacional ficará numa situação de impasse incontornável ou regressará às políticas nacionalistas de má memória...

Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

Helena Oneto disse...

As autoridades Chinesas estão-se absolutamente “nas tintas” para o que os outros pensam. Elas podem dar-se esse luxo e muitos mais... O que me impressiona é “que essas autoridades não estão a agir por calculismo e que, verdadeiramente, acreditam na legitimidade intrínseca das medidas repressivas que aplicaram àquele cidadão” e a outros milhões de chineses.

Anónimo disse...

Direitos do homem

A Todos...
Respeito
Deve Valer tudo até no nada
Menos ferir a sensibilidade
Na maior Heresia inibir Liberdade

Fernando Frazão disse...

Estive o mês passado em Pequim como turista.
Eu sou o tipo de turista que parte sem nenhuma organização prévia para qualquer lugar, o que me dá uma liberdade de acção grande e também, por vezes, alguns dissabores.
A cidade surprendeu-me pela positiva pela sua modernidade e abertura. É uma sensação que é dificil de transmitir porque se sente. Não há limitações de deslocação, os divertimentos são aquilo aquilo que se encontra em qualquer cidade da Europa, os chineses demonstram à vontade no dia a dia e respira-se dinheiro por todo lado.
É por isso surprendente este "over reacting" das autoridades chinesas.
Nunca como agora percebo o slogan "um regime comunista uma economia liberal".
Até quando durará a contradiçao?

jj.amarante disse...

Análise interessante que me parece certeira. Felizmente que aqui se usa pouco a expressão "é incompreensível".

Nova Iorque, sempre

Desembarquei pela primeira vez em Nova Iorque em dezembro de 1972. Recordo uma cidade gélida, ventosa, com um sol sem calor. Mas tudo tinha ...