Para o ano, se estiver vivinha da costa e não houver mais que um PEC VI, hei-de lá estar. Possivelmente, a crédito... Mas dizem-me que a de Londres é melhor.
... E mais um Nobel para a América Latina de língua castelhana, nas minhas contas já lá vão 5 (2 chilenos, 1 colombiano, 1 mexicano, e agora 1 hispano-peruano). E já que se fala em equilíbrio, há um notório desiquilíbrio, em relação aos 190 milhões de falantes brasileiros do português, que ainda não "produziram" nenhum nobel... Porque será? Na minha modesta opinião, que não sou crítico literário, tal deve-se mais a uma certa falta de credibilidade intelectual do Brasil (tido por ser mais apto em carnavais, futebóis e outras actividades que tais), do que a total ausência de merecimento nas Letras, circunstância que o desfavorece - e com ele, ao prestígio da língua de Camões -, e que só o tempo e a crescente importância geopolítica do país-irmão poderão vir um dia a alterar. Seria interessante ouvir a opinião do antigo embaixador de Portugal em Brasília sobre esta assimetria nobeliana, já que, como "tudo está ligado a tudo", não será ela totalmente indiferente aos desideratos da política externa nacional, que tem na afirmação da língua-pátria um dos seus vectores mais consensuais. Cordiais cumprimentos,
Ainda bem. Ainda nos arriscávamos a tê-lo na companhia de Proust, James Joyce, Nabokov, Kafka, Jorge Luis Borges,Tolstói, Zola,Ibsen e Paul Valéry, tudo gente que safou.
Caro Costa Santos: quando falei em "equilíbrio" estava a referir-me às ideologias. A nomeação de Vargas Llosa, em si mesma justíssima, é, na minha opinião, uma má notícia para o Brasil. Com efeito, na lógica "distributiva" vulgarmente marca o Nobel literário, vejo com alguma dificuldade que um escritor brasileiro venha, nos próximos anos, a ser premiado, num tempo próximo ao de um escritor latino-americano, ainda que de língua espanhola. Mas espero estar enganado.
Sugiro quase tudo (do que li) mas especialmente "La fiesta del chivo" retrato implacável da suja ditadura de rafael trujillo na republica dominicana, em tempos que já lá vão. Recomendo menos "Conversas na Catedral" e "A cidade e os cães". Tambem recomendo "Lituma nos Andes". Mas o meu preferido é "A festa". Minha mulher acabou precisamente ontem de ler "La tia julia y el escribidor" e diz me que gostou.
bem, a america latina é constituida por mais de 20 países de lingua espanhola, creio. Houve tambem o da guatemala, asturias. Mas justifica se plenamente 1 no Brasil. aos de lingua espanhola há que somar ainda os 4 ou 5 de espanha que receberam o nobel. A desproporção fica mais evidente.
E, ao falarmos de língua portuguesa, convém não esquecer África tão pouco conhecida literariamente entre nós. Assim, a dimensão da língua mãe torna-se mais evidente. Oportuno comentário de Costa Santos. Achei o comentário de Gil saborosíssimo. "A tia Julia e el escribidor" será um bom começo. Mas, sabem, eu gosto mais de Gabriel Garcia Marquez. Tenho uma certa tendência para a oposição...
G g marquez insere se na corrente do realismo fantastico ou maravilhoso (ver o conto sobre o velho com asas), enquanto que vargas llosa não se inclui nela. Assim, m v l é um escritor mais engajado politicamente na sua escrita que g g m (e tambem nas suas intervenções publicas ou jornalisticas e na sua candidatura à presidencia do perú). A diferença está talvez em que g g m é amigo pessoal de fidel castro, de quem, aliás, já não fala nas suas crónicas (que há anos não as escreve). Mas nunca elogiou o regime de hugo chavez, p.ex. O nobel foi assim má notícia para cuba e venezuela. Como o premio é sempre uma surpresa (quem pensaria em dario fo? e noutros)o brasil tem certamente serias possibilidades nos proximos 5 a 10 anos.
11 comentários:
Para o ano, se estiver vivinha da costa e não houver mais que um PEC VI, hei-de lá estar. Possivelmente, a crédito...
Mas dizem-me que a de Londres é melhor.
Que vergonha! Nem um livrinho dele - Llosa - na minha estante...
Alguém me sugere a melhor fatia do "bolo" deste escritor?
Uma espécie de "Cidade e as Serras", Ou "Livro do Desassossego"?
Cunha Ribeiro
Equilibrado para escritor é... pouco aliciante.
Isabel seixas
"e Vargas Llosa lá ganhou o Nobel da literatura". Que excelente exercício de semiótica não daria este excerto...
... E mais um Nobel para a América Latina de língua castelhana, nas minhas contas já lá vão 5 (2 chilenos, 1 colombiano, 1 mexicano, e agora 1 hispano-peruano). E já que se fala em equilíbrio, há um notório desiquilíbrio, em relação aos 190 milhões de falantes brasileiros do português, que ainda não "produziram" nenhum nobel... Porque será? Na minha modesta opinião, que não sou crítico literário, tal deve-se mais a uma certa falta de credibilidade intelectual do Brasil (tido por ser mais apto em carnavais, futebóis e outras actividades que tais), do que a total ausência de merecimento nas Letras, circunstância que o desfavorece - e com ele, ao prestígio da língua de Camões -, e que só o tempo e a crescente importância geopolítica do país-irmão poderão vir um dia a alterar.
Seria interessante ouvir a opinião do antigo embaixador de Portugal em Brasília sobre esta assimetria nobeliana, já que, como "tudo está ligado a tudo", não será ela totalmente indiferente aos desideratos da política externa nacional, que tem na afirmação da língua-pátria um dos seus vectores mais consensuais.
Cordiais cumprimentos,
A. Costa Santos
Ainda bem.
Ainda nos arriscávamos a tê-lo na companhia de Proust, James Joyce, Nabokov, Kafka, Jorge Luis Borges,Tolstói, Zola,Ibsen e Paul Valéry, tudo gente que safou.
Caro Costa Santos: quando falei em "equilíbrio" estava a referir-me às ideologias. A nomeação de Vargas Llosa, em si mesma justíssima, é, na minha opinião, uma má notícia para o Brasil. Com efeito, na lógica "distributiva" vulgarmente marca o Nobel literário, vejo com alguma dificuldade que um escritor brasileiro venha, nos próximos anos, a ser premiado, num tempo próximo ao de um escritor latino-americano, ainda que de língua espanhola. Mas espero estar enganado.
Sugiro quase tudo (do que li) mas especialmente "La fiesta del chivo"
retrato implacável da suja ditadura de rafael trujillo na republica dominicana, em tempos que já lá vão. Recomendo menos "Conversas na Catedral" e "A cidade e os cães". Tambem recomendo "Lituma nos Andes".
Mas o meu preferido é "A festa".
Minha mulher acabou precisamente ontem de ler "La tia julia y el escribidor" e diz me que gostou.
bem, a america latina é constituida por mais de 20 países de lingua espanhola, creio. Houve tambem o da guatemala, asturias.
Mas justifica se plenamente 1 no Brasil.
aos de lingua espanhola há que somar ainda os 4 ou 5 de espanha que receberam o nobel. A desproporção fica mais evidente.
E, ao falarmos de língua portuguesa, convém não esquecer África tão pouco conhecida literariamente entre nós.
Assim, a dimensão da língua mãe torna-se mais evidente.
Oportuno comentário de Costa Santos.
Achei o comentário de Gil saborosíssimo.
"A tia Julia e el escribidor" será um bom começo.
Mas, sabem, eu gosto mais de Gabriel Garcia Marquez. Tenho uma certa tendência para a oposição...
G g marquez insere se na corrente do realismo fantastico ou maravilhoso (ver o conto sobre o velho com asas), enquanto que vargas llosa não se inclui nela. Assim, m v l é um escritor mais engajado politicamente na sua escrita que g g m (e tambem nas suas intervenções publicas ou jornalisticas e na sua candidatura à presidencia do perú). A diferença está talvez em que g g m é amigo pessoal de fidel castro, de quem, aliás, já não fala nas suas crónicas (que há anos não as escreve). Mas nunca elogiou o regime de hugo chavez, p.ex.
O nobel foi assim má notícia para cuba e venezuela.
Como o premio é sempre uma surpresa (quem pensaria em dario fo? e noutros)o brasil tem certamente serias possibilidades nos proximos 5 a 10 anos.
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