Mas a que propósito vem isto? É que pressinto no ar uma imensa jogada de discriminação política e étnico-cultural, um pouco subtil deliberado de esquecimento de alguém que, desde a minha juventude, me tinha habituado a ter entre os íntimos, essa insigne figura que sempre foi o chefe etíope Ras. Foram décadas em que fui acompanhado pelo Ras. Agora, nem a mais medíocre folha pseudo-informativa do interior se digna lembrar esse nome histórico do cruzadismo. Há, manifestamente, uma conspiração contra a Etiópia! Não há vergonha! A terra do Preste João, do Negus, do Abebe Bikila! Devolvam-me o Ras, por favor!
quinta-feira, julho 31, 2025
Devolvam-me o Ras!
Sou um praticante errático de palavras cruzadas. Faço-as quando o tédio se encaminha para o desespero. Gosto delas muito difíceis, das que têm várias letras a que se não chega por verticais ou por horizontais, nomes de aves raras do Bornéu ou interjeições tupi-guarani que nem o "Aurelião" acolhe. Detesto os irritantes "romanos", a graçola medíocre do "no meio de", as batidas notas musicais e, claro, as palavras hiper-banais - a pedra de altar "ara" ou o velho "aru", um sapo que nunca consegui ver no Amazonas. Sempre achei graça ao rio da Suíça Aar, até que a minha amiga Manuela Júdice retirou todo o mistério ao vocábulo, dizendo-me ter vivido numa casa com vista para as suas águas.
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4 comentários:
Por acaso hoje ouvi a sombra de um outro Ras a alertar o zé pagode para os perigos que Agosto poderá trazer em matéria de incêndios.
Tempos houve em que o mesmo Ras pedia responsabilidades e demissões de ministro(a)s pelas mesmas razões. Agora alisa o terreno para o governo passar incólume.
Os jornalistas, que não guardam memória do que foi, nada perguntam sobre a falta de memória deste Ras.
J. Carvalho
Também sou um fanático das palavras cruzadas; faço as do Público e do Expresso, todas as semanas; estas já me deram o prémio de cinco livros; vou continuar!
"Intencionalidade" parece-me uma palavra muito esquisita. Eu diria "intenção".
Faz-me sempre lembrar ter ouvido, há anos, uma ministra dizer que "havia várias opcionalidades" quando eu diria que "havia várias opções".
Há hoje muitos exemplos em que se preferem palavras longas em vez das curtas que já existem. Um deles: acessibilidades em vez de acessos.
Zeca
De facto, concordo, o "desaparecimento" assume contornos RASputinescos!
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