sexta-feira, outubro 18, 2024

Israel e o mundo


Pode ver aqui.

10 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Excelente titulo Senhor Embaixador : ISRAEL e o MUNDO; Porque a ONU foi a instituição que representa o mundo, que criou Israel. E agora é Israel que lança bombas sobre a instituição, que representa o mundo. A ONU.

A Finul não pode responder ao fogo israelita. É refém dos actores das belas explosões da foto.

É também a prova que Israel é um projecto impossível a realizar. Sim porque nunca ninguém apresentou um argumento que justificasse a continuação da existência de Israel na sua forma actual.
Ninguém, excepto os EUA, talvez? O caos do mundo não nasce da alma dos povos, das raças ou das religiões, mas do apetite insaciável dos poderosos. A doutrina de segurança nacional permanente de Israel é essencialmente:

“Podemos ter paz amanhã se matarmos mais algumas pessoas hoje”. » Mas ainda o é hoje. O amanhã nunca chega. Israel nunca consegue matar para alcançar a paz, porque é impossível.

Não podemos assassinar, oprimir e tiranizar as pessoas para que lhes obedeçam. Pode matar pessoas que se opõem a si, mas ao fazê-lo apenas cria mais pessoas que se opõem a si.

Podemos queimar a terra matando todos os membros do Hamas e do Hezbollah, mas ao fazê-lo apenas garantimos o nascimento de mais Hamas e outros Hezbollahs.

A única forma de subjugar uma população é matá-la a todos. Transforme todo o Médio Oriente num deserto de morte e destruição, para que não reste ninguém que se lhe oponha. Esta é a única forma de fazer funcionar o princípio de “matar hoje pela paz amanhã”.

Mas a população indígena da Palestina histórica é diferente, na medida em que não está isolada. Está rodeado de civilizações antigas que têm com ele uma relação de longa data e um parentesco de religião e cultura. Qualquer tentativa de exterminar a população indígena, como foi o caso de outros projectos de colonização ocidentais, suscita a hostilidade das nações vizinhas, como vemos hoje.

Assim, para que Israel alcance a paz matando, não deve apenas matar os palestinianos, mas também qualquer pessoa da região circundante que se lhe oponha.

Os israelitas sabem disso, e é por isso que ouvimos alguns sionistas de extrema-direita falarem sobre a necessidade de um “Grande Israel”, cujo território se estenderia muito para além das actuais fronteiras de Israel.

Por isso, Israel existirá sempre num estado de guerra contínua até que (A) deixa de existir na sua iteração tirânica atcual ou (B) matar ou destruir todos os seus inimigos em todo o Médio Oriente. Esta é a única forma de acabar com esta matança. E é por isso que Israel não pode continuar a existir na sua versão actual. Foi uma ideia muito, muito má, como outras ideias da história, a escravatura, por exemplo.

Para que as matanças parem, temos de acabar com o projecto assassino de colonização conhecido como Israel. É uma tarefa considerável, mas também o foi a libertação dos escravos.

Uma guerra maciça entre os poderosos aliados ocidentais de Israel contra o Irão e os seus parceiros na região mataria milhões e milhões de pessoas e devastaria a economia global.

Mas é precisamente esta a trajectória que o apoio ocidental às campanhas assassinas de Israel nos está a conduzir. Ouvi-o esta noite na TV.

Anónimo disse...

Muito boa análise, Sr. Embaixador, apesar de ter reforçado a minha falta de esperança numa solução justa (pelo menos no tempo da minha geração). Por considerar o valor da sua análise, lamento a sua ausência da CNN. Faz-nos falta.
Os países europeus que seguem com indiferença ou com pretenso espanto os crimes praticados diariamente por Israel (IDF e colonos) na Palestina e no Líbano devem ser proibidos de falar em "direitos humanos" ou "valores ocidentais". O mantra "Israel tem o direito de se defender" tem dado a confiança para a exibição de comportamentos de uma sociedade cujo lema é "Viva la Muerte!"
Essa sociedade destrói, mas também se destrói. Irene

C.Falcão disse...

What about Peace ?

Anónimo disse...

Bem certo. A esclarecer:

Destruição do normativo internacional?! Israel?!
É nessa nova ordem multipolar (China, Rússia, Irão e Coreia do Norte) que está a salvaguarda e defesa desse normativo internacional?
São esses grupos de libertação, que combatem de fato de treino, fazem e executam reféns, o garante e respeito pelo normativo internacional?

O Líbano.
A unifil foi formada com um propósito claro e bem definido. Porque continuam (nunca pararam) a cair rockets no norte de Israel? Porque mais de 60 mil israelitas têm de abandonar o norte do seu país?

O mundo e Israel.
Até 1979, no tempo dos Xá, o Estado de Israel era aceite e mantinha profícuas relações com o Irão. Com a revolução islâmica, nesse ano, fazer desaparecer o Estado de Israel tornou-se objetivo primordial do Irão.
O Estado de Israel e o povo judeu, com 5784 anos de provações, já sabemos o que fazem. Não se condicionam e lutam com as regras do inimigo.
Agora e o mundo?!

Não gostava nada que o nosso mundo ocidental passasse a ser determinado ou conduzido por esses baluartes da ordem multipolar. Aliás, não acredito sequer que esses multiordistas, com a tolerância que demonstram, nos permitam uma existência nesta nossa forma de ser.

Carneiro


Carlos Antunes disse...

A política internacional sempre conviveu com um determinado grau de hipocrisia, que em termos diplomáticos se chama de “realpolitik”, mas o sistema de direitos consagrados no direito internacional geral (e humanitário) em que vivemos desde o fim da 2.ª Grande Guerra, não sobreviverá à aniquilação dos direitos básicos e à desumanização e decência de todo um povo (palestino), através da barbárie e dos horrores praticados pelo governo sionista/terrorista de Israel em Gaza (e na Cisjordânia).
É uma vergonha a falta de consenso e de uma posição unanime de condenação de Israel (ao menos de respeito pelos direitos da população palestina) entre os países da União Europeia.

Joaquim de Freitas disse...

Carneiro disse "O Estado de Israel e o povo judeu, com 5784 anos de provações"..
Creio que nada ultrapassou o que hoje os judeus fazem aos palestinos. Neste momento preciso:
Será que o filho espiritual de Joshua Oppenheimer irá daqui a 45 anos filmar os judeus sionistas de Israel, filhos espirituais dos nazis e dos genocidas indonésios, contando com orgulho como genocidaram os palestinianos com predilecção pelas mulheres e crianças no território da Palestina?

É de esperar que se este filho espiritual fosse para a Palestina, seria para libertar a Palestina para testemunhar a coragem dos combatentes da resistência palestiniana contra os sádicos ocupantes sionistas.

Uma tragédia humana está em curso no campo de Jabaliya, declarado zona militar e completamente cercado desde 12 de outubro. Um jornalista, entre os poucos jornalistas ainda presentes, foi morto pelo exército israelita. O Orient XXI recolheu testemunhos de moradores que vivem no meio deste cemitério a céu aberto.

Os israelitas sabem que a poeira radioactiva libertada por munições de urânio empobrecido foi sido associada a um aumento de cancros e de defeitos congénitos em bebés após o bombardeamento do Iraque pelos EUA.

A 6 de outubro, a Associação Libanesa de Medicina Social disse que Israel bombardeou os subúrbios a sul de Beirute utilizando bombas proibidas com ogivas de urânio e pediu a recolha de amostras dos locais bombardeados, a fim de as enviar para as Nações Unidas como parte uma investigação internacional, para que o mundo possa testemunhar a história sangrenta e criminosa do inimigo sionista. Mas é esta ordem que prefère, Senhor Carneiro?



Anónimo disse...

Sr Freitas,
As minhas preferências não importam para nada. O que importa é o ponto em que se está e o que se pretende atingir.

Apesar de tudo, a ordem mundial vigente foi-nos permitindo uma coexistência positiva e democrática. Mas o experimentalismo por um lado, o ódio e a inveja por outro, encaminham-nos para muito amargo de boca.

Um filme das democracias liberais de hoje, quando visto no futuro, irá ser um lamento do que se perdeu ou um vislumbre de uma utopia.

Carneiro

manuel campos disse...

Um excelente ponto de vista do Sr. Carneiro, por acaso dirigido ao Sr. Freitas mas que eu li e leio como sendo dirigido a todos nós e interpreto como tal, é um pensamento e não uma resposta, estamos a assistir à lenta agonia das democracias.
A questão está bem clara no último parágrafo mas, como não me canso de dizer por aqui, as opiniões dos que não deixam cá muito familiar e amigo com quem se ralem têm o mesmo valor que as dos que deixam, como é óbvio, mas as suas visões são limitadas aos seus próprios horizontes e temos que olhar isto tudo a essa luz.
Já lá vai o tempo em que eu escrevia aqui com regularidade "Après moi le déluge", é altura de repescar a frase (que não é de Mme de Pompadour, mas um provérbio já existente).

PS- "Après moi le déluge: est une expression imagée voulant dire qu'après sa mort, les choses (matérielles ou métaphysiques) vont tourner mal et que l'on montre peu d'intérêt pour le sort des autres.

Joaquim de Freitas disse...

Senhor Carneiro: Estou de acordo com o "filme das democracias liberais de hoje, e o lamento futuro... Se olharmos bem, poderíamos mesmo dizer que esta colónia , Israel, é a soma cumulativa de todas as falhas, de todos os excessos e do pior de que o ser humano é capaz quando a impunidade o deixa abandonado aos seus instintos mais baixos.

Na verdade, vemos nela a fealdade das nossas ‘democracias’ hipócritas.
Quanto a dizer que "apesar de tudo, a ordem mundial vigente foi-nos permitindo uma coexistência positiva e democrática". Bom. Muitos povos podem provar o contrario. Mesmo o português. Eu, se quiz viver em demcracia, tive que me exilar. Votei pela primeira vez aos 23 anos...


Anónimo disse...

Sendo este um espaço público, apesar de uma resposta/desabafo dirigido, não deixa de ser também para quem quiser reflectir.

O meu avô Zé, criança pequenina quando o pai dele tinha de esconder cereais, batatas e vinho no sótão da casa para não ser confiscado nos tempos da primeira grande guerra, usava muito as expressões: “um dia vais dar valor” e “ depois de mim virá quem de bom me fará”.

Enquanto criança pequena anuía sem compreender patavina, quando adolescente tomava-o como sermão sem sentido ou aviso exagerado. Hoje sinto-o como um velado aviso a uma certa soberba, convicta do adquirido como certo, e a uma ingratidão que grassa de alto a baixo nas nossas sociedades.

Em agonia não diria, mas em ebulição e fortemente torpedeada é certo. Resta saber é se, quem de responsabilidade, responde com pragmatismo e firmeza, ou se vai, indiferente ou acovardado, acolhendo e gerando combustível para esse fogo extremista e insano.

Carneiro


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