Hoje, à margem de uma reunião, comentava-se o facto dos portugueses tenderem a ser muito simpáticos com os estrangeiros: se, em grupo, há alguém que não fala português mas fala inglês, a tendência é toda a gente se expressar em inglês, para não deixar a pessoa isolada. Alguém comentou: "Isso é tudo muito bonito, mas só no início! Depois de dois copos, toda a gente desata a falar português e o desgraçado fica sozinho, a sorrir das graças que não compreende". Eu não concordei. Pela minha experiência é ao terceiro copo. Mas, pronto!, a divergência não é grave!
4 comentários:
Fica aqui, com sua licença, na falta de quem levante o dedo.
Se ontem tínhamos comido os dois um belíssimo cozido com todo o tipo de enchidos a que tínhamos direito e em quantidades mais que razoáveis, hoje comi sozinho e ao sabor das minhas andanças uma bela dobrada com feijão branco, quando me trouxeram a dose e lhe tirei as medidas dispensei logo o arroz qua a acompanhava.
Dobrada comeria sempre sozinho mesmo que não estivesse sozinho.
Tinha já andado duas horas a pé de um lado para o outro e, como ía andar outras duas horas a pé depois e tenho a digestão fácil não era grave.
Por vezes cruzamo-nos com caras conhecidas do nosso Jet 6 e meio (somos muito remediados para ter um Jet 7), que conhecemos das fotos glamorosas dos globos disto e daquilo que vão inventando por aí, mas há uns mínimos que algum bom senso devia impor a quem vive também da sua imagem.
Não se espera ver alguma dessas pessoas aí numa loja ou na rua vestidos como quando percorrem passadeiras vermelhas, mas vê-los vestidos à futrica e, no caso das senhoras, minimamente produzida (odeio esta expressão), faz com que nunca mais os recorde da mesma maneira (e nalguns casos até os vou esquecer).
Vi hoje dois modelos eléctricos de uma marca que eu julgava desaparecida: a MG.
Deve estar de boa saúde, pertence agora à SAIC Motor UK, com sede em Xangai, os veículos são todos fabricados na China.
Já a TATA Motors anuncia que vai comercializar um veiculo electrico por 12000€.
A TATA Motors produziu durante anos um carro pequeno com que pretendia pôr as pessoas que andavam de motoreta a andarem de carro, só que aquilo não sendo uma alteração de estatuto social por aí além acabou por ser um enorme fracasso, para fazer sacrifícios por tão pouca promoção mais valia continuar com a motoreta.
A TATA Motors pertence ao Grupo TATA, com sede em Mumbai (hoje o nome oficial de Bombaim), sendo o maior grupo empresarial indiano com actividade, em mais de 100 países de todos os continentes.
Perguntam: isso é tudo muito bonito mas desde quando percebem eles de automóveis com aquele currículo?
Alguma coisa devem ter aprendido ultimamente, são donos da Jaguar e da Land Rover, têm acordos com a STELLANTIS (Fiat, Chrysler, Grupo PSA).
Estamos assim neste novo mundo, vão-se os anéis e a seguir irão os dedos.
E estou a ser optimista, como sempre!
honi soit qui mal y pense...
Concordo com a sua tese: é ao terceiro copo …mais ou menos…
Texto em forma de desabafo histórico.
Eu sou do tempo (que foi longo) em que, quando parados num sinal de trânsito ou num pára-arranca, olhávamos para os carros à nossa volta e toda aquela gente ocupava esses breves momentos a coçar o nariz, bocejar de modo pouco elegante e verificar no retrovisor se tinha mais rugas (senhoras) ou se a barba estava bem feita (cavalheiros).
E agora sou do tempo (para já ainda curto) em que, nas mesmas circunstâncias, toda a gente se vira de imediato para o regaço onde transporta o smartphone e, de imediato, consulta o que pode das 200 mensagens que recebeu desde o último semáforo em que parou, disparando emojis a encorajar os que se afadigam a partilhar tudo o que fôr com toda a gente que fôr.
Parece um progresso civilizacional e cívico, mas não é, muito pelo contrário é um retrocesso civilizacional e cívico.
Porque se no passado toda a gente mantinha alguma atenção ao que se passava no trânsito e, quando abria o sinal ou o carro da frente se mexia, também andava, hoje em dia isso deixou de acontecer com inusitada frequência.
E ao deixar de acontecer, isso irrita supinamente um número razoável dos que estão atrás, que desatam a apitar que nem uns doidos, quando não levam o topete ao ponto de abrir a janela e proferir alguns elogios aos dotes de condução e à reputação de familiares dos “empatas”.
Esta semana pouco apitei e só abri a janela para retirar bilhetes de parques.
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