“Então hoje não escreves nada sobre o Salazar?”. O que é eu hei-de escrever sobre o Salazar? Antes que passe a data do passamento, há meio século, deixo um abecedário, ao correr rápido da memória:
- Américo Tomás, António Ferro, Aljube, Álvaro Cunhal, Angola
- Bissaia Barreto, Barbieri Cardoso, Baixa do Cassange, Beja, Bispo do Porto, Botelho Moniz, Botas, Batepá, “Ballets Rose”
- Censura, Cadeira, Craveiro Lopes, Caxias, Catarina Eufémia, Cunha Leal, Christine Garnier
- Dona Maria, Duarte Pacheco, Diário da Manhã
- Ezequiel de Campos, “Estátua”, “Eleições”, Emídio Santana
- Francisco Franco, Franco Nogueira, “Frigideira”
- Guerra colonial, Godinho (general), Gonçalves Cerejeira
- Humberto Delgado, Henrique Galvão
- Índia
- José Gonçalves, Jorge Jardim, Júlio Dantas
- Kaúlza de Arriaga
- Legião Portuguesa, “Leninha” (Madalena Oliveira), Lajes
- Marcelo Caetano, Maria Lamas, Mocidade Portuguesa, Mueda, Mário de Figueiredo, MUD, Maltez (capitão), Maria Guardiola
- Norton de Matos
- Oscar Carmona
- Pide, PCP, Peniche, Pidjiguiti, Palma Inácio
- Quirino de Jesus, Quintão Meireles
- Rolão Preto, Rosa Casaco, Raul Lino
- Supico Pinto, Santos Costa, “Santa Maria”, Sousa Mendes, São Nicolau
- Tarrafal, Teotónio Pereira
- União Nacional
- Viscondessa de Asseca, Viriatos, Volfrâmio, Vimieiro, Villanueva del Fresno
E, como imagem, deixo esta (roubada a Luís Pinheiro de Almeida), que vale por todos os retratos da ditadura.
20 comentários:
Como neto de quem esteve preso em Caxias este é um dia muito “ especial “.
A violência desta foto ( que desconhecia ) é brutal!
A pobreza? E agora há riqueza, 60 ou 70 anos depois? Não continuamos na cauda da Europa, apesar dos biliões da União Europeia (que o Salazar nunca recebeu)?
A imagem é muito boa. Porém o que não falta por aí são objectivas a preferir focar apenas uma parte da realidade. Os colégios privados vs escolas publicas das periferias ilustram bem como continuamos a permitir que haja excluidos da fotografia.
MRocha
na primeira república era tudo rico e tinham sapatos leboutin?
Estou a rever-me nesta foto. Os alunos devidamente ataviados e acompanhados pelo professor e ou professora, (que muitas vezes eram casados) preparavam-se para fazer o exame do 2ª grau o que implicava dominar as quatro operações de aritmética,,saber redigir (ao menos uma carta), e um ditado em que apenas se tolerava um erro e duas faltas na ortografia, deviam saber "cantar" as linhas férreas, os portos, as serras e cordilheiras e os rios. Provávelmente os alunos do 4ª ano de hoje teriam bem mais dificuldades a redigir, fazer contas sem "hiphones" ou celulares, já nem falo nas serras nem nos rias da Metrópole, quanto mais das províncias ultramarinas,
Afinal o Salazar já morreu e está enterrado há cinquenta anos, mas pelos vistos não falta quem lhe vá não falta quem lhe continue a "cantar 0s ofícios" o que leva a concluir que o "Botas" foi e ainda é mesmo muito lembrado. Foi dos que conseguiu como diz o vate nacional "Se foi da lei da morte libertando"
Nunca fiz um comentário num blog, vejamos se funciona, a fotografia transportou-me para a infância açoriana de há 60 anos. Eu era dos descalços, aliás raramente havia um calçado, só as raparigas e era com galochas e sem meias. Por isso, estar descalço não implicava estar naquele pequeno grupo à margem, um eventual calçado é que se podia sentir à parte.
Ao anónimo das o:29
Já era nascido nos anos 60? Caso afirmativo não reconhece a diferença?
Fernando Neves
O Salazar recebeu milhões de ajuda directa, sim, mais de 50 milhões de dólares nos anos 50 num país extremamente ruralizado e sem a destruição da guerra foi uma bela quantia, sim senhor (nem isso sabem, suspiro).
Sr. Embaixador Fernando Neves deixo-o com uma pergunta: tem a certeza de que sem o 25 de Abril éramos mais atrasados do que somos hoje? É que ainda não vi a melhoria que o 25 de Abril trouxe, a não ser a liberdade e o abuso dela que instantaneamente proporcionou. Assim, desafio-o a falar numa vantagem óbvia que o 25 de Abril trouxe, para além do tão aclamado e depauperado SNS, que o marcelismo de 1972 e 1973 nunca pudesse vir a dar. É que eu estou com dificuldades no que toca ao D de desenvolver, com justiça social, uma vez que o D de democratizar e o D de descolonizar foram cumpridos, mas à balda e às vezes de forma trágica. E, sim, já era nascido em África e, sim, conheci a desgraça da sociedade portuguesa (daqui) dos anos 60 e 70 e, sim, continuo a conhecer a desgraça da sociedade portuguesa de 2020. Na cauda da Europa, como sempre
Imperdoável esquecimento,(ou nem tanto)???
-O abominável LÁPIS AZUL!
O Anónimo das 21:32 não leu “Censura”?
A Francisco Seixas da Costa:
Obviamente...li!
Mas, muito francamente,sejamos claros e honestos:
Censura é clínica geral...
O LÁPIS AZUL foi(e continua sendo) uma especialidade, aliás muito em voga na actualidade...!
Uma das mais terríveis heranças de salazar é ainda haver portugueses que acham que estamos pior agora. Salazar fechou-lhes as mentes e a chave foi enterrada com ele. Ainda valerá a pena procurá-la?
Oh Anónimo das 16:56,
Você ou tem má memória, ou é tendencioso na apreciação que faz. O Portugal de Salazar e mesmo de Marcelo (ou outro, o Caetano) era um Portugal com assimetrias sociais enormes, com assimetrias profundas entre o a Cidade e o Campo, havia uma enorme iliteracia (com elevados níveis de analfabetismo), não havia um SNS, havia uma polícia política (a PIDE, cujo nome Marcelo recauchutou, mas manteve as funções sinistras), enfim, Portugal era um país atrasado, só mesmo atrás de países como a Albânia (que esse pelo menos tinha níveis de analfabetismo menores do que o nosso). Você hoje vai para o Interior e toda aquela gente, mais nova, ou mais velha, tem acesso à informação (TV, NET, etc), ao Ensino - básico, secundário e universitário -, à Cultura, à Saúde, a um emprego decente, etc.
Portugal mudou gigantescamente com o 25 de Abril, com a Democracia que daí resultou e com, naturalmente, o acesso à União Europeia.
Há coisas que não correm bem? Então há alternativas políticas diferentes. Vote-se nelas em eleições livres, escolha-se outro governo, o que você não podia fazer durante o regime fascista de Salazar/Caetano.
Sejamos honestos na análise e na crítica.
Ao anónimo das 13:17
Centre-se só na economia, no desenvolvimento. Sabe qual é a nossa posição no quadro da União Europeia? Sabe que Malta, Chipre,( países que eram miseráveis), Letónia, Lituânia, etc, etc têm agora um PIB per capita bem superior ao nosso? Não o envergonha esta democracia subdesenvolvida que construímos?
Salazar morreu há 50 anos. Meio século que não foi suficiente para recuperarmos das décadas de atraso a que votou o país!!!!!!!!!!!!!!!
Uma imagem vale mais que mil palavras.
Esta que eu desconhecia é particularmente representativa do espírito da época.
Devia fazer-nos pensar em algo para além das questões puramente económicas. Condições que estão bastante bem representadas na mesma imagem, escassez de meios e segregação.
Gosto muito mais do "atraso e da pobreza" atuais.
JFM
Oh Anónimo depois do almoço (das 14:48),
Você quer comparar o Portugal de hoje com o da Ratazana Fascista - Salazar - e o seu sucessor, o M.C? Portugal era um país atrasado, pobre, ditatorial, com uma polícia política e como se não bastasse com tribunais plenários, para julgar opositores democráticos ao regime fascista?
Eu lembro-me muito bem quando ia até à aldeia onde meus avós tinham casa, lá no Interior do país de então e por essa altura as pessoas andavam descalças e só calçavam uns socos ao Domingo! As ovelhas atravessavam as ruas da aldeia, assim como o gado bovido, a população mais velha era analfabeta, as mais novas ficavam-se pela 4ª Classe, as filhas daquelas mulheres iam servir nas casas onde as mães já serviam, ou tinham deixado de servir, os rapazes iam para o campo ajudar os pais e assim se mantinha o tal subdesenvolvimento, o verdadeiro, não essa treta de que você perora.
Portugal é hoje um país desenvolvido, respeitado e onde as pessoas, sobretudo os jovens, têm acesso a tudo aquilo que seus pais e avós na Ditadura da Ratazana Fascista não tinham.
Portugal era um triste e patético país ao tempo de Salazar e pouco evoluiu com Marcelo (vá lá, devemos a este último, justiça lhe seja feita, o 13º mês, subsídio de férias. Depois, Vasco Gonçalves deu-nos o 14º o tal subsídio de Natal).
Hoje quando percorro este Portugal moderno acho-o irreconhecível face aquele que conheci e onde cresci ao tempo da porcaria da Ditadura da Ratazana do Salazar.
Oh anónimo depois do jantar e antes de deitar ( das 23,27)
Você, decididamente, não percebe. Eu não estou a fazer o elogio da ditadura, do atraso, do analfabetismo (que a democracia demorou a eliminar, esperando pela morte dos velhos) dos tribunais plenários (de que você ouviu falar), etc.. O que eu estou a dizer é que a democracia não nos trouxe o desenvolvimento económico que ansiávamos, por muito que lhe custe. Somos dos 4 ou 5 países mais atrasados da Europa, diria mesmo, um país falhado. Mas como você conheceu a miséria há 50 anos, acha, por contraste, que, decorridos 50 ou 60 anos, somos um país muito desenvolvido...
Sim, uma imagem que resume o Salazarismo, na sua brutalidade e na sua injustiça.
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