Morreu Loureiro dos Santos, um militar de abril que fez incursões pela política, sem aí nunca ter deixado de ser, essencialmente, um brioso militar. Mais tarde, refletiu e publicou sobre aspetos estratégicos da nossa singularidade geopolítica, abordando também as mutações ocorridas, nas últimas décadas, na condição militar em Portugal.
Loureiro dos Santos foi um democrata, um esteio do “grupo dos nove”, que procurou contrariar a deriva radical da Revolução de abril. Exerceu funções políticas na área da Defesa Nacional, em governos de inspiração presidencial, onde sempre projetou uma perspetiva do modelo de transição que uma figura como Ramalho Eanes, de quem era muito próximo, procurou implementar no processo político-militar português. Loureiro dos Santos viria igualmente a assumir elevadas funções na hierarquia militar.
A falta que fazem personalidades como Loureiro dos Santos é melhor realçada pelo facto de, entretanto, não terem surgido muitas figuras militares a destacar-se na reflexão, com qualidade, sobre as temáticas da Estratégia e da reflexão geopolítica.
Sobre Loureiro dos Santos, leia-se, com vantagem, a excelente biografia que Luísa Meireles sobre ele publicou há poucos meses. É uma das melhores homenagens que lhe podemos fazer.
2 comentários:
D.E.P.
Simpática a referência ao falecimento pelo general Loureiro dos Santos, embora o estilo já aqui demonstrado pelo embaixador noutras ocasiões semelhantes deixe perceber que, no caso, lhe sobra espaço em entusiasmo e calor no reconhecimento que faz das qualidades e percurso de um seu vizinho transmontano do concelho de Sabrosa. Lembro-me de outros sabrosenses referidos pelo embaixador neste blogue de modo mais inclusivo. Mas isso é apenas uma das questões de estilo, a gosto de quem redige. Outras são mais importantes e incomodam por não as vermos assaz vincadas, como mereciam, na ocasião, como a passagem pasteurizada onde se lê que o general Loureiro dos Santos «procurou contrariar a deriva radical da Revolução de abril», uma fórmula diplomática de reconhecer que no mês nevrálgico de Novembro de 1975 o senhor general tinha razão. E, por acaso, o senhor embaixador, não.
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