segunda-feira, janeiro 18, 2016

Trivia

Adoro o conhecimento "inútil". Desde que me conheço que tenho um fascínio, talvez até um pouco adolescente, por um tipo de informação que não tem a menor utilidade, que não seja a satisfação da curiosidade própria. Tenho vários livros sobre "trivia", que tratam de tudo e de mais alguma coisa. Os mais céticos chamam a isto depreciativamente "cultura de almanaque", mas a mim é-me completamente indiferente a sua opinião. Continuo, por exemplo, nesta busca incessante de resposta para essa questão "grave" e polémica que é a origem da expressão "OK", embora já tenha descoberto a razão pela qual os barcos de turistas no Sena se chamam "bateau mouche". Eu sei que o "tio Google" hoje responde (embora às vezes com respostas contraditórias entre si) à maioria das perguntas, mas eu sou de outro (glorioso) tempo, das discussões intermináveis da mesa da Gomes em Vila Real ou da "sala verde" do velho ISCSPU da Junqueira, acabando nas noitadas do Montecarlo ou do Procópio. Nada se equipara a uma boa discussão, por tudo ou por nada, principalmente por nada.

Ontem, no final do almoço (segui o conselho do papa Francisco, o qual, do alto da janela na praça de S. Pedro, nos havia recomendado, minutos antes, "buon pranzo a tutti"), tive uma conversa com o dono de uma "trattoria" romana e, já não sei bem a que propósito, veio à baila a palavra "tedesco", estranho termo com que os italianos se referem aos alemães. Não falo uma linha de italiano (entendo alguma coisa, mas não passo do "arriverderci" ou da "buona notte"), mas andava há anos com a curiosidade de conhecer a origem da expressão. O homem, pessoa culta que falava um francês magnífico, fruto da emigração que lhe permitiu amealhar para comprar a casa, mostrou-se tão intrigado como eu. E lá andámos nós, entre um "lemoncello" que acabou por ter de duplicar-se, à procura da etimologia da palavra. E que descobrimos? Que a palavra tem origem na designação de uma língua medieval alemã, o "theodisce", utilizada popularmente, e que significava precisamente "do povo". É aliás a partir do final dessa palavra que nasce o conhecido "deusch". 

As coisas que se aprendem quando se quer saber! Estava eu a pensar nisto, para fazer a nota para este blogue, quando deparei com uma reportagem com os golos da jornada futebolística italiana na televisão. Fiquei preso ao écran por uns minutos, até que, nesta língua cheia de "is" que é o italiano, ouvi a conhecida expressão "calcio" para designar futebol. E lá vou eu à procura da razão que leva a Itália a usar uma palavra tão diferente da generalidade das línguas conhecidas, para se referir ao mais belo jogo do mundo...

12 comentários:

Anónimo disse...

https://www.youtube.com/watch?v=fGQThO6ZHWA

cumprimentos

Teresa Gonçalves disse...

E em Português existe também a palavra "tudesco" - mas, infelizmente, acho que já ninguém a usa.

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Senhor Embaixador

Dê-nos a sua opinião sobre a condecoração do Cantor Tony Carreira e da polémica que está a causar a recusa do nosso Embaixador em deixar usar a Embaixada para esse fim.

Para mim nunca em tempo algum se viu uma embaixada acreditada num país estrangeiro servir de palco para a entrega de uma condecoração concedida por esse mesmo Estado a um cidadão nacional do País que essa embaixada representa. Por outras palavras: a condecoração outorgada pelo Estado francês a Tony Carreira para ser entregue numa embaixada, só o podia ser na representação diplomática francesa em Lisboa, nunca na missão portuguesa em Paris. É óbvio, é lógico, é institucionalmente correcto, faz parte das mais elementares regras e normas.

Diga lá de sua justiça Senhor Embaixador

Mal por Mal disse...

As palavras cruzadas para a 3ªa idade é bom.
O Tony Carreira não é pró Nóvoa mas é pró TAP, é uma no cravo outra na ferradura senhor Breyner.
É novo e já cheio de ideias esse Tony.

Joaquim de Freitas disse...

OK ! Que onomatopeia ! Sempre pensei que vem do famoso "Zero Killed" (OK) de Andrew Jackson, durante a guerra de secessão nos EUA. Mas agora serve para tudo! Até para dar o seu acordo...duas vezes !

Anónimo disse...

Pode concordar-se com o que diz o Leitor J.Tomaz Mello Breyner, mas não custava nada ao Embaixador, por exemplo, enviar alguém da Embaixada em sua representação para assistir àquele acto e depois convidar o popular cantor para uma bebida na sua Residência ou mesmo oferecer-lhe um almoço. São gestos simples deste tipo que distinguem os bons profissionais dos outros, nesta nossa carreira diplomática. Sendo o diplomata em causa um profissional experiente, com décadas e carreira, é de estranhar aquela sua atitude.

Anónimo disse...

Eu também tenho saudades de uma boa discussão a antiga, onde se podia dizer sem consequências enormidades como exercício de retórica, hoje logo esmagados por quem tenha um i fone que debita a "verdade".
Fernando Neves
P. S. O J. T. Mello. Breyner tem toda a razão mas o condecorado não tem carreira...

Anónimo disse...

Assim fala um dos «tiffosi» do Sporting...
Quanto à polémica da Embaixada portuguesa em Paris, prefiro não fazer comentários. Há Embaixadores e embaixadores...

Anónimo disse...

Até hoje estava convencido que OK era o contrário de knock out!

Anónimo disse...

Se o cantor tivesse umas canções de "embalar", à esquerda, o que não ouviria daqui (este blog) o Embaixador.
Assim, como é pimba, têm vergonha dele e até acharão que é de direita e o Embaixador fez muito bem em não lhe ligar!
E assim vai a glória do Mundo!

Anónimo disse...

Se o Tony Carreira tocasse outro tipo de música, tenho a certeza que teria sido convidado para um almoço na embaixada depois da condecoração e, last but not the least, o embaixador ter_se-ia feito representar na cerimónia.

Em tempo: o artista não tinha como saber que não se dá uma condecoraçao estrangeira numa Residência de Portugal . Teria sido tão profissional ter-lhe explicado ...

Fernando Frazão disse...

Eu também sou do tipo "curioso" e todos os dias me irrito por não saber coisas que , acho eu, deveria saber.
Pois fui à procura do porquê do "calcio" e acoisa é mais simples do que pensava. Calcio significa pontapé em italiano. As simple as that.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o sempre a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma extraor...