domingo, janeiro 24, 2016

Carmona Rodrigues

Carmona Rodrigues foi, há dias, absolvido. Alguém sabe de quê? Eu não sabia, mas desconfiava. Era de "prevaricação". Ninguém o acusou de ter metido indevidamente um tostão ao bolso, de ser corrupto, de ter beneficiado de bens públicos. Ninguém o acusou de ser desonesto e isto é o mais importante.

E, contudo, se se perguntar a muitos portugueses o que acham de Carmona Rodrigues, bastantes dirão algo como isto: "Foi acusado lá na Câmara da Lisboa. Questões de dinheiro, pela certa! Não há fumo sem fogo! E eles acabam todos absolvidos, já se sabe!"

Praticamente, não conheço Carmona Rodrigues. Creio que falei com ele uma única vez, num jantar, há muitos anos. Não faz parte da minha "família" política, não temos amigos comuns, não há nenhuma razão especial para eu estar aqui a escrever esta nota.

Ou melhor, há: é a raiva que sinto com o facto da justiça portuguesa, no vai-e-vem das suas sentenças contraditórias, da politização frequente dos seus procedimentos, na inimputabilidade dos atrasos dos seus magistrados e serviços, nos ter retirado (para sempre?) toda a confiança no sentido das suas decisões.

Num país decente, Carmona Rodrigues devia ser ressarcido, após a absolvição, do labéu que sobre si foi um dia lançado. Quem o acusou, indevidamente, deveria ser "condenado", pela comunicação social, por ter manchado o bom nome de um cidadão que, um dia, se dispôs a servir a causa pública.

Por cá, as coisas não são assim. "Não há fumo sem fogo", é a frase canalha, da mesa do café ou da esquina da intriga, que corroi as instituições e revela a mentalidade "Correio da Manhã" do país em que hoje nos transformámos.

Um abraço solidário a Carmona Rodrigues, pessoa que não conheço.

8 comentários:

Anónimo disse...

mentalidade "Correio da Manhã"
Parabéns pelo retrato, que infelizmente está muito nítido, e com uma resolução incrível.

Anónimo disse...

QUE GRANDE ENSABOADELA LEVOU A BEATA SENHORA mARIA DE bELÉM, ATÉ O TINO DOS SAPOS APARECE Á FRENTE DELA NAS PROJEÇÕES.

Anónimo disse...

Eppur si muove...Muito polémico este post: "...justiça portuguesa... nos ter retirado (para sempre?) toda a confiança no sentido das suas decisões."
Pergunto eu: Só não há confiança na Justiça nas decisões no sentido condenatório ou no desenvolvimento do processo de investigação?
As absolvições são todas confiáveis?
Não conhecendo minimamente este caso ressalta do post que a Justiça chegou a bons resultados embora por caminhos não confiáveis! É assim?
Então ainda temos "um pouco" de justiça. Sempre numa vertente, é certo, mas temos!
(Se calhar a frase Popularucha "não há fumo sem fogo" devia levar um "contudo" atrás. Ou é de aplicar sempre o: Much Ado About Nothing?)

José Martins disse...

Senhor Embaixador,

De tantas e mais personalidades que dei assistência em Banguecoque, de quando funcionário activo da Embaixada de Portugal (hoje reformado) Carmona Rodrigues foi um deles, há uns 7 anos, por dois dias.
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Conhecia-o, apenas pelo nome e encontrei em Carmona Rodrigues um homem simples, afável e moderado nas compras de roupas, pessoal, numa feira semanal, popular, em Banguecoque a que lhe dão o nome de “Weekend Market”.
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Registo que no seguimento de uma nossa conversa eu rematei: “que se lixe a taça que é de cortia queimada”.
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Carmona Rodrigues riu-se e diz-me: o que me acaba de dizer foi uma frase popular durante a minha juventude.
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Seguiu viagem para Macau, por terra e inserido num rali de Singapura para o ex- território administrado por Portugal.
Foi me dando conta, por escrito e fotos, dos problemas passados nas estradas do Vietname.
Saudações em Banguecoque

Flor disse...

Não terá sido absolvido por falta de provas????

Luís Lavoura disse...

E quando se constatar que não há acusação contra José Sócrates?

Eduardo Saraiva disse...

Senhor Embaixador.
Infelizmente, neste caso, não foi só o "Correio da Manhã". Foram os jornais, as televisões e as rádios.

Unknown disse...

Eu não ponho as mão no fogo por Carmona Rodrigues ou seja por quem for, mas nestas andanças e negociatas com Carmona Rodrigues na Presidência da Câmara Municipal de Lisboa, quer com Fontão de Carvalho, quer com a Empresa Alves Ribeiro ou a Braga Parques deixam muito nevoeiro no ar. Nevoeiro esse que lá pelos jeitos já não terá hipótese de ser afastado.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...