domingo, janeiro 03, 2016

Henrique Neto


Em 23 de março de 2015, escrevi por aqui isto:

"Pronto! Começou a corrida. Henrique Neto é candidato declarado à presidência da República. O primeiro.
Com 78 anos, um passado digno de anti-fascista, "self-made man", industrial, homem de palavra frontal, Henrique Neto não é um homem "fácil". Tens ideias próprias, diz sempre o que pensa e di-lo com palavras fortes, às vezes ácidas. No seio do Partido Socialista, ao olhar para as últimas décadas, verifica-se que quase sempre foi uma figura incómoda, incontrolável, crítica. 
Deixo daqui um sincero abraço de simpatia pessoal a Henrique Neto, pessoa que me merece respeito, com quem tenho trocado impressões esparsas e francas, ao longo destes anos. Um respeito que é agora reforçado pela coragem que teve para entrar nesta aventura, a qual nem por ser impossível deixa de ser nobre. Estarei algures, mas só lhe posso desejar um valente combate."

Na ocasião, não foram poucos os amigos que me criticaram por ter colocado a público esta nota de simpatia pessoal, não obstante o meu "estarei algures" deixasse explícito que Henrique Neto não poderia vir a contar com o meu voto.

Ontem, vi, por mera casualidade, o seu debate com Sampaio da Nóvoa. Não foi a "nobre" aventura e o "valente" combate que eu esperava que ele assumisse. Foi um espetáculo tristíssimo de ressabiamento e agressiva acrimónia,  que foi ao ponto de convocar a cumplicidade do falso "moderador", que funcionou como seu "compère" (ou seria o contrário?).

É com muita pena que digo que aquilo a que ontem assisti não está à altura do passado de Henrique Neto. Pelo menos, do Henrique Neto que eu julgava conhecer mas que, pelos vistos, os meus amigos conheciam melhor que eu.

14 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Senhor Embaixador : Lamento não ter continuado o meu texto . Só escrevi sobre Sampaio da Novoa, mas pensei dizer algo sobre Henrique Neto, que não conheço, mas como ele falou de Arlindo Vicente e do MUD Juvenil, no qual militei muito jovem, no tempo da Eng. Virgínia Moura e Arquitecto Lobão Vital, fiquei surpreendido quando o ouvi fazer um elogio acentuado ao ex PM , Passos Coelho.

Senti como que uma traição, no momento em que o fez. Mas não conheço o personagem. Mas agora compreendo melhor

Jaime Santos disse...

Henrique Neto pode ter toda a razão do Mundo nas críticas que faz a José Sócrates, mas o respeito que eu tinha por ele caiu a zero no dia em que ele chamou à colação a relação que Sócrates teria tido com a ex-Mulher. Ataques desta Natureza são soezes, sejam dirigidos contra quem for. Desde esse dia que deixei de perder tempo com tal personagem...

Jay disse...

Pois é senhor Embaixador... Como as pessoas enganam! E o meu amigo tem dezenas de anos de tarimba a lidar com os mais descarados sacripantas do planeta!!!

Rodrigo Santiago disse...

É, pelos lidos, a V. opinião. São tão livres de exprimi-la - supondo que não diretamente interessados - como eu. Admiro, há muitos anos, O Eng. Henrique Neto que, a bem dizer, não conheço pessoalmente. Como é óbvio, a partir do que escrevi, não partilho da V. opinião. Não vem daí mal para o mundo ... Esclarecendo: não vou votar nele. Mas é pela sua honradez e franqueza, o que poderia chamar-se, um SENADOR.

Francisco Seixas da Costa disse...

O incorrigível ignatz só bolsará por aqui acusações sobre Henrique Neto - que o levariam à barra do tribunal - quando se dispuser, como um homem, a colocar o nome por baixo da conversa que se acobarda atrás do seu anonimato. Até lá, vá ser prior noutra freguesia e passe bem!

Reaça disse...

Ai que saudades das eleições presidenciais do tempo do meu ídolo de Santa Comba!

Como aquele homem sabia como somos tão dados ao pagode!

Então aqueles cujo grande currículo é terem sido anti-fascistas, são tão ricos!

Joaquim de Freitas disse...

Este debate tomou uma certa forma que aprecio, na medida em que se descobre melhor a personalidade do Senhor Henrique Neto. Como escrevi num comentário precedente, não conheço este candidato, porque estou ausente de Portugal há meio século. Foi o facto de ter falado do MUD Juvenil , no qual militei aos 18 anos, que me fez reagir, porque neste partido havia gente que conheci bem e que eram autênticos resistentes contra o fascismo salazarista.

Mas ele contestou sobretudo uma opinião do outro candidato Sampaio Novoa, sobre a necessidade de mais "Estado" na sociedade, respondendo que não era mais "Estado" que era necessário, mas mais empresas. Uma verdade de La Palisse! Os dois são necessários.

Foi pena que o candidato HN, tenha impedido o debate sobre este tema. E como o jornalista era paupérrimo de ideias e estava obcecado somente por um nome ... não relançou o tema!
Havia tantas coisas a dizer sobre o tema do Estado. E Sampaio da Novoa tem razão. Se a formação e a preparação da juventude para o combate económico no mundo "mundializado", é importante, o papel do Estado também.

Alias, as grandes empresas francesas nas tecnologias de ponta foram lançadas pelo Estado. A industria nuclear, a aviação civil e militar, os transportes ferroviários, o plano "cálculo", a industria petrolífera, os estaleiros navais, e tantas outras foram feitas sob planos de desenvolvimento logo a seguir à segunda guerra mundial. E algumas são lideres mundiais na especialidade.

Porque daqui nasce outro debate: devemos ou não aumentar as despesas públicas?
Esta é a grande questão que agita os espíritos, pelo menos aqueles que devem reflectir à situação do país. E quem senão o Estado o deve fazer?
Mas isto é verdade em todos os países europeus, a questão é incessante. Os políticos, os responsáveis, os economistas dos outros países se põem a mesma questão, a partir do momento em o país atravessa um período difícil, rapidamente baptizada "crise".

Portugal não pode escapar a este debate. Mas não é da forma como o jornalista medíocre o lançava, porque é fácil de dizer que a Europa, impõe, o euro impõe, o FMI impõe, o BCE impõe políticas severas, o que na boca dos liberais significa "austeridade".
Como disse Sampaio, para que servem eleições, para que serve a democracia, se o Estado não pode interferir.

Porque é fácil de dizer que os serviços públicos custam mais caro que os serviços que propõem aos cidadãos, mesmo se as pessoas morrem nos hospitais por causa de serviços deficientes. A mercantilização de todos os serviços é o que pretendem os liberais. E a saúde não escapa!

Quem senão o Estado pode decidir que a austeridade não resolve os problemas, mas os agrava?
Quem pode opor-se a políticas que fazem baixar a produção de riqueza, que criam uma situação na qual os cidadãos não podem pagar estas riquezas produzidas, não podem consumir, e que levam à blocagem do sistema económico : desemprego, crise social, miséria e o corolário delinquência, etc.? E no caso português a emigração de massa dos talentos da juventude, o sangue da Nação?

Porque sabemos, e Sampaio da Novoa é o que pensa, e não o pôde dizer, que na realidade, o liberalismo absoluto que consiste a reduzir ao estrito mínimo a intervenção do Estado na economia é uma quimera : todos os Estados intervêm, e por vezes , os países que se dizem oficialmente liberais são os primeiros a intervir na economia e a fazer despesas publicas. Vê-se bem que o mercado é mais um lugar de competição mercantil e de trafulhice e mesmo corrupção, que um lugar de regulação.

Anónimo disse...

O Senhor Henrique Neto lá terá as suas razões para ainda querer ser do PS, mas desde o 2001 e do 2007/2008, o fim da história provou estar bem longe (ou demasiado perto). E ele há o negócio e as horas de ócio.
Infelizmente, nada disso importa no comportamento do candidato nesse debate: eu diria, problemas de idade ou, talvez, a medinite, que atinge quem nunca chegou aonde queria e julgava poder e que, por via disso, dispara em todas as direções.

(Tenho pena de ver aquela espécie de jornalista, tão obviamente perturbado, a dirigir debates desta natureza)

patricio branco disse...

Não vi, talvez apenas veja o Maria de Belem X Marcelo Sousa, e isto se calhar.

Anónimo disse...

Sr. Embaixador

Apreciei o seu desabafo sobre H.Neto, que me pareceu uma pessoa recalcada, com um desnecessário desprezo(?) pelos "académicos" e com outros pormenores deveras deselegantes. Para se ser frontal e franco não é necessário ser grosseiro.

Espero que o meu comentário não seja barrado, como fez com o "ignatz", pelo facto de me apresentar como "Anónimo", pois penso que não será o anonimato que livrará alguém da responsabilidade do que escreve.
Ou seja, ao que penso, o ignatz foi barrado pelo que afirmava e não por não o ter subscrito com o próprio nome. Porque, se todos sabemos quem é "Francisco Seixas da Costa", alguém pode garantir-nos que os nomes que subscrevem os comentários anteriores são verdadeiros?
Por acaso é uma questão que por vezes já tenho visto noutros locais, mas parece-me que, para efeitos de responsabilização, a inclusão do nome não é relevante, salvo num aspecto - será que a pessoa sente alguma inibição de escrever algo se tiver que o subscrever com o seu nome verdadeiro?

opjj disse...

Como fui ensinado a respeitar os outros, detesto todos aqueles que de forma fácil enlameiam o bom nome e os sentimentos dos outros.
Henrique Neto tal como Carlos do Carmo e Jorge Sampaio estão fora do meu apreço.Todos eles conseguiram encher uma página de jornal maldizendo do carácter dum seu semelhante.
Neste caso aqui mencionado Henrique Neto há muitos anos conseguiu encher uma página do Expresso(creio que a 1ª) com hediondas frases contra Cavaco Silva.
Cumps.

altaia disse...

Vai lá vai

Anónimo disse...

O Senhor Henrique Neto é um despeitado desde o momento pude não ocupou o cargo que julgava certo-ministro da indústria no primeiro governo de A Guterres.E os seus apoiantes mais em blematicos são outros. que tais.A começar por um que foi ministro das finanças e saiu poucos meses depois por não querer deixar de acumular o vencimento de ministro com a reforma do Banco de Portugal!Desde então anda a "explicar" que saiu por desacordo com as políticas do Ps(neste caso de Sócrates)E o pior é que sendo isto conhecido todos se calamidade!Que raio de Pais com memória tão curta....JvJ

São disse...

Uma entrevista lamentável com um Santos cada vez mais baixo,

Boa semana

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...