sábado, janeiro 30, 2016

O sorriso perdido de Centeno


Há cerca de dois anos, uma organização de alunos da Universidade Nova de Lisboa convidou-me para um debate sobre os novos desafios da Europa. Teria como parceiro de mesa Mário Centeno. O nome dizia-me alguma coisa, mas pouco. Fiz uma pequena pesquisa e ela fez-me lembrar que ouvira Mário Centeno na conferência anual da Fundação Francisco Manuel dos Santos, onde se pronunciara sobre Economia do trabalho. Ficara então muito bem impressionado com a apresentação feita, muito estruturada e com perspetivas que não conhecia.

O nosso debate na Nova correu muito bem. Voltámos, depois disso, a cruzar-nos algumas vezes, em reuniões, e, com naturalidade, vi-o surgir à frente da pasta das Finanças no governo de António Costa, de quem havia sido o "guru" na área económico-financeira. Todos nos recordaremos que havia então em Centeno uma jovialidade que se espelhava num sorriso franco, quase adolescente, que se manteve em muitas aparições públicas, em que foi sendo conhecido pelos portugueses. 

Esse sorriso tem esmorecido nos últimos tempos. Julgo que nenhum de nós, de fora, poderá sequer imaginar o que deve ser o peso de um lugar como aquele que Mário Centeno ocupa, sujeito às pressões de uma conjuntura internacional que não controla, à necessidade de dar resposta positiva aos compromissos internos que tornam viável a existência do executivo de que faz parte e, no topo de tudo isso, tendo que lidar com as "bombas ao retardador" deixadas pelo anterior governo, como foi o caso do Banif e se constata agora ter sido a linguagem dupla (para as instituições europeias e para a opinião pública interna) usada por Passos Coelho e pela sua equipa para qualificar determinados cortes feitos no quadriénio que cessou.

Gostava de voltar a ver Mário Centeno sorrir. Será sinal de que poderemos fazer o mesmo.

15 comentários:

Fernando Correia de Oliveira disse...

Ao contrário do Embaixador, o sorriso ligeiramente prognata (para ser educado na apreciação) do actual Ministro das Finanças sempre me deixou intranquilo.

kely disse...

Sou nova aqui no blog, mas ja estou amando !!!
Parabeeeens!

Reaça disse...

O Governo ainda não existe.

O governo não existe, porque Já não se pode mais falar em Partido Socialista.

O PS está em compasso de espera, António Costa suspendeu o PS

Aquilo é Costa, com o Açoreano e a geringonça (CGTP e LIGA)

Mas que crise filha-da-puta!

E agora? Bruxelas? Mas a Europa está toda rota…da-se!

Mas que irresponsabilidade a nossa!

Como é que se vai desfazer o nó-cego do Costa?

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Senhor Embaixador

Acredito que mais cedo do que pensa o vai ver sorrir de novo. Digo isto por acreditar que ele só vai sorrir de novo quando deixar o Governo, e depois de ver estes primeiros tempos de tanta falta de rigôr acredito que esta saída esteja para breve.

Anónimo disse...

Concordo absolutamente com Fernando Correia de Oliveira.
«Inquieto» é uma palavra leve...

aamgvieira disse...

Este ministro das Finanças com o seu "sorriso-a fazer-fotogénero", infunde confiança pra chuchu..... Toneladas....!!!!!

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Por outro lado faz-me lembrar o Mr Bean

Unknown disse...

Só desejo que não se porte como o Teixeira dos Santos e avise com tempo que a carruagem vai descarrilar; ou então que seja homem e desça dela mesmo em andamento para ficarmos avisados.

opjj disse...

V.Exª. acha mesmo possível haver linguagem dupla? Então "a coisa" falada cá dentro durante meses e anos não soprou lá para fora? Que anjinhos aqueles economistas e seus staffs da Europa!
Cumps.

alvaro silva disse...

Este sorriso começa a aparecer uns dois anos antes do Alzheimer se tornar evidente.

Anónimo disse...

Eu cá gosto de Mário Centeno e terei muita pena se este governo cair.
Não tem nada a ver com a mentirosa e incompetente da Maria Luís nem com o duo de pafiosos que humilhou e empobreceu o país.

Joaquim de Freitas disse...

Vê-se bem que neste blogue não vêm desempregados, precários ou cidadãos miseráveis comentar o que escrevem os comentadores da direita. Senão ficariam aterrados, porque veriam que na realidade o que muitos Portugueses pretendem é que o governo não tenha o sucesso de que Portugal tem necessidade. Aconteça o que acontecer, doa a quem doer. Mas o que é necessário é preservar os privilégios da casta dominante. O que é normal, pois que mesmo em tempos de crise esta fez óptimos negócios e enriqueceu para lá das esperanças.

Que importa se foi o povo que teve de pagar e continua a pagar a austeridade decretada por Bruxelas.
Se foram os dinheiros públicos que tiveram de correr ao socorro dos bancos. Se é o povo, com o seu trabalho , que deve tapar os descalabros criados pela corrupção da elite financeira e política. .

A direita só espera uma coisa : é que Bruxelas e Berlim sejam intratáveis com os Portugueses. E que importa se Madame Lagarde tinha dito que Portugal foi maltratado pela troika, e devia ter obtido condições mais humanas: ! Que importa! Os dirigentes ainda agravaram a punição para serem bem vistos pelos carrascos! Plus royaliste que le Roi, tu meures!

São bons Portugueses! Mas para a direita reaccionária, só existe um Partido : o do DINHEIRO, que é a sua verdadeira Pàtria..

arber disse...

Sr. Embaixador,
hoje o seu blog cheira muito mal, tão enorme foi a dose de suja imundície que o invadiu.
Admiro-me que não responda adequadamente a certas observações absolutamente nojentas.

Anónimo disse...

Esta nossa Direita, a tal que votou maioritariamente Marcelo e que aqui deixa o seu fel abjecto, mete asco!

Joaquim de Freitas disse...

Esta direita , claro, nao lê os jornais: Presidente do Parlamento Europeu afirmou ainda que as "pessoas estão a pagar uma crise que não causaram"

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, afirmou hoje em Bruxelas que a Europa está a pedir sacrifícios aos cidadãos "para salvar os bancos", defendendo que é preciso envolver os parceiros sociais e defender o modelo social europeu.

O anonimo das 15:13" tem razao!

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...