Em matéria de modelos educativos ou de sistemas de aferição de conhecimentos, tudo o que sei resume-se à minha experiência, letiva ou consultiva, no ensino superior. Não tenho opinião nenhuma sobre os restantes graus de ensino, até porque, familiarmente, não sofro "na pele" os efeitos das decisões que são tomadas neste âmbito.
Uma coisa sei, porém, de ciência segura: não pode estar bem um setor que anda permanentemente para a frente e para trás, onde há décadas se não estabilizam os métodos, onde o que era bom ontem passa a ser mau amanhã e vice-versa. Com os diabos: será que não é mesmo possível, pelo respeito devidos à formação das novas gerações, haver uma espécie de um "pacto" entre a(lguma)s forças políticas que estabilize o tratamento deste tipo de questões, dando à opinião pública a certeza de que as coisas permanecem "quietas" por algum tempo?
12 comentários:
Uma dúvida: pensou o mesmo quando Nuno Crato alterou as politicas em uso ? E já agora: como se gere a estabilidade num mundo em mudança permanente ?
MRocha
Quem se viciou naqueles 48 anos, em que até parecia tudo simples, normal, eterno e pequenino e imutável, (previsível), até se escandaliza com estas liberdades a gosto de cada um.
Mas que inteligências as destes ministros pós 25 A.
Nasceram todos hiperativos.
O mundo é feito de mudança, diz o cantautor!
MRocha. Pensei o mesmo de Crato e de todos os outros antes. Ponto
Seixas da Costa. Obrigado. Fiquei esclarecido quanto à minha primeira dúvida.
Quanto à segunda, talvez numa próxima oportunidade queira partilhar o seu pensamento sobre "estabilidade" na escola. Como prof que tem tido a maior dificuldade em assimilar esse conceito, estou sempre ávido por contributos que me ajudem a lidar melhor com as incontáveis inercias com que me debato quotidianamente na escola pública.
A função da escola não é excluir ou selecionar, mas incluir, transmitir conhecimentos e dar oportunidades a todos de poderem adquirir conhecimentos e com isso realizarem-se na sua vida". A. Costa.
Pronto, mais uma "chamada" de novas oportunidades…
António Monteiro Cardoso
Fui Comandante de Pelotão do Curso Especial de Oficiais Milicianos, 1ºT/77,na EPAM, do qual fazia parte o Soldado Cadete Monteiro Cardoso ( creio que seria o chefe de curso), nunca mais soube nada dele, recordo a sua bonomia e sentido de humor e fico triste com a sua morte prematura.
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Lamentável, Professor, lamentável parecer.
Esta reforma
visou devolver ao ensino a prática da «Educação de Inclusão»,
vigente em todo o mundo evoluído.
Por outro lado, a Educação baseia-se em ciencias vivas e, como tal,
sujeitas a estudos, pesquisas e ao uso do método científico.
Afirma que não tem bases para se pronunciar, mas fá-lo, contrariando
a regra mais básica da sabedoria.
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Foi uma escolha apressada.
Tino de Rans teria sido uma boa escolha de Costa, em sintonia com a esquerda que "nivela sempre por baixo".
O Prof. Mariano Gago deve estar a revolver-se no túmulo !
Uma coisa é mudar as coisas quando o tempo ou a erosão do tempo as torna desajustadas à realidade, outra coisa é estar a mudar permanentemente sem se dar tempo a que se avalie da bondade do que antes (recentemente) se instituira. A estabilidade não se opõe necessariamente à mudança. Nem a mudança implica, só por si, melhoria. Às vezes é bem preferível estar quieto...
Nós somos muito "oito ou oitenta"! À aparente dicotomia do MRocha "como se gere a estabilidade num mundo em mudança permanente?" (que cheira à frase feita, melhor, a soneto feito por LVCamões cantado por JMBranco...)é fácil responder: com bom senso.
Marçal Grilo, o Ministro da Educação de António Guterres, propôs um "Pacto Educativo" à generalidade dos interessados em conferir essa estabilidade à educação (pais, professores, sindicatos, autarcas, partidos políticos). Como o próprio disse, só os partidos faltaram, ostensivamente, à chamada... O que se passou na Assembleia da República quando se tentou discutir o "Pacto Educativo", registada no livro "Difícil é Sentá-los. A Educação de Marçal Grilo", de Dulce Netro (pág. 43), é a prova de como é praticamente impossivel que os partidos se entendam. E no entanto, verdade seja dita, as grandes clivagens em educação começaram a verificar-se depois do governo de Guterres e, mais acentuadamente, com Nuno Crato. Era imperioso alterar o que fora feito, por mais que se lamente ter de o fazer. Tinha-se retrocedido a tempos que não se querem recordar.
O "Pacto Educativo" de Marçal Grilo era um documento de grande qualidade, bem como foi a política implementada no seu mandato.
A propósito de estabilidade, cuidado, porque a educação não pode cristalizar e tem de acompanhar a realidade que vai evoluindo. Isso não significa que se estejam sempre a fazer reformas, bastam os ajustes necessários.
Os ministros da Educação querem gabar-se que "foi minha" a ideia.
E cada um tem a sua ideia, e nunca mais param de girar os alcatruzes.
Mas que fantochada lusitana!
Concordo no geral com a justificação pedagógica de certos aspectos da mudança (fim do exame do exame do 4o ano; vantagens da avaliação contínua sobre exames finais). Fazê-lo a meio do ciclo lectivo, sem avaliação, reflexão e debate mais alargado sobre o sistema não é sensato nem oferece uma garantia de estabilidade. Tem de se pensar para além de medidas pontuais e isso não se faz em Janeiro, depois de dois ou três meses de governo, a meio do ciclo lectivo. Daniel Oliveira expõe bem este problema num seu texto de ontem, no Expresso.
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