segunda-feira, janeiro 04, 2016

Eduardo Lourenço


A Eduardo Lourenço, uma figura por quem tenho uma crescente admiração, pela contínua lucidez com que nos interpela ao procurar interpretar-nos como povo e como país, foi ontem atribuído o prémio Vasco Graça Moura. O júri era presidido por Guilherme Oliveira Martins.

Um dia, quando era embaixador em Paris, organizei na residência um grande jantar em honra de Eduardo Lourenço. Curiosamente, entre os presentes estavam Vasco Graça Moura e Guilherme Oliveira Martins.

O Eduardo chegou já sobre a hora, depois dos restantes convidados. Pediu-nos imensa desculpa pelo atraso (que, na realidade, não existia) e explicou que acabava de chegar de Saint-Denis, nos arredores de Paris, onde fora encontrar Manoel de Oliveira, que aí filmava num estúdio onde se reproduzia uma rua do Porto (!). 

Um de nós perguntou-lhe a razão da deslocação. Curiosidade de ver Oliveira a filmar? Eduardo Lourenço deu uma daquelas gargalhadas contidas que lhe são típicas e, com uma jovialidade que só se ganha com a idade, revelou: "A verdade é que me tinham dito que o Oliveira estava, hoje, a filmar com a Jeanne Moreau e a Claudia Cardinale. E eu tinha curiosidade de ver, ao vivo, as duas senhoras". E viu?, perguntámos. "Não, já tinham ido embora e acabei por pagar uma conta calada de taxi..." 

3 comentários:

Mal por Mal disse...

Claudia Cardinale era em jovem uma mulher de uma beleza muito própria algo exótica.

Parecida com a Sónia Araújo da RTP.

alvaro silva disse...

Infelizmente não sou da sua opinião. A minha é mais rural. Estou habituado a avaliar a árvore pelos seus frutos. Custa-me a aceitar que este "lampião afrancesado" da cultura portuguesa não ensinasse aos seus filhos a língua de Camões, o que qualquer semi-analfabeto emigrante o fez e faz e isto para mim é prova que apenas é mercenário da cultura portuguesa.

Anónimo disse...

As mulheres são de facto um excelente elo entre o meu saudoso amigo Vasco Graça Moura e o meu querido amigo Eduardo Lourenço.

JPGarcia

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...