Apenas umas notas breves, na véspera de se conhecer a composição da nova Comissão Europeia:
- Como esperado, os "grandes" países obtêm pastas influentes, salvo aqueles que já tenham sido prendados com outros lugares. Nada de novo.
- Não obstante o comportamento de Cameron na escolha de Juncker, e a confirmar-se a obtenção da pasta da Energia pelo comissário britânico, fica patente a força do Reino Unido.
- Moscovici deve conseguir a importante pasta da Economia para um nome francês. Ele próprio revelou, numa entrevista, que o assunto mereceu uma séria objeção de Berlim, que foi ultrapassada. Afinal, Berlim pode "vetar". Há uns mais iguais...
- O "truque" finlandês de trocar o seu último comissário pelo primeiro-ministro, a poucos meses do fim da Comissão Barroso, que já aqui tinha sido exposto, vai compensar. Outra exigência de Berlim a que Juncker se verga. A ortodoxia na área financeira fica protegida.
- Finalmente, "last but not least", o "nosso" Carlos Moedas. A confirmar-se que lhe é atribuída a pasta do Emprego e dos Assuntos Sociais, o governo português está de parabéns: é um excelente "portfolio". Se isso acontecer - e devo dizer que continuo com algumas dúvidas de que esse lugar seja mesmo para ele, mas espero sinceramente estar enganado - a oposição não terá a menor razão para reclamar. A assim ser, Carlos Moedas, que é um homem inteligente e qualificado, terá o ensejo de lidar com uma pasta que tem a seu cargo a correção de erros que a política do governo a que pertenceu nos últimos três anos provocou.
13 comentários:
"...a correção de erros que a política do governo a que pertenceu nos últimos três anos provocou". Então, parece-lhe, que por vir a ocupar outro poleiro terá uma atitude contrária aquela que o Governo a que pertenceu teve até agora?
Carlos Moedas foi co-responsável por medidas governamentais que levaram a um aumento estratosférico do desemprego no nosso país.
Foi igualmente co-responsável por inúmeras e graves medidas anti-sociais praticadas por este governo.
A ser verdade que Juncker lhe irá atribuir essa pasta é uma “ironia”. Moedas não está – politicamente – qualificado para um lugar desses. É um ultra-liberal, insensível do ponto de vista social e não tem uma visão política que contribua para relançar uma economia em crise de um qualquer país. É um engenheiro que, vá lá saber-se porquê, acabou na pasta do orçamento, por aqui, com os resultados negativos que sabemos. E colaborou no incompetente “consulado” de Gaspar.
A Comissão Europeia, pelos vistos, não é para levar a sério. Não tem, com gente desta, como o Moedas, um projecto, ou uma ideia para a crise económico-financeira que se vive no seio da UE em geral e nos países mais afectados por ela, como Portugal (Grécia, etc.) em particular.
A União Europeia desacredita-se com escolhas deste tipo. Lamentável ter este governo escolhido Moedas para Comissário e reprovável que o futuro Presidente da Comissão lhe vá entregar uma pasta desta sensibilidade económico-social.
Diz tudo do que é esta Comissão e do que se pode esperar dela: pouco ou nada. Patético!
P.
Carlos Moedas é das pessoas menos qualificadas para ocupar estas pastas. Piores só Passos Coelho, Maria Luís, Paulo Portas e Cavaco Silva.
o moedas vai ficar mazé com a pasta do desemprego, o schaulbe é que manda no banho e o junckers aquece a água.
"... Carlos Moedas, que é um homem inteligente e qualificado..."
importa-se de exemplificar os atributos ou é uma atençãozinha da casa?
A questão prende-se, a meu ver, tão-somente com a capacidade de decisão de Carlos Moedas enquanto comissário europeu. Pelo que se viu com a experiência governativa, os austeros e tubulares ditakts alemães (patentes, aliás, na sua explanação neste post), não deixam grandes perspetivas para a Europa. Um comissário europeu é um comissário europeu. Não é um comissário europeu português. Olhe para o extraordinário e umbilical Barroso!...
Cumprimentos,
José Ricardo
"Exilado" desde há muito, não conheço os políticos portugueses, mas muito me admiraria que alguém, por muito inteligente que seja, proposto por um governo liberal democrata , para um posto como o do emprego na Europa, numa Comissão que tem por principal preocupação a rentabilidade do capital, poderá e desejará combater para a defesa e protecção dos trabalhadores.
Já conhecemos a resposta dessa gente: " Marchar para o ideal sem esquecer o real" . E o real impõe-se todos os dias, porque a histeria da dívida soberana que conduziu à política económica à qual o Senhor Moedas participou, é a cartilha de Frau Merkel. Quanto ao ideal, é politicamente incorrecto.
O Euro será talvez salvo ,com os nossos sacrifícios, mas o cidadão europeu será perdido, com uma política do emprego que transforma a Europa, pouco a pouco, num vasto cemitério de ilusões perdidas.
O Eurocepticismo pode transformar-se na ante câmara do fascismo, sobretudo no sul da Europa onde a crise se faz mais sentir.
Senhor Embaixador: não duvido nem da inteligencia, nem das qualificações de Carlos Moedas.
Mas não consigo entender como a confirmar-se a noticia, ele possa fazer exactamente o contrário daquilo que fez no governo, nem do que doutrinariamente defendeu nestes anos.
É curiosa a semelhança física de uma determinada geração de rapazes muito "neo liberais": desde logo os óculos de massa, o cabelo muito curto e uma barba aparada com 2 mm (um pouco à semelhança da voz rouca das tias de Cascais, como por aqui já se escreveu). Depois, ao físico, acrescenta-se uma admiração genuína e declarada pela Inglaterra e outra, mas sorrateira, pela (por uma) Alemanha Imperial (a quantidade de gente em Portugal seduzida por este ideal é surpreendente). A frança é o "diabo na cruz". Quando os questionam pelo Salazar: "fez algumas coisas boas", "as contas públicas", "as escolas primárias", "a paz social". Um denominador comum é a profunda inaptência para o futebol (que é muito reveladora, digo eu). Sobre o Estado, apesar de viverem à conta dele (ou porque conhecem alguém que os coloca na administração de um Instituto, ou porque beneficiam do chamado "outsourcing", que não é mais do que fazer fora, mais caro e pior, para ajudar um grande amigo), repetem, à exaustão, que é o privado o grande responsável pelos maiores avanços científicos e que ao Estado cumpre o papel de polícia e de guerreiro. E, para acabar, que já vai longo, parafraseando uma intelectual da nossa vida social e mundana, acreditam que "a saúde? É óbvio que quem a quer tem de pagar. Não acha isto justo? Porque havemos nós de pagar pela saúde dos outros?".
Caro EGR: eu falei do objetivo da pasta, não falei do potencial comportamento futuro do comissário.
Não se conhecem méritos. Se, de facto, é inteligente e qualificado juntará a essas qualidades uma doentia modéstia porque, repito, o grande público não viu na sua acção nada de especial. Terá, portanto, escondido os frutos e resultados da sua inteligência.
Escarninho, fisicamente desagradável, pedante, eis a imagem que deixa,
O que fez a criatura, o que escreveu, que decidiu ele ou organizou, que resultados da governação lhe podem ser atribuídos?
A inteligência de alguém mede-se em concreto, não é uma "categoria" idealista.
A atribuição a um candidato designado por Portugal do Emprego é em si positiva. isto independentemente de ter que se reconhecer que este PM é obstinado e não se procura rodear de competências mas de fidelidades.
As competências da UE em matéria de Emprego são todavia limitadas e resumem-se à partilha de praticas, informação e experiências com vista a atingir metas de longo termo, através do chamado Open Method of Coordination. Patético é de facto o apodo de "inteligente", adjetivo que de há muito se usa em Portugal em qualquer circunstância. "Rouba? É verdade, - mas é muito inteligente!". Patética é também a colagem de António Vitorino ao poder ao elogiar Moedas. Não nos poderemos livrar destas personagens "terceira via" que estão sempre de bem com o poder?
Estes ataques a Carlos Moedas parecem-me exagerados. Moedas foi o coordenador dos contactos com a Troika para a aplicação do célebre memorando que foi assinado devido ao descalabro em que o Governo Sócrates e o PS colocaram este país.
Há níveis de emprego demasiado elevados em Portugal, que urge corrigir o mais rapidamente possível, mas não se esqueçam que o que causou o desemprego actual foi o modelo de desenvolvimento errado em Portugal até 2011, que se baseava em dinheiro que não tínhamos.
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