A régua larga que o professor Pena nos aplicava nas mãos, naqueles anos 50, era bastante menos sofisticada e tinha consequências bem mais dolorosas do que o modelo que a imagem mostra. Lembrei-me disso ao ser-me perguntado, pelo telefone, pelo "Diário de Notícias", se tinha tido algum professor "marcante" ao longo da minha "carreira" académica. Foi, de facto, o mais marcante...
No resto, a entrevista (quero agradecer ao jornal ter ido buscar aos arquivos do JN uma foto que me rejuvenesce quase 15 anos) reflete um percurso académico pouco glorioso e algo acidentado. Mas foi bom lembrá-lo.
19 comentários:
menina de 5 olhos se chamava o instrumento auxiliar do professor. calculo que os 5 furos eram para diminuir a resistencia ao ar e assim chegar mais rapido à mão.
boa fotografia, a da palmatória, a do dn não vi ainda.
Com a régua não Sr. Professor, eu agora não fiz mal nenhum! (In o exame do meu menino de Augusto Cunha)
José Barros
O prof. Pena numa sala, o prof. Maduro na outra...
Escola Conde Ferreira, perdão Escola do Trem !!!
ó tempo volta para trás !
Boa noite Senhor Embaixador,
Aqui estou em Londres,acabado um jantar em casa de amigos. Directa fui ao seu blogg. Peso da Regua, Peso da Regua e logo me veio a lembranca memoria de apraziveis tempos na dita. Atentei mais na imagem e ali vi a "menina de 5 olhos". Ai que dor! Tenho uma em cortica adquirida numa festa do Avante ha longos anos - serve para por na mesa para travessas mais quentes. Bem... vai dai tambem me veio a memoria a palmatoria: castical castico e simples de metal para por uma vela de cera,(estearina nao subscrevo ...)
Bem isto ja vai longo e espero que a "menina dos 5 olhos" tenha sido mais metafora que realidade na sua vida de escola primaria. Espero e tenho a certeza. Palmatoadas a quem as merece e palmatorias de velas para todos."Fiat Lux"
Saudades de Londres
F. Crabtree
Sempre vivi à volta e em função do Peso da Régua… e sempre me agradou!
Quanto ao peso da régua nunca experimentei nem vi experimentar. Mas ouço muitas histórias a confirmarem os flagelos!
Não digam que não lhes assoma, ao verem o objeto, nos tempos que correm, “desejos inconfessáveis”! Confesso que não imagino alguém a pensar em alunos!
(Quanto à foto: O tempo não parece passar pelo Sr.)
O Duriense
Também reparei na questão da foto mas ainda pensei que fossem os ares pátrios os responsáveis pelo rejuvenescimento.
Afinal, é só o DN online fazendo aquilo que sabe melhor...
Caro Senhor Embaixador:
Para o caso de não ter estado no país em 2003 e lhe ter escapado um livro monumental sobre os liceus, desde a sua fundação, em 1836, até 1950, «"Liceus de Portugal": Histórias, Arquivos, Memórias», coordenado por António Nóvoa (actual reitor da Universidade de Lisboa), e publicado pelas Edições ASA, que traz 35 histórias monográficas de outros tantos liceus do continente, deixo-lhe esta informação. Lá encontrará o seu Liceu Nacional Camilo Castelo Branco (que refere na entrevista para que nos remete), assim como imagens, memórias e histórias que lhe dirão alguma coisa (ou muito mesmo), quiçá uma fotografia sua no seio de um qualquer colectivo estudantil.
Peço-lhe desculpa pelo anonimato, mas como participei no livro (embora o tivesse feito «pro bono publico») esta minha sugestão poderia ser mal interpretada (não tanto por si mas por alguns visitantes do blogue).
É que, e apesar de me identificar normalmente com o meu verdadeiro nome (parte dele) nos comentários dos blogues, sinto que ainda assim a minha intimidade fica suficientemente preservada, o que não seria o caso agora.
Confesso que recordo o professor João Pena por melhores razões do que a régua que nos vigiava do peitoril da janela alta da saudosa (o que não será saudoso quando a idade nos encurta o caminho para a frente e alonga o caminho para trás?) Escola do Trem. Recordo-o pelos problemas de aritmética, mormente divisões, que nos dava nuns rectângulos de papel quadriculado que no fim recolhia, e em cuja resolução eu me batia em feroz rivalidade com o Moura. Pelos ensinamentos de Português, a que, no liceu, o Dr. Bessa Monteiro deu brilhante continuidade e hoje tanto me ajudam a combater a arrogância ignorante de tantos revisores das minhas traduções (honrosa excepção, que aqui quero exarar, para dois nomes: José Soares de Almeida e Helder Guégués. Este último mantém heroicamente um utilíssimo blogue, "Linguagista", cuja frequência recomendo vivamente) e por esse prodígio de, quase quadratura do círculo, leccionar ao mesmo tempo, na mesma sala de aulas, duas turmas - as da 1ª e 3ª classes e, no ano lectivo seguinte, as da 2ª E 4ª. Por parecer impossível aos (muito) mais jovens, mas era mesmo assim.
Só me dói, e muito, ir a Vila Real e não poder dizer aos meus filhos e ao meu neto, onde ficava exactamente a Escola do Trem. Ainda cheguei a sugerir ao Manuel Martins, presidente da Câmara, que também passou por aqueles bancos), que pusesse lá alguma coisa - uma árvore, um rebo de granito, uma placa - mas não tive sorte nenhuma. O professor João Pena e o professor Francisco Maduro Roxo mereciam. Mas quê? Como ainda espero chegar aos bisnetos, quem sabe se o próximo presidente não irá reparar esta lacuna? "Yo no creo en alcaldes, pero que los hay, los hay"!
Confesso que recordo o professor João Pena por melhores razões do que a régua que nos vigiava do peitoril da janela alta da saudosa (o que não será saudoso quando a idade nos encurta o caminho para a frente e alonga o caminho para trás?) Escola do Trem. Recordo-o pelos problemas de aritmética, mormente divisões, que nos dava nuns rectângulos de papel quadriculado que no fim recolhia, e em cuja resolução eu me batia em feroz rivalidade com o Moura. Pelos ensinamentos de Português, a que, no liceu, o Dr. Bessa Monteiro deu brilhante continuidade e hoje tanto me ajudam a combater a arrogância ignorante de tantos revisores das minhas traduções (honrosa excepção, que aqui quero exarar, para dois nomes: José Soares de Almeida e Helder Guégués. Este último mantém heroicamente um utilíssimo blogue, "Linguagista", cuja frequência recomendo vivamente) e por esse prodígio de, quase quadratura do círculo, leccionar ao mesmo tempo, na mesma sala de aulas, duas turmas - as da 1ª e 3ª classes e, no ano lectivo seguinte, as da 2ª E 4ª. Por parecer impossível aos (muito) mais jovens, mas era mesmo assim.
Só me dói, e muito, ir a Vila Real e não poder dizer aos meus filhos e ao meu neto, onde ficava exactamente a Escola do Trem. Ainda cheguei a sugerir ao Manuel Martins, presidente da Câmara, que também passou por aqueles bancos), que pusesse lá alguma coisa - uma árvore, um rebo de granito, uma placa - mas não tive sorte nenhuma. O professor João Pena e o professor Francisco Maduro Roxo mereciam. Mas quê? Como ainda espero chegar aos bisnetos, quem sabe se o próximo presidente não irá reparar esta lacuna? "Yo no creo en alcaldes, pero que los hay, los hay"!
Só pelo trocadilho de: "O Peso da Régua" o texto já valia a pena... Com os momentos da vida do Senhor Embaixador, apresentados em "anacronismos" saltitantes daqui para ali vamos vislumbrando uns tempos de narrativas e de algumas descrições que nos remetem para o nosso país, muito mais do que para o enquadramento da "personagem". Muito bonito.
Ainda é hoje possivel identificar com clareza recalcamentos e ódios de estimação provocados pelo uso "abusivo" do peso da régua pelos professores.
Além do castigo injusto que se infligia aos alunos com dificuldades de aprendizagem a quem se exigia um ritmo igual a todos os outros.
Uma senhora minha amiga toda contente por encontrar a professora cumprimentou-a eufórica -"Ó senhora professora ainda se lembra de mim?"
-Ó se lembro, você era burra como uma soca...
Bem melhor que photoshop ;-)
Quanto ao peso da régua também o calculei varias vezes...
Cara Isabel Seixas, nem sempre as réguadas caiam por dificuldades de aprendizagem.
No que me diz respeito apanhava-as porque era super irrequieta e especialista em por a classe a rir :-)))
Sr. Embaixador se me permite
Cara Júlia, eu sei , embora nenhum dos motivos me pareça justificar o uso da agressividade para corrigir ou prevenir comportamentos considerados inadequados, ainda e como metodologia para assegurar a ordem em sala de aula considero uma rendição à falta de habilidade e ausência de estratégia pedagógica.
Só foquei um exemplo, o que considerava mais injusto.
Aliás o episódio que relatei é encarado com muita graça e descontração pela senhora minha amiga, sendo que no contexto temporal conseguimos "compreender" que era assim(...), Basicamente no âmbito de uma filosofia de educação Fascista infligindo medo, o medo da dor e a dor do medo.
Admito até, à época,"alguma" eficácia aparente nos resultados, inibindo qualquer tentativa de saida da casca,pudera...
Recorda-me "Madame la Marquise..."
Curioso li agora (com atraso) uma reportagem no "Sol" em que se afirmava que o Prof. Pena era o preferido de Jaime Neves.
Como dizia a canção "Chacun sa route,Chacun son chemin,Chacun son rêve, Chacun son destin".
N371111
Se bem percebo, este "Anônimo" propõe-se fazer a separação das águas. De um lado os bons, os que têm más memórias do professor Pena; do outro lado os maus, os que têm boas memórias do professor Pena
É o novo peso da régua. Ou o peso da nova régua.
Francisco se o "anónimo" sou eu percebeu mal ... primeiro porque nunca conheci pessoalmente nem o Prof. Pena nem nenhum dos seus alunos, nem tão pouco divido o mundo em "penistas" e não "penistas".
Foi o assinalar de uma curiosidade. Na mesma semana duas referências ao mesmo pedagogo, para mim completamente desconhecido, o que não deixa de ser significativo.
Qualquer outra interpretação é de quem a produz, se quisesse e/ou soubesse dizer mais .. teria-o dito.
Cumprimentos,
N371111
Também passei pela escola do "TREM". Tanto o Maduro como o Pena usavam a regua sem tréguas!!
Até nas explicações do Pena, a régua funcionava e de que maneira!!!
Celso M
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