sábado, fevereiro 02, 2013

Da política

É uma interessante sensação de liberdade poder falar na comunicação social sobre a política portuguesa sem ter uma limitação opinativa por virtude das funções oficiais exercidas.

Ontem à noite, na RTP, durante cerca de uma hora, com Ana Sá Lopes e Miguel Pinheiro, no programa de Maria Flor Pedroso "Hora de fecho"*, passámos em revista a crise no seio do PS, a remodelação governamental e outros tópicos de atualidade. No final, os meus colegas de programa foram de opinião de que eu mantive um registo "ainda muito diplomático". Pudera! São muitos anos...

Convidado a salientar um tema, falei da crise do Mali e na quase vergonhosa ausência de apoio europeu à intervenção da França - um país que, naquele contexto, demonstrou um elevado sentido de responsabilidade e uma forte visão estratégica.

* o programa pode ser visto aqui

9 comentários:

patricio branco disse...

era o embaixador a falar em 70%, os outros 30 eram já livres de condicionamentos. aliás mais no estilo, no tom, distinga-se, aí era ainda 90% o embaixador, embora no conteudo dos comentários o lado embaixador baixasse para os 50% o que feita a media dá os 70.
mas ser embaixador não é nenhum mal, é um registo, e os comentários foram certeiros, p ex quando disse que estes episódios de liderança dentro do ps não eram tipicos do partido, eram frequentes sim na historia do psd.
e sobre frança e mali, aí já não havia embaixador no que foi dito, mas um estudioso da coisa internacional que dava a sua opinião franca.
penso que não vale a pena insistir no pormenor da remuneração zero no novo cargo, não interessa para quem ouve.
pessoalmente, preferia vê-lo noutro programa, talvez do tipo a sociedade das nações, tambem como comentador de politica internacional no telejornal, coisa que aliás já não existe (as noticias internacionais e os comentários a complementar).
flor pedroso é uma boa profissional, mas o programa é bastante monótono, pouco vivo.
mas foi um bom regresso, parece, nem deu tempo para acomodar do jetlag, centro n-s, hora de fecho, blogue...felicidades e bom trabalho(s)

Defreitas disse...

O que se passa no Mali demonstra uma vez mais as contradições da Europa e as suas irresoluções mortíferas. Não se trata dum Estado soberano ameaçado por milícias estrangeiras, como no Afeganistão? Então porque é que a NATO não vem ajudar?
Vê-se bem que em geoestratégia, o altruísmo esconde sempre interesses políticos e financeiros. Quando são os da França que estão em jogo, os parceiros da NATO não se precipitam, apesar da França ser um dos maiores contribuidores da Aliança. Esta guerra põe em evidência a dificuldade da Europa a inventar-se. Se a França ficar sozinha isto será o sinal , como noutros aspectos, que a Europa não é credível. Merci Sarkozy que reintegrou a NATO sem contrapartida.
Um dique para suster o islamismo , sem a participação da Europa, será levado na próxima enxurrada quando a França se retirar. E esse dique não pode ser só militar. O Mali sofre de males profundos, que é preciso tratar. Defender vigorosamente os valores comuns e mostrar-se intransigente sobre os direitos e liberdades não negociáveis é muito bem. Mas ajudar a economia do Mali a sobreviver seria ainda melhor. O Mali é um dos países mais pobres do planeta. Não é por acaso que Al Qaida o escolheu como base operacional.
Mas os USA, quando subvencionam "sans état d'âme" o algodão americano (politica Bush), laminando o preço do mercado, importam-se pouco com as consequências numa economia como a do Mali, onde o algodão é uma renda essencial e um vector de desenvolvimento sem substituto.

Anónimo disse...

A sensação de liberdade é, de facto, uma das sensaçōes de maior grandeza. Mas para chegar à liberdade total (quem será que lá chega?) é preciso um percurso de aprendizagem de longa prática. Porque mesmo em plena liberdade ainda vamos manter, muito tempo, aquele reflexo de autoreprimir certas palavras...
Permito-me uma advertência! Que as muitas solicitações não levem o Embaixador a um Rebelo de Sousa à esquerda...
José Barros

Anónimo disse...

Tem toda a razão,são muitos anos.... os portugueses até 25 de Novembro de 1975 estiveram fora da democracia....e actualmente as pessoas que sugam o estado através de várias seitas...florescem com os restos da riqueza que os nossos antepassados
deixaram....longa vida aos camaradas !......

Alexandre

Helena Oneto disse...

Meu caro Senhor Embaixador,
Apenas chegado a Lisboa e ja anda numa roda viva!

Anónimo disse...

caro embaixador

quem semeou ventos na libia colhe tempestades no mali...

disse com grande responsabilidade referia-se a parte do mali, nao?...

bom,
espero que ao menos estes nossos alinhamentos nos vao dando alguns frutos, zee incluida...


bem haja

EGR disse...

Senhor Embaixador:só quem pensasse que V.Exa.não tinha sido um diplomata de corpo inteiro poderia admitir que, de um dia para o outro, essa circunstancia deixaria de pesar em qualquer intervenção publica em que participasse.
Quanto ao que se passa no Mali é bem interessante a chamada de atenção que V. Exa faz para um problema que passa desperdecebida a opinião pública.

Isabel Seixas disse...

Gostei da Sua intervenção no programa e do cunho pessoal sóbrio e racional com que instruiu as respostas.

Achei assertiva a opinião e a tomada de posição expressa, face à intervenção militar francesa no Mali.

Lembrei-me de
William George Ward

"O pessimista queixa-se do vento, o otimista espera que ele mude
e o realista ajusta as velas."

Helena Oneto disse...

Senhor Embaixador,
So ontem vi o video e subscrevo o comentario de Isabel Seixas.

Quanto ao PS -e Antonio Costa- a sua intervenção foi bastante critica como foram as de Ana Sá Lopes e Miguel Pinheiro.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...