sábado, outubro 09, 2010

"Libération"

"Les Unes" do "Libération" é um calhamaço imenso (onde é que, um dia, vou guardar tudo isto?), quase com o tamanho natural do jornal, publicado há pouco, que nos traz as grandes primeiras páginas da história de 37 anos de uma publicação que mudou a história da imprensa francesa.

Enquadradas por excelentes textos, por lá estão algumas imagens de que bem me recordo, como leitor esporádico que sempre fui do "Libé" (agora, sou-o regular, por obrigação e por gosto). É um livro interessantíssimo, que nos revela a todos como éramos, aquilo de que nos fomos desligando, da imagem à escrita, do que era novo e que agora passou a vulgar. E que, por exemplo, nos recorda, tragicamente, que ainda no tempo do presidente Giscard d'Estaing (quem se lembra disto, hoje?) eram decapitados, aqui em França, os condenados à morte!

O "Libé" nasceu da onda maoísta pós-Maio 68. É curioso fixar, com a distância do tempo, o modo como Laurent Joffrin, hoje diretor do jornal, qualifica no prefácio a Revolução Cultural chinesa: "uma convulsão gigantesca e cruel desencadeada por um Mao em envelhecimento, para restabelecer o seu poder de utopia sangrenta". Joffrin diz que a evolução do jornal, de veículo militante para uma tribuna comprometida, foi por "ter compreendido que a ditadura de um partido leva sempre ao pior, que a liberdade não se divide, que ela é tão válida para os pobres e os excluídos como para os outros, que o indivíduo deve ser livre para lutar". Uma verdade que vale para a França, como vale para a China. Ontem como hoje.

8 comentários:

Anónimo disse...

"Eram" ou podiam ser decapitadas? Não me lembro que alguém o tenha sido nesse septénio...

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Anónimo. Aqui vão os nomes e datas das respetivas decapitações:
Christian Ranucci, 28.7.76;
Jérôme Carrein, 23.6.77;
Hamida Djandoubi, 10.9.77

Anónimo disse...

"A liberdade não se divide"...
(FSC:2010)

Não?!!!
Nem dependendo dos contextos?
Isabel Seixas

Cunha Ribeiro disse...

Lembro-me de Valéri Giscard D`Estaing; da fronteira rigorosamente vigiada de Hendaye; do carimbo vermelho no passaporte; dos polícias a pedir os "paqpéis" ( documerntos) no "métro de Clichy".
Mas também recordo a tranquilidade nocturna dos Boulevards; a limpeza fantástica de ruas e avenidas...

Como tudo isto mudou !...

Anónimo disse...

Desconhecia - obrigado. Julgava que apenas existia a pena de morte, mas que não era aplicada.

Anónimo disse...

Inacreditável e horrendo, essas decapitações! Desconhecia tal. E em pleno Século XX e meio! Realmente!
P.Rufino

patricio branco disse...

"Que bom ler um jornal francês quando não se tem à mão um inglês"

patricio branco disse...

preferível dizer execuções a decapitações, para o meu gosto

Ai Europa!

E se a Europa conseguisse deixar de ser um anão político e desse asas ao gigante económico que é?