domingo, outubro 03, 2010

Nascimento da República

Durante o mês de agosto, recebi do presidente da Câmara Municipal de Vila Real um simpático convite para participar nas comemorações da implantação da República. Vila Real é a minha terra natal.

Pediam-me que, na noite de 3 de outubro, fizesse uma intervenção pública, por ocasião do descerramento de uma lápide junto de uma casa onde, nos tempos que antecederam a Revolução, decorreram reuniões  da conspiração republicana. O último desses encontros foi em 3 de outubro de 1910, quando os conjurados aí então se reuniram, pela última vez, antes do assalto ao poder.

Por uma óbvia curiosidade, perguntei onde se situava, na cidade, essa casa. Fui informado que era na rua Avelino Patena, a conhecida "rua da Travessa", no centro da cidade. Inquiri sobre o número da porta. O meu interlocutor não sabia. Uns dias depois, esclareceu-me: era o nº 44.

Ontem à noite, sob a intempérie que massacrou o Norte, lá estive a falar da República, em frente ao 44 da rua Avelino Patena.

Pude então revelar que aquela havia sido, precisamente, a casa onde eu nasci...

Quem quiser ler o texto pronunciado, pode fazê-lo aqui.

8 comentários:

Anónimo disse...

Como nao estive lá, lancarei de cá e, aos quatro ventos, um VIVA à REPÚBLICA PORTUGUESA.
Francisco F. Teixeira

Helena Oneto disse...

A vida, por vezes, dá-nos grandes alegrias e por isso -e talvez não só por esses bons momentos- vale a pena viver.
A sua magnífica lição de História que pronunciou na casa onde nasceu é um louvor a Portugal e um hino à Liberdade!
Viva a Republica!

Alcipe disse...

POEMA REPUBLICANO

Feliz quem tem uma terra
e nessa terra uma casa
e nessa casa
a memória de uma esperança.

Do meu avô maçon eu pouco sei,
do meu avô monárquico pouco lembro:
mas eu não tenho terra natal
nem casa de família,
nem sei onde conspirava o maçon
(o avental
foi entregue no velório,
para surpresa da família)
nem onde tertuliava o monárquico
(admirador de Salazar, mesmo assim)
só ouvi falar meus pais
do MUD Juvenil,
de Soares, Zenha e Maria Barroso
e isso era a República para mim!

Por isso toda a memória
para mim não tem lugar nem morada.

Saúde e fraternidade, meu amigo!

Alcipe

Anónimo disse...

Que coincidência extraordinária! Que Post interessante!
E mais um Viva à República!
P.Rufino

Cunha Ribeiro disse...

Olhem! Lá está a casa!
Ontem quis fazer o reparo da falta da foto da casa... Mas parece que o comentário se perdeu na Blogosfera.

Mas esta casa não é ali mesmo em frente àquele restaurante que agora serve magníficos pratos da Índia?

Helena Oneto disse...

Tim Tim,
Que lindo este seu poema!

Anónimo disse...

"Por isso toda a memória
para mim não tem lugar nem morada."

Que bonito...
Mas permita-me(interagir) para mim
Toda a memória sustenta o meu lugar e morada e delineia ás vezes indelével a minha linha de conduta.

Subscrevo o P. Rufino E a Helena.
Isabel Seixas

A propósito ainda que irrelevante de que cor está pintada a casa...

avelino leite araujo disse...

Quis o acaso que viesse a conhecer o "2 ou 3 coisas" e nele este  "post" a propósito do discurso comemorativo da implantação da Republica, pelo seu autor.
A referência à rua Avelino Patena veio confirmar a minha suposição sobre a identidade  do meu ilustre conterrâneo.
Conheci a familia do 44, seus  Avós , sua Mãe Cilinha, sua Tia Zinha, seus tios Luis, Rogério e Fernando.
Vem de Bornes de Aguiar o conhecimento das nossas familias.
No postal http://goo.gl/EKiOGU vê-se a casa dos seus Tios-Avós, do Sr.Zezinho e D.Eusebinha, a qual também foi dos filhos  Bi, Edgar (cedo foram para o Brasil) Mariazinha, Arlindo (do violino)  Zeca, Xiquinho (da loja e da guitarra) Fernandinho, Aldinha e, uf, da  Laurinha.
Nesse Largo, o do Cruzeiro, ficava a casa dos meus Avós e das minhas "férias grandes" (ainda lá está, sozinha)
Idêntico destino terá tido a Quinta do Pereiro, de seus Avós, em  Fundevila.
Com o Rogério, o Fernando e o Xiquinho disputei agradáveis partidas de "jogo de malha" que culminavam invariavelmente com dois quartilhos do melhor tinto da loja.
Recordo, como que se hoje fosse, o meu primeiro copinho que bem me custou...
Recordo tudo isto com muita saudade, mas simultaneamente com o prazer de o ter conhecido ainda que nestas  circunstâncias.
P.S. Creio que comigo concordará, ser este "flash back" familiar, impublicável no seu blogue que, aliás,  passei a seguir. Não significará isso que não possamos cruzar recordações da Bila onde vivi entre 1943 e 1954.

Cumprimento-o afectuosamente

Avelino Leite Araujo
Quinta da Rosa
2560-581 Torres Vedras

avelino.araujo@gmail.com

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