domingo, junho 09, 2013

Regresso ao Brasil

Gostei muito de regressar ao Brasil, ainda que por escassíssimos dias, transformando-me numa espécie nova do "português-de-torna-viagem". Vim ao Ceará, cuja comunidade luso-brasileira teve a imensa simpatia de se lembrar de mim, para um prémio anual que atribui. Um gesto e um convite que me confirmaram que os tempos em que por aqui trabalhei não foram em vão.

As relações entre o Brasil e Portugal têm ciclos muito distintos entre si. Ao tempo em que chefiei a embaixada portuguesa em Brasília, a grande vaga de entusiasmo pelo investimento português no Brasil já se tinha atenuado um pouco. As primeiras desilusões faziam-se então sentir, alguns investimentos passavam por uma reconversão ou redimensionamento, muitas PME's testavam ainda a sua aventura num mercado que tem caraterísticas muito peculiares e uma cultura administrativa que não é óbvia para quem vem da Europa. Ao tempo, a tibieza do investimento brasileiro em Portugal continuava a ser a regra do jogo, embora alguns novos sinais positivos fossem já evidentes, que aliás vieram a confirmar-se no futuro. O comércio bilateral chegou a crescer a olhos vistos, mas o escasso valor acrescentado e a natureza dos fluxos tornava as taxas de crescimento mais espampanantes do que aquilo que era o seu real impacto sobre as respetivas balanças comerciais. O turismo comportava-se bem: compensando a redução da vaga portuguesa para o Nordeste, que, confesso, sempre interpretei como conjuntural, o Brasil passou a descobrir Portugal como destino, num ritmo ajudado pela TAP e pelo comportamento do real face ao euro.
  
Esses eram também os tempos de uma forte vaga migratória brasileira para Portugal, gerida pelos governos de Lisboa com uma assinalável abertura. Nem sempre o Brasil entendeu bem que era inviável para nós - um país do tamanho de Pernambuco e com a população do Paraná - abrir, por completo, as portas da legalização a todos os brasileiros que nos procurassem. Mesmo assim, cerca de 120 mil brasileiros andavam então, legal ou ilegalmente, por Portugal (em percentagem, face à população portuguesa, era a mesma coisa que tivessem vindo para o Brasil, em escassos anos, bem mais de 2 milhões de portugueses!). Aliás, os portugueses que, nesses tempos, procuravam o Brasil também se defrontavam com restrições à sua fixação, nomeadamente ao reconhecimento das suas qualificações. É da lógica das coisas que cada Estado procure acautelar os seus interesses nacionais, apenas se exigindo que isso seja feito com transparência e sentido de reciprocidade, desligados de qualquer deve-e-haver histórico.

As coisas deram, entretanto, algumas importantes voltas. A crise económica internacional revelou cruelmente as fragilidades da nossa economia e, pelo tempos mais próximos, as suas incontestáveis limitações e o seu potencial de relevância no contexto da economia brasileira. Os fluxos migratórios inverteram-se de novo, com tudo o que isso acarreta na mudança das premissas da equação bilateral. Perante um Brasil em cuja incontestável pujança económica surgem também algumas preocupações, que o passado mostrou que podem, com facilidade, redundar em atitudes de menor abertura, fico com a sensação de que a presença empresarial portuguesa passa hoje um período menos otimista ou, pelo menos, com algumas interrogações longe de superadas.

A relação bilateral vive, assim, e naturalmente, um tempo diferente. O qual, em certos domínios, poderá ter de aguardar por melhores dias, o que coloca novos problemas e, por isso mesmo, exige respostas criativas. Estou confiante em que, com o tempo, as soluções acabarão por surgir, tanto mais que as diplomacias portuguesa e brasileira dispõem hoje, respetivamente em Brasília e em Lisboa, de dois embaixadores de uma rara qualidade. Mesmo se a melhor diplomacia não consegue resolver tudo, se não tem condições para superar certas idiossincrasias e os correlativos impactos, tenho a certeza que ela se constituirá sempre como um suporte seguro para a preservação da dose necessária de realismo. Porque estou convicto que os interesses comuns, a prazo, apontam no mesmo sentido, qualquer que seja a perceção que disso possam ter as atuais lideranças em ambos os países.

sábado, junho 08, 2013

Dia de Portugal

Vem aí mais um Dia de Portugal. Infelizmente, não vou poder aceitar o convite para estar presente na cerimónia em Elvas, experimentando a minha nova e curiosa qualidade de membro do corpo diplomático em Portugal, enquanto diretor executivo do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa. O avião que me trará do Brasil não chegará a horas que me possibilitem a deslocação a Elvas.

Todos os anos, olho sempre com alguma curiosidade para a lista dos condecorados no Dez de Junho. Por ela confirmo juízos sobre pessoas cuja ação meritória o país entendeu finalmente dever reconhecer publicamente (lá figura um nome que, como embaixador, eu próprio já havia proposto por mais de uma vez), aprendo a respeitar nomes de compatriotas que se distinguiram em domínios às vezes insuspeitados e encontro, aqui ou ali, escolhas que me parecem francamente deslocadas, num juízo de aquilatação relativa. Outros, nomeadamente os que tomam essas decisões, pensarão de forma oposta à minha, claro. É da natureza destas coisas nunca serem totalmente consensuais, embora o bom senso recomende que devam sempre tender a sê-lo.

Há precisamente uma década, também eu subi ao palanque para receber, das mãos do chefe do Estado, a mais elevada comenda a que qualquer servidor público pode ambicionar, atribuída por razões então divulgadas, que me não cabe a mim julgar ou agora reiterar. Digo isto para que se compreenda que o que a seguir vou dizer não pretende vantagens em causa própria.

Ao longo dos anos, um pouco como acontece com os militares, havia-se criado a regra de distinguir, no Dia de Portugal, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, um embaixador de Portugal que, por uma carreira distinta ou por ações diplomáticas "valerosas" (como disse o poeta que marca o dia), se houvesse destacado na execução dessas suas funções públicas. Era um testemunho de reconhecimento do Estado em domínios de soberania que, pela sua seletividade e raridade, funcionava, entre nós, como uma espécie de "benchmark" de mérito (embora, também aqui e uma vez mais, a doutrina por vezes se dividisse quanto à justeza da escolha feita). E era um gesto que, do mesmo modo, não deixava de ter algum significado perante os nossos pares estrangeiros, bem como face aos países onde estávamos ou iríamos ser acreditados. Os outros Estados, onde estas coisas também se praticam, frequentemente em moldes similares, sabem bem interpretar o que significava terem, como representante diplomático português, um embaixador titular da mais elevada condecoração do seu país.


Agora, de há uns tempos para cá, ou é desatenção minha ou desapareceram embaixadores nas listas dos condecorados no Dia de Portugal. Não quero fazer disto uma polémica, mas, com esta realidade, pode criar-se a impressão de que a função diplomática terá decaído nas tabelas de apreciação dos poderes públicos. Se assim fosse, isso seria de uma imensa injustiça e motivo de grande estranheza. É que, com ênfase, regularidade e de uma forma que não quero crer ser apenas retórica, quer o chefe da diplomacia quer o chefe de Estado têm vindo a destacar o importante e cada vez mais difícil trabalho que, em particular nos últimos anos, é discretamente realizado pela carreira diplomática portuguesa, na tentativa de salvaguarda do prestígio e dos interesses do país na ordem internacional. Assim, só posso deduzir que, não devendo essa perceção negativa corresponder à realidade, haverá novos critérios, seguramente ponderosos mas que, para mim, não são nada evidentes.

sexta-feira, junho 07, 2013

Somas

Leio no "Expresso" online há pouco:  "PS e PCP já valem 50% juntos".

Há fantasias aritméticas que, por mais ridículas que sejam - e esta é-o! -, não são inocentes quando publicadas! 

Facas

Estar em Nova Iorque, como embaixador, aquando dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, tornou-me testemunha de um agravamento súbito das regras de segurança que passaram a vigorar em toda a sociedade americana e que logo se espalharam pelo mundo. Em particular, assisti à compreensível histeria que passou a marcar as viagens aéreas, dando origem ao modelo, mais ou menos generalizado, que hoje vigora e que transformou a generalidade dos aeroportos em locais desagradáveis, morosos e fatigantes.

(Uma curiosidade: três décadas antes do 11 de setembro, nos anos 70, recordo-me que o "shuttle" aéreo entre Washington e Nova Iorque funcionava da seguinte forma: colocávamos a bagagem num balcão, recebíamos uma senha para a recuperar mais tarde, davam-nos uma outra senha numerada para embarcar, os lugares não eram marcados e pagava-se o bilhete às hospedeiras já a bordo, durante a viagem. Controlo de segurança era um conceito desconhecido. Aqui sim, pode aplicar-se com propriedade a expressão "bons tempos".)

Ontem, ao viajar na TAP entre Lisboa e Fortaleza, dei por mim a refletir sobre o facto dos talheres da refeição serem todos de metal. E a recordar que, aqui há uns anos, no serviço de bordo de muitas companhias aéreas, mesmo em primeira classe e classe executiva, só havia, durante muito tempo, facas de plástico, mesmo já em épocas anteriores ao 11 de setembro. O curioso é que essa medida de "segurança" coexistia com o uso corrente de garfos metálicos e de copos, bem como de pequenas garrafas de vidro, instrumentos que, no caso de uma ação violenta, seriam tanto ou mais perigosos que as facas. Sendo que os riscos não parece terem diminuído, já me tenho perguntado por que raio de lógica, nesses tempos, as facas eram de plástico e sã hoje de sólido metal. Que mudança de critério terá tido lugar na cabeça dos especialistas? E, já agora, qual é a razão pela qual, ainda hoje, não nos permitem viajar com uma navalha ou um canivete mas, logo de seguida, nos põem à disposição facas metálicas?

Não se veja no que acabo de escrever uma qualquer defesa do regresso às sinistras facas de plástico, aliás inusáveis em bifes e com as quais tive "acidentes" gastronómicos que só quero esquecer. Mas devo reconhecer que, tendo hoje direito no voo a uma faca operacional à mão, só os meus bons instintos (e o bom senso) me impediram de a utilizar para ameaçar um bando de energúmenos, exprimindo-se numa conhecida fala ibérica, que arengaram e gargalharam alto durante as mais de sete horas da viagem, não deixando descansar quem o consegue fazer em aviões ou quem, como é o meu caso, não conseguindo dormir, quer simplesmente ler, trabalhar e que ninguém o aborreça. 

quinta-feira, junho 06, 2013

Aprendizagem de uma nova vida

Afinal, não aprendo nada. 

Nos últimos anos, em Paris, confrontado com uma vida diária muito cheia, fui alimentando a ilusão interior de que, regressado que fosse a Portugal, a minha vida mudaria drasticamente. Planeei idas a museus, assiduidade a concertos, encontros com amigos, leitura de livros atrasados, revisão de filmes que havia perdido, audição de conferências (este post nasce da constatação de que faltei ontem a uma imperdível conferência de Jacques Delors).

Comecei a minha "reforma" assim, com esta ilusão. Ela durou escassos dias.

O confronto com a realidade provou-me que tudo é muito diferente. A agenda começou a encher-se, as viagens a aumentar, os compromissos encavalitam-se uns sobre os outros e a dificuldade em dizer não a uma multiplicidade de solicitações, feitas por amigos interessados, revela-se em todo o seu esplendor. De início foram apenas algumas entrevistas, depois começaram os livros para apresentar, os colóquios e ofícios correlativos em que sou convidado a participar, bem como alguns estimulantes exercícios de "brainstorming" sobre temáticas internacionais em que, com algum prazer, me envolvo. Acresce que Lisboa é uma cidade pouco "friendly" para deslocações, com um tráfego imprevisível. Os eventos começam frequentemente mais tarde do que estava previsto, prolongando-se para além da hora. Eu próprio gosto de ficar a conversar, a rever gente, a "ganhar" tempo, perdendo-o. E, no topo de tudo isso, chego ao fim do dia (Eu sei! É a idade...) derreado, com pilhas de jornais por ler, a pedir "sopas e descanso", "zappando", num sofá, entre dois sonos e vários canais. Nem ao "Procópio" já vou com a assiduidade costumeira e a que o dever de tertúlia obriga.

Está bem, mas há os fins-de-semana! Pois isso! Ainda ontem respondi a um amigo que, daqui até ao final de julho, só tenho duas datas livres para almoçar, em sábados ou domingos. E descobrir, como fiz hoje, que tenho três textos por concluir, duas conferências para preparar, pilhas de (novos) livros por ler, que há meses que não paro meia hora para ouvir uma música, que já saiu de cena aquela peça que queria muito ver. E que nem consegui uma hora para ir à feira do livro! Que, em quatro meses, não fui a um único cinema! Que diabo! Terá de ser sempre assim?

Bom, afinal sempre aprendi qualquer coisa: no fundo, tenho esta vida apenas porque quero. Ninguém ma impõe. As escolhas são sempre nossas. Mas, como diria o Variações, "o corpo é que paga". Pelo que o verdadeiro aforismo é: quem corre por gosto também cansa.

quarta-feira, junho 05, 2013

Adeus, António

Está bem! Por uma e última vez, faço-lhe a vontade, trato-o por António, coisa que nunca antes fiz, muito embora você me tivesse notado o ridículo que era o facto de que, sendo nós tão amigos e tão próximos, eu teimasse em tratá-lo sempre por “embaixador”. 

Faço-o agora e na hora da sua morte, que há dias por aqui pressenti. Quer saber agora porque persisti nesse tratamento cerimonioso? Porque, não obstante, ao longo da minha carreira, ter sido chefiado por vários outros embaixadores, de quem sempre fiquei amigo, devo-lhe a si, António, a mais humana leitura do modo como se deve estar nesta “arte” de nos representar pelo mundo, com atenção aos outros, com a perceção e o respeito pela diferença, com a sua incessante curiosidade pelo novo e, muito em particular, pelo seu sentido patriótico no exercício de uma tarefa única, que, salvo para um bando de ignorantes patetas, estará sempre muito para além de uma simples profissão.

Um dia, espero ter tempo e engenho para contar as nossas divertidas aventuras nessa Luanda de uma Angola em guerra, as conversas pelas noites da Anunciada Velha (onde pensávamos, precisamente este ano, passar uns serões consigo e com a Sofia, repetindo uma saltada aos petiscos vizinhos, na dona Céu), os dias em que estivemos em Itália, onde eu lancei, para sua irritação, o "neovaticânico" conceito das “tostas místicas”, consigo a levar a sério a minha “ameaça” de lhe cortar, do quadro do pessoal, o conselheiro eclesiástico – o mesmo que, há pouco, na Estrela, oficiou religiosamente, perante os muitos amigos seus que ali vieram, a sua derradeira despedida.

Há semanas, falámos pela última vez, por uns minutos breves, no ambiente assético dos cuidados intensivos do hospital. No meio de temas que lhe iam e vinham à memória já frágil, revelou-me então que gostaria de ter escrito mais sobre a Alemanha, onde havia passado um tempo que foi histórico. Estava muito cansado, com as forças e as conversas a fugirem-lhe. E senti-o a afastar-se irremediavelmente de todos nós. Isso aconteceu agora.

Fico feliz pelo facto de, um dia, me ter dado o gosto de prefaciar o seu “Diário da Guiné”. Nele deixei o mais sincero retrato que consegui fazer de si, ao longo destes anos de amizade imaculada, de imenso respeito e admiração pelo “meu embaixador”. Reproduzo as últimas linhas desse prefácio, sobre o seu papel como diplomata, como homem e, principalmente, como português:

“Ele representa um país, e representa-se nesse país, que sabe ser uma ilusão melhorada do Portugal oficial que existe por detrás das ordens que recebe, e escuda-se sempre, com um inquebrantável optimismo, na sua visão do que Portugal poderia ser: um país de bem, tomado por uma alegria que não seja apenas breve, capaz de sustentar o sucesso, uma terra de tradições saudáveis, de palavra respeitável, pátria suculenta de sopas de favas e de primas em férias, de caturreiras à lareira das ilustres casas, pelas cidades e as serras da memória feliz de tempos que porventura também nunca existiram, a não ser na imaginação de quantos, saudavelmente, ainda acreditam num certo Portugal eterno. Como António Pinto da França.

Era assim, António, era assim que eu o via. É assim que o recordarei, com uma imensa saudade e um forte e muito amigo abraço nosso à coragem ímpar da Sofia.

terça-feira, junho 04, 2013

A via farmacêutica para o socialismo

"Há aqui uma única preocupacão que é a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde a todo o custo, apontando todas as baterias para o setor privado, quando, em tudo quanto é de responsabilidade de gestão do Ministério da Saúde, não há dúvidas que aí é muito permissivo" (...) "O que se passa é que muitas vezes o setor privado tem medo e não enfrenta o Estado".

Quem disse isto hoje numa entrevista ao "Diário de Notícias"? Algum conservador radical desiludido com o facto do Governo não estar a ir suficientemente para "além da troika"?

Não! O candidato do PS à Camara Municipal de Cascais!

Em tempo: também no "Diário de Notícias", mas de 5 de junho, vem publicado o seguinte: "O secretário de Estado adjunto da Saúde, Leal da Costa, disse ontem que Portugal vai precisar de um Serviço Nacional de Saúde "eminentemente público", "por muitos e longos anos". É muito interessante contrastar esta declaração de um político de um governo conservador com a posição de um candidato autárquico do PS.

Sondagens

Com um bom amigo polaco, que veio beber comigo uma Wiborowa gelada ao bar do Hyatt, aqui em Varsóvia, ao final da noite de ontem, comentei as sondagens que, segundo a imprensa de ontem, punem de forma pesada o primeiro-ministro da Polónia, Donald Tusk, curiosamente nas vésperas da sua visita oficial a Portugal.

Veio então à baila, por similitude, o grau de popularidade dos atuais dirigentes politicos portugueses e, com algum realismo, não pude deixar de comentar que, no nosso país, os governantes também estavam a obter muito maus resultados nas pesquisas de opinião.

Com cara séria, o meu amigo polaco comentou:

- Eu sou muito cético! É sempre prudente desconfiar das sondagens. É que, muitas vezes, elas dizem a verdade...

segunda-feira, junho 03, 2013

Polónia

Por razões que seria fastidioso explicar, mas que se prendem essencialmente com a leitura que faço dos equilíbrios desejáveis no seio da União europeia e da Europa - que são coisas um pouco distintas - fui sempre um apologista da entrada da Polónia nas instituições comunitárias. Aculturei essa perceção com António Guterres, cuja determinação europeísta cedo soube marcar o rumo oficial português perante o processo de alargamento.

Cheguei há algumas horas a Varsóvia, para encontros profissionais, no quadro da minha nova vida de "ex-aposentado" - para recuperar a feliz designação que me foi atribuída por um comentador deste blogue. Já aqui não vinha há uma década. Entre 1995 e 2003, visitei várias vezes a Polónia, sempre em trabalho, acompanhando António Guterres e o presidente Jorge Sampaio, mas igualmente para proferir conferências (duas vezes no magnífico Instituto europeu de Natolin, outra a convite de antigo MNE Bronislaw Geremek, para falar a jovens polacos, no âmbito da Fundação Jean Monnet, a que presidia) ou a chefiar missões bilaterais. Também no âmbito da OSCE me desloquei a Varsóvia, ido de Viena. (O meu amigo e ex-jornalista do "Expresso" Luís Tibério espalhava aos quatro ventos que, durante anos, quando me tentava telefonar, eu estava sempre na Polónia....). Tive e tenho excelentes amigos polacos, na política como na diplomacia, todos tributários de uma cultura marcada por tempos muito difíceis, exigentes e frequentemente bem trágicos. E por uma magnífica capacidade de saber "dar a volta por cima" às coisas.

De cada vez que volto à Polónia fico surpreendido com a vitalidade deste país, com o seu crescimento, com a sua vontade de se afirmar como um poder sólido no contexto europeu. Conheço as linhas dominantes do pensamento estratégico que por aqui se cultiva, as preocupações com a evolução recente da Rússia, mas, igualmente, o cuidado posto no processo político que se desenvolve em dois vizinhos complexos: a Ucrânia e a Bielorrússia. E, naturalmente, é sempre importante acompanhar o sentido do diálogo entre Varsóvia e Berlim, bem como os vários capítulos da particular relação da Polónia com os Estados Unidos, agora que a França passou a contar menos na sua política de alianças. Um país não escolhe os seus vizinhos, pelo que há que perceber que, muitas das vezes, a sua liberdade para selecionar os seus amigos está ligada aos imperativos ditados por essa mesma vizinhança. E a Polónia contemporânea sabe bem perante quem tem uma dívida de gratidão, seja na ajuda à sua libertação da tutela soviética, seja, mais tarde, na sua integração europeia, com a liberdade e o progresso que daí lhe adveio.

Há semanas, num debate em Lisboa comemorativo do dia da Europa, contei uma história que me foi relatada, um dia, por um amigo polaco, nascido em Varsóvia, no final da guerra. A capital polaca era então uma montanha de escombros. Esse meu amigo cresceu nesse ambiente, que estava, no tocante a Berlim, muito bem retratado no impressionante filme de Rosselini cuja projeção tinha antecedido as nossas intervenções (de Viriato Soromenho Marques, de José António Pinto Ribeiro e de mim próprio, para além de representantes das embaixadas francesa e alemã em Portugal). Um dia, os pais desse meu amigo, então com cinco ou seis anos, levaram-no a Cracóvia. Era e é uma belíssima cidade, felizmente poupada pelas destruições da guerra, que fica próxima do campo de concentração de Auschwitz. Para esse amigo, então muito jovem, a surpresa foi imensa: no seu imaginário de criança, habituado à "paisagem" de Varsóvia, todas as cidades eram ruínas. Ora, afinal, havia cidades onde as casas estavam de pé, onde a guerra não parecia ter passado. 

Na minha intervenção no debate, procurei explicar que nós, em Portugal, durante a segunda guerra mundial, vivíamos como que "em Cracóvia", pelo que nunca poderemos entender verdadeiramente a Europa se não soubermos estar à altura das preocupações de quantos experimentaram um mundo bem mais dramático, feito de guerra, de morte, de ocupação, seguido de um totalitarismo violento, reciclado por ondas repressivas, que se prolongou por décadas. Não é, assim, de estranhar que esse países valorizem o desenvolvimento que entretanto obtiveram, à custa de imensos sacrifícios e renúncias. E que tudo isso molde a sua idiosincrasia nacional.

Nota: as belas casas que se vêm na imagem, na clássica praça Rynek, são reproduções feitas com base em documentos e desenhos anteriores à segunda Guerra mundial, um trabalho que só ficou concluído em 1962. Depois do conflito, a praça era apenas um amontoado de pedras e ruínas. 

domingo, junho 02, 2013

Declaração de inveja

Agora sim! Encafuado por algumas horas num "lounge" do aeroporto de Charles de Gaulle, esperando um avião para leste, e ao olhar, lá fora, o belo sol parisiense, revelo a minha assumida inveja pelo que deverá ser o ambiente, a alguns quilómetros daqui, no Jardin du Luxembourg. 

Só posso desejar que os meus amigos de Paris aproveitem o que por aí vier de verão, depois de todos estarmos a atravessar o longo inverno do nosso descontentamento. Em Portugal, finalmente!, parece que já há sol, talvez porque a "troika" ainda não consegue controlar isso. Ou talvez seja, como diria a Simone, o nosso "sol de inverno". 

Ainda os Balcãs

Um dia, contei neste blogue o seguinte episódio:

Foi há menos de 10 anos, em Sarajevo, a martirizada capital da Bósnia-Herzegovina. Era um jantar a que estava presente, como convidado e amigo do nosso representante diplomático, um membro do governo daquele país.

O equilíbrio político na Bósnia-Herzegovina, um país resultante da fragmentação da antiga Jugoslávia, é muito difícil, dado que, do executivo, fazem obrigatoriamente parte representantes de três diferentes etnias, com um complexo historial de conflito entre si: bósnios, croatas e sérvios. Não quero recordar a qual dos grupos étnicos pertencia o convidado local dessa noite.

O jantar tinha um caráter relativamente informal, no jardim da residência. Como não podia deixar de ser, a conversa cedo derivou para a política.

A certa altura, veio-me à memória que numa das minhas visitas a Sarajevo, nos anos 90, tinha conhecido um membro do governo da Bósnia-Herzegovina, pertencente a uma dessas minorias. Era um homem agradável e cordial, com quem eu havia criado uma forte relação de simpatia. Voltaria a encontrá-lo mais tarde, por duas vezes, na Grécia, onde ambos tínhamos ido a convite pessoal de Georgios Papandreou, atual primeiro-ministro, de quem éramos amigos. Perguntei por esse antigo ministro da Bósnia-Herzegovina.

Notei que o nosso convidado ficou um pouco embaraçado, mas respondeu:

- Está na Haia.

Ao meu lado, uma pessoa menos dada a interpretar, com a rapidez da nossa profissão, este tipo de informações, perguntou:

- Como embaixador?

Não sei se fui eu que me adiantei ou se foi o ministro que esclareceu que "estar na Haia" significava estar detido sob ordem do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, que julga os crimes de guerra e que tem sede na capital dos Países Baixos.

Como dois diplomatas portugueses presentes bem se lembrarão, mudámos logo de conversa...

Terão reparado que omiti no relato o nome do político em causa. Ontem, ao abrir um jornal, dei-me conta que o croata Jadranko Prlic - era ele a figura a quem eu me referia -, acaba de ser condenado pelo TPI para a antiga Jugoslávia a 25 anos de cadeia. Não posso deixar de ter um pensamento para a sua mulher e filha, pessoas bem simpáticas com quem muito conversámos, em tempos em que Jadranko ainda não tinha sido chamado a pagar pelos crimes que terá cometido.

Nota: O mapa acima publicado mostra ainda o Kosovo como "província autónoma" da Sérvia. Hoje, o Kosovo foi declarado país independente, embora esse estatuto continue a ser contestado pela Sérvia e não seja reconhecido por importantes setores da comunidade internacional. O mapa (que pode ser aumentado nele clicando) revela bem o "puzzle" étnico da região.

sábado, junho 01, 2013

Chuva

Com um calor "de rachar" em Portugal, será que há alguma coisa mais chata do que um dia frescote de chuva, com trovoada à mistura, como aquele que tenho aqui por Podgorica? Deve haver, mas é preciso procurar muito. 

Talvez só um dia molhado, na pasmaceira novecentista de Oliveira de Azeméis, com o Artur Corvelo e o Rabecaz a remoerem a nostalgia, feita de saudades definitivas da Lola, da Concha e de Lisboa, depois de uma bilharada melancólica na Couvada. Há sempre um Eça para tudo, felizmente.

A propósito, deixo este clássico de B.J. Thomas.

O fim das teimosias

Lembram-se dos tempos em que, numa tertúlia de amigos, num bar ou num café, debatíamos longamente se era mesmo aquela atriz girota quem entrava como personagem secundária num certo filme, se o escritor fulano era ou não equatoriano de nascimento, qual era o nome do secretário de Estado que tinha substituído um outro num determinado governo, as palavras exatas da última estrofe daquela canção, se uma citação estava precisa ou não? O tira-teimas só se fazia mais tarde, quando alguém obtinha a prova irrefutável da razão que lhe assistia.

Dou por mim numa mesa da "Gomes", em Vila Real, na minha adolescência, com o Albano Tamegão e o Guilherme Sanches, a desunharmo-nos em torno do nome certo da capital de uma ilhota do Pacífico ou daquela canção secundária dos Beatles. Numa tarde, na "sala verde" do ISCSPU, procurei, durante quase uma hora, com o Manuel Dinis e o Alexandre Chaves, recordar a designação de uma tasca de bons petiscos, lá para o Norte, em lugares que só o nosso comum exílio no Sul chamava à conversa. Atrasava-nos a entrada ao serviço na Caixa, depois do almoço, no Calhariz, encostados à montra da "Bijou", a teima, com o Murta e o Aldeia, em torno de quem tinha provocado um certo penalti ou se tinha sido o Oliveira Duarte ou o Nóbrega quem entrara para a ponta esquerda, na segunda parte de um certo jogo da seleção, em substituição do Simões. Lembro-me de discussões, com o António Franco e o Miguel Lobo Antunes, na parada da EPAM, sobre quem fazia parte de uma velha lista associativa ou o cargo exato de um ministro desse antigamente, procurando encher aquela vida fardada de verde, na insuperável estupidez dos dias de tropa. Levavam tempos infindos os debates no "Montecarlo", com o António Quelhas ou o Zé Carlos Serras Gago, à volta de uma expressão exata usada pelo Poulantzas ou pelo Daniel Guérin num determinado livro. Ainda me vêm à memória teimosias acaloradas, nos jantares no Trópico, em Luanda, com o Fernando Andresen e o Zé Guilherme Stichini Vilela, com os meios para provar quem afinal tinha razão numa caturreira qualquer (embora eu tivesse levado para lá a minha "Encyclopaedia Britannica") a milhares de quilómetros de distância. E, para sempre, ficaram-me madrugadas longas no "Procópio", onde, também a propósito  de um facto ou de um nome, cruzávamos vários bitaites, com a memória de elefante do Nuno Brederode ou o gosto pela trívia do António Dias a ganharem quase sempre a partida.

Onde isso vai! Falava deste assunto ontem, ao jantar, com amigos eslovenos e letões, nos arredores de Podgorica, capital do Montenegro, na varanda da um restaurante sobre o Morača, o rio de onde tinham saído as trutas que nos serviam, regadas a um sucedâneo vinícola local.

(Diga-se que, em jeito de trutas balcânicas, não estavam à altura de umas que, com a Ana Gomes e o António Monteiro Portugal, comi um dia em Pale, na República Srpska, a poucas centenas de quilómetros daqui, e, claro, não aguentavam o exigente "benchmark" das que o saudoso "Santa Cruz" servia, lá por Boticas, lardeadas com presunto).

Tudo isto para dizer que chegámos à conclusão que o Google (ou o Yahoo! ou o Bing, para os mais esquisitos), convocado pelo iPhone ou pelo Blackberry de alguém, veio acabar em definitivo com essas discussões, porque agora, em breves segundos, ficam resolvidas todas as dúvidas e se evita bruscamente o prolongamento dos argumentos, por mais contraditoriamente sábios que eles sejam. 

É muito melhor assim? Claro que é! Mas que esses tempos de grandes e teimosas discussões tinham a sua graça, lá isso tinham...

sexta-feira, maio 31, 2013

Wolfe

Montenegro, onde me encontro desde ontem, é um nome algo mitológico em alguma literatura europeia, evocando o ambiente misterioso de uns Balcãs que, com frequência com forte razão, apareceram associados registos de mistério, intriga e violência.  

Há pouco, dei por mim a pensar nas personalidades montenegrinas de quem me recordava, para além, naturalmente, dos colegas diplomatas com que fui cruzando, alguns deles ainda tributários da excelente escola de diplomacia que existia na antiga Jugoslávia e que marcou muito, embora de forma diferenciada, os diversos países que resultaram da implosão do Estado criado por Tito. E cheguei, de imediato, a Nero Wolfe.

Nero Wolfe foi, verdadeiramente, o primeiro montenegrino que "conheci". Na minha adolescência li muitos romances policiais de Rex Stout onde a figura do sedentário e avantajado Wolfe, nascido no Montenegro e emigrado na juventude para os "States", acolitado pelo ativo Archie Goodwin, resolvia pela inteligência os mais complexos imbróglios.

Também eu, como muitos "fanáticos", procurei um dia, em Nova Iorque, a casa de pedra castanha onde Nero Wolfe teria "vivido", na West 35th street (onde não há casas de pedra castanha...). Devo dizer que passei a olhar as orquídeas de outra forma depois de ler as descrições que Stout fazia desse "hobby" requintado de Wolfe. E que a gastronomia começou a ganhar para mim uma importância maior nas páginas em que Stout descrevia os requintes alimentares da sua personagem (bem antes de Vázquez Montalbán, nos seus policiais, nos ter ensinado os truques culinários de Pepe Carvalho ou do Francisco José Viegas nos abrir o apetite com os gostos mais prosaicos de Jaime Ramos).

Neste último capítulo, e cá por coisas, sou hoje levado a pensar que não terá sido no Montenegro que Wolfe se aculturou à alta culinária... 

quinta-feira, maio 30, 2013

Montenegro

Os acasos das funções levam-nos, por vezes, a sítios inesperados. Saído de Lisboa às seis e tal da manhã, cheguei há pouco a Podgorica, capital do Montenegro, um jovem país que emergiu dessa complexa realidade que foi a ex-Jugoslávia. Basta dizer que se encontra rodeado pela Croácia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Kosovo e Albânia para melhor se entender o que a "balcanização" significa. E convém também não esquecer que o Montenegro tem duas "jóias" turísticas fabulosas - Kotor e Budva - na costa adriática e, lembrou-me o prolixo taxista que me trouxe do aeroporto, soberbas montanhas no nordeste do país.

Há quase uma década, eu havia passado, em férias, na periferia de Podgorica, ao viajar entre a curiosa antiga capital do Montenegro, Cetinje, e a cidade albanesa de Shkoder. Na altura, havia ficado com alguma pena de não visitar a moderna capital montenegrina. Agora, nos intervalos da conferência em que intervenho e dos contactos oficiais que vou ter, tenciono concretizar esse objetivo.

Contrariamente à mitologia "glamourosa" que rodeia a vida internacional, e no que me toca, devo dizer que há muitos países dos quais conheço apenas o aeroporto, o hotel, alguns departamentos do Estado e a paisagem do caminho entre tudo isso. Às vezes isso foi frustrante, outras vezes ter-me-á poupado desilusões. De toda a forma, e por mais caricaturais que acabem por ser as imagens que fixamos dos locais visitados, acabamos sempre por sair um pouco mais ricos de todas as experiências. 

quarta-feira, maio 29, 2013

Que raio!

Saí enraivecido de um hospital, onde fui ver um amigo. Um excelente amigo. Saí enraivecido com a vida dele, que tendo sido ótima poderia agora ser outra, mais do que com a morte, que não anda por aí senão para fazer o serviço que lhe compete.

Desde há uns tempos para cá, fico com a sensação de que familiares e amigos me escapam com uma alucinante rapidez, à medida que os dias passam. Aumenta assim o rol das conversas que ficaram por acabar. E que já não irei concluir. Tivesse eu jeito para isso e escreveria um livro imaginando as conversas que não cheguei a ter com todos os amigos que entretanto se me foram embora. Como dizem os brasileiros, seriam uns interessantes "papos" virtuais.

Por estas e por outras é que já percebi que se torna cada vez mais urgente ter as conversas com os amigos que por cá estão.

Em tempo: e o esperado aconteceu.

terça-feira, maio 28, 2013

Mia Couto

Com imensa justiça, o prémio Camões acaba de ser atribuído ao escritor moçambicano Mia Couto.

Não resisto a reproduzir uma história (verdadeira) que, há mais de quatro anos, por aqui contei, a propósito de um outro galardão entregue ao escritor.

Foi no Maputo, há já uns bons anos.

A lista dos condecorados era longa e o respectivo leitor, de nacionalidade portuguesa, era, manifestamente, uma pessoa pouco sensível às letras moçambicanas. Assim, sem hesitação, anunciou, a certa altura da solenidade: "E agora, vai receber a ordem X a Senhora Dona Mia Couto".

Um frémito de embaraço e riso sacudiu a audiência. Mia Couto, o excelente escritor de Moçambique, afivelou um sorriso por detrás dos óculos e da barba, encaminhando-se para o palco onde o presidente português o aguardava, claramente um pouco incomodado com a inesperada feminização do agraciado.

Um colega meu, de graça rápida, logo deixou cair, baixo: "Ainda bem que hoje não é condecorada a Senhora Dona Sara ... mago!".

segunda-feira, maio 27, 2013

Citação

Durante anos, uma expressão de um dirigente vimaranense constitui-se como uma graçola que ficou histórica: "o que é verdade hoje pode não ser verdade amanhã".

Todos gozámos com a frase, muitos a citámos. E, no entanto, os dias que ai andam deram plena razão ao respetivo autor.

Quem havia de dizer que, mês após mês, os números das previsões macro-económicas do país, ao não coincidirem (nem de perto, nem de longe!) com aquilo que havia sido anunciado, iriam transformar um tal Pimenta Machado num grande "clássico" português?

Esta é a outra vitória do Guimarães. A menos gloriosa.

sábado, maio 25, 2013

José Alberto de Sousa

Longe de Lisboa, não posso ir hoje despedir-me do meu amigo José Alberto de Sousa.

Na última vez que falámos ele estava em Timor-Leste e eu em Paris. Pelo telefone, convidou-me para ir a Dili, numa iniciativa em que estava envolvido, ao tempo que trabalhava com José Ramos Horta. As agendas não coincidiram e, a partir daí, perdemos o contacto, salvo esporádica troca de emails, que foram rareando com o tempo.

O Zé Alberto, de que muitos portugueses lembram a figura elegante e o estilo sóbrio na apresentação dos noticiários da RTP, foi um bom amigo que fiz quando, por algum tempo, coincidimos no MNE. Não esquecerei a forte cumplicidade que criámos e o sentido lúdico da vida que ambos partilhávamos. Reencontrámo-nos várias vezes e sempre parecia que nos tínhamos visto na véspera. Ele com o seu sorriso claro e o cigarro que lhe alegrava as horas e lhe ia apressando os dias. Custa-me muito imaginar que não vamos voltar a trocar as histórias da vida que nos alimentavam longas e divertidas conversas.

Um último abraço, Zé Alberto.

Russos

A porta-voz do governo russo pronunciou-se sobre as relações do seu país com Portugal: estão no mais baixo nível de sempre. A menos que Port...