Saí enraivecido de um hospital, onde fui ver um amigo. Um excelente amigo. Saí enraivecido com a vida dele, que tendo sido ótima poderia agora ser outra, mais do que com a morte, que não anda por aí senão para fazer o serviço que lhe compete.
Desde há uns tempos para cá, fico com a sensação de que familiares e amigos me escapam com uma alucinante rapidez, à medida que os dias passam. Aumenta assim o rol das conversas que ficaram por acabar. E que já não irei concluir. Tivesse eu jeito para isso e escreveria um livro imaginando as conversas que não cheguei a ter com todos os amigos que entretanto se me foram embora. Como dizem os brasileiros, seriam uns interessantes "papos" virtuais.
Por estas e por outras é que já percebi que se torna cada vez mais urgente ter as conversas com os amigos que por cá estão.
Em tempo: e o esperado aconteceu.
Em tempo: e o esperado aconteceu.
11 comentários:
Por essas e por outras.
É mesmo, meu caro amigo.
Um abraço
Caro Sr. Embaixador,
De certeza que terá a capacidade para fazer um livro sobre este tema.
Tema que também me atormenta e que o seu post reavivou.
Mas tentarei fazer o que sugere: "...ter as conversas com os amigos que por cá estão"
Cumprimentos
P.S: e se me permite farei, lá na minha tasca, o link para este seu post.
Imagina ter,entre os anónimos que aqui aparecem de vez em quando, familiares seus?
Palpita-me que não. E também tenho dúvidas sobre o seu interesse em continuar conversas inacabadas...
há já alguns anos.
O que é importante é não deixar coisas importantes por dizer. E mais das vezes, as coisas importantes são coisas muito simples. Porque decerto como dizia o Almada Negreiros: "...as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, (quando ele nasceu) só faltava uma coisa - salvar a humanidade.
José Barros
"Amigo é uma palavra profanada pelo uso e barateada a cada hora, como a palavra de honra, que por aí anda desvirtualizando a honra."
Autor - Castelo Branco , Camilo
Alexandre
Costumo guiar-me por um lema nesta matéria: "não morras com palavras por dizer nem gestos por fazer"!
Exma. Helena Sacadura Cabral, exceto se forem palavras e gestos feios (duros)! Não?
Caro Anónimo das 19:36
Acha-me capaz de gestos feios?!
Os lutos hoje em dia são mais dificeis do que dantes. Resigamo-nos muito dificilmente. Não sei se é bom ou não... mas fazem parte da vida.
O que custa muito é, raras vezes, sentir necessidade de ser duro com amigos. Duvidamos seriamente da nossa razão. Só em último caso se toma uma atitude, se se toma. Um pouco como o ditado que ouvia muito à minha mãe: “por causa dos santos adoramos as pedras”.
Foi este o sentido da minha questão.
A resposta da Exma Senhora Helena Sacadura Cabral deixou-me ainda mais insignificante…
A maioria das vezes entre o dito e o não dito fica tudo dito...
Se bem que é dificil lidar com a doença dos amigos, é talvez a situação de doença, a que ajuda, a dissociar os melhores e os maiores, através das diversas formas de manifestação de cuidado.
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