segunda-feira, dezembro 08, 2025

Se é assim, não!

Tem imensa piada constatar alguma indignação tuga em face da assumida agressividade americana contra a Europa. A maioria dessa gente acha que a Europa deve assumir-se como potência, autonomizar-se e garantir uma defesa autónoma, para não continuar a depender dos EUA. Mas, espera aí! Isso significa militarizar a Europa? Ah! Não, isso não! Pois...

Carlos Loureiro da Costa (1949 - 2025)



A cremação terá lugar pelas 16.30 no Cemitério do Alto de S. João, na quarta-feira, dia 9 de dezembro

domingo, dezembro 07, 2025

Europa

A União Europeia não é uma pátria, é uma agregação de Estados que entenderam que colaborar em conjunto em áreas que têm em comum constitui um valor acrescentado para os seus cidadãos. A minha pátria é Portugal, a Europa comunitária é uma opção de vida: livre e racional. 

sábado, dezembro 06, 2025

A Europa de que eles gostam


Ora aqui está um conselho do patusco do Musk que, se bem os conheço, vai encontrar apoio nuns maluquinhos raivosos que também temos por cá.

A ninguém é mais apropriado responder com a clássica frase: "Mind your own business!"

Que suerte!

Ao ler a "sorte" reservada à América Latina na nova Estratégia de Segurança dos EUA, lembrei aquilo que um dia foi dito ser o eterno destino do México: "Tan lejos de Dios y tan cerca de Estados Unidos" (frase que julgava ser de Porfirio Díaz, mas que afinal é de um tal Naranjo).

sexta-feira, dezembro 05, 2025

Não há pachorra!


A bica já tinha chegado.

- Ouviram falar do que aconteceu ontem em Loures? E com metralhadora! 

- (silêncio meu, comentários vários da "plateia").

- E nas aldeias?! Há cada vez mais casas assaltadas! Mas ninguém fala disso!

- (silêncio meu. Ouviu-se um "pois é").

- Isto está cada vez pior, não sei onde vamos parar.

Pausa

- E anda por aí a morrer gente de forma muito estranha. Mas ninguém quer falar, claro! É que já sabem o que lhes acontecia se falassem! Essa é que é essa! Quer mais um café? Não? Quer fatura?

- Quero!

O que há de novo na Estratégia de Segurança Nacional dos EUA 2025 (ChatGPT)

Perguntei ao ChatGPT que respondesse a esta questão:

• Supremacia no Hemisfério Ocidental e “doutrina Monroe” revisitada 

O documento reafirma uma versão atualizada da Monroe Doctrine — agora chamada de “Trump Corollary” — com o objetivo de garantir o domínio dos EUA sobre as Américas, vendo qualquer interferência externa (como da China ou Rússia) como ameaça. 

A estratégia propõe realocar a presença militar global dos EUA: dá prioridade ao Hemisfério Ocidental e reduz o envolvimento militar em regiões que o texto considera de importância menor para a segurança nacional. 

Há menção explícita ao reforço militar no Caribe e América Latina — inclusive com operações contra narcotráfico, controle de rotas marítimas e combate a cartéis. 

• Controle da imigração e “segurança das fronteiras” como prioridade 

A estratégia afirma que “a era das migrações em massa deve acabar” e coloca o controle das fronteiras como “o principal elemento da segurança nacional”. 

O texto associa a imigração descontrolada a várias ameaças: terrorismo, tráfico de drogas, espionagem e tráfico de pessoas — e define como meta impedir essas “invasões transfronteiriças”. 

• Revisão da presença global e redefinição de prioridades externas 

Segundo o documento, os EUA abandonam a ideia de “polícia do mundo”: recusam o papel de potência hegemônica global disposta a intervir em todos os conflitos. 

O texto sugere que os EUA só irão intervir quando for diretamente necessário para a segurança nacional ou para proteger interesses estratégicos — marcando um “realismo flexível” em política externa. 

A nova estratégia continua a apontar rivais como a Taiwan e a China (no Indo-Pacífico) como áreas de interesse, mas coloca menos ênfase na confrontação global imediata — evitando definir a China como “ameaça número um”. 

• Críticas à Europa: “declínio civilizacional” e advertência sobre futuro da aliança transatlântica 

A estratégia dedica parte substancial para criticar a Europa: aponta para o que chama de “declínio civilizacional”, ligado a migração, perda de identidade nacional, políticas de imigração e suposta erosão dos valores fundamentais. 

O documento adverte que, se as tendências atuais continuarem, a Europa poderá estar “irreconhecível” em 20 anos ou menos. 

Há um recado indireto para a estrutura de alianças: se muitos países europeus passarem por “erosão civilizacional” e declínio militar ou económico, isso afetaria a confiabilidade da aliança militar transatlântica. 


Que visão de mundo e prioridades isso reflete 

A estratégia consagra a ideia de que os interesses dos EUA estão primeiro nos “interesses nacionais” — soberania, segurança das fronteiras, controle migratório, domínio regional nas Américas — e não na manutenção de um ordenamento global baseado em alianças e intervenções prolongadas. 

Em termos geopolíticos, o documento assume que os EUA devem retornar a um papel de “potência hemisférica”, não de poder global intervencionista permanente. Isso altera profundamente a forma como os EUA planejam sua presença internacional. 
  
A estratégia mistura fatores de segurança (terrorismo, narcotráfico, fronteiras), económicos (interesses comerciais, controle de recursos estratégicos), e culturais/identitários (visão crítica sobre migração, identidade nacional, soberania), mostrando uma abordagem multifacetada, não puramente militar. 

O que há de novo na Estratégia de Segurança Nacional 2025 (Perplexity)

Pedi ao Perplexity (IA) que respondesse a esta questão

Há várias inovações substantivas neste texto face às estratégias de segurança nacional “convencionais” pós‑Guerra Fria, tanto de conteúdo como de estilo político‑doutrinário.

Rupturas de enquadramento geral

O documento rejeita frontalmente a ambição de “liderança global” ou “dominação” americana como objetivo legítimo, redefinindo a estratégia como defesa de um conjunto estreito de “core national interests” e qualificando as estratégias anteriores como listas difusas e maximalistas. Afirma explicitamente que a finalidade da política externa é apenas proteger interesses vitais e que muitas questões globais, por mais “dignas”, não devem ser objeto de ação americana prolongada.
Ideologia interna como variável de segurança

Há uma fusão inédita entre agenda interna e segurança nacional: combate a DEI, reindustrialização, energia fóssil, restauração da “saúde espiritual e cultural” e promoção de “famílias tradicionais” são elevadas a pré‑condições diretas da segurança externa. A defesa de meritocracia, oposição a “radical ideologies” internas e reforço do estatuto do trabalhador americano surgem como princípios estruturantes da estratégia, não apenas como política doméstica.

Migração e soberania: rutura programática

O texto declara que “a era da migração em massa acabou” e define controlo de fronteiras como elemento primário de segurança nacional, ligando imigração a “invasão”, crime, fragmentação social e ameaça à sobrevivência da república. A defesa da soberania é levada ao ponto de ver com suspeita organizações internacionais, ONGs transnacionais e mesmo a utilização da imigração para “construir blocos de voto leais a interesses estrangeiros”.

Relação com aliados e instituições

Surge uma doutrina de “burden‑shifting” mais dura: o texto proclama “fim dos dias em que os EUA sustentam a ordem mundial como Atlas” e introduz como novo marco a “Hague Commitment”, em que os aliados da NATO se comprometeriam a gastar 5% do PIB em defesa, indo muito além do objetivo de 2% consagrado em cimeiras anteriores. Paralelamente, recusa a lógica de alianças em expansão contínua (NATO) e insiste em condicionar ajuda e acordos à redução da influência de atores externos (sobretudo China) em infraestruturas e ativos estratégicos.

Doutrina regional inovadora

No hemisfério ocidental, formula um “Trump Corollary to the Monroe Doctrine”, declarando a preeminência americana no continente como condição existencial e assumindo o uso de força letal contra cartéis e redes de tráfico, bem como reconfiguração da presença militar para esse fim. Em África e no chamado “Sul Global”, substitui retoricamente a lógica de ajuda por uma orientação centrada em investimento, acesso a minerais críticos, energia (incluindo nuclear) e integração financeira em torno do dólar.

Economia, energia e tecnologia como eixo

A estratégia apresenta um programa de “reindustrialização” e reshoring como ferramenta central de segurança, articulado com o uso sistemático de tarifas, controlo de cadeias de valor estratégicas e “mobilização nacional” para reconstruir a base industrial de defesa, incluindo capacidade de produzir armamento barato em massa. No domínio energético, proclama “energy dominance” em petróleo, gás, carvão e nuclear, rejeitando explicitamente as agendas de “climate change” e “Net Zero” como desastrosas para EUA e Europa e como formas de subsidiar adversários.

Narrativa de “realinhamento pela paz”

O documento reivindica uma doutrina de “realignment through peace”: utiliza acordos de paz presidenciais, inclusive em teatros considerados periféricos, como instrumento deliberado de expansão da influência e abertura de mercados. Atribui a Trump um estatuto de “President of Peace”, com uma lista de oito conflitos supostamente resolvidos no início do segundo mandato (incluindo Israel‑Irão, Índia‑Paquistão, DRC‑Ruanda, fim da guerra de Gaza com libertação total de reféns), algo claramente distinto da prática e da retórica de estratégias anteriores.

A Rússia e a nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA

Pedi ao Claude (IA com influência forte da Amazon e da Google) para analisar as principais consequências para as relações entre os EUA e Rússia da nova Estratégia de Segurança Nacional americana

O documento da Casa Branca estabelece uma mudança significativa na postura americana em relação à Rússia, com implicações profundas para o relacionamento bilateral:

1. Prioridade à Estabilidade Estratégica

A estratégia identifica como interesse central dos EUA “reestabelecer condições de estabilidade estratégica com a Rússia” e “gerenciar relações europeias com a Rússia”, reconhecendo que muitos europeus veem a Rússia como ameaça existencial, mas que Europa possui vantagem militar significativa exceto em armas nucleares.

2. Resolução Rápida da Guerra na Ucrânia

O documento declara ser “interesse central dos EUA negociar uma cessação expedita das hostilidades na Ucrânia” para estabilizar economias europeias, prevenir escalada não intencional e permitir reconstrução ucraniana. Isso sinaliza disposição americana para negociação pragmática com Moscou, priorizando fim do conflito sobre objetivos maximalistas.

3. Reconhecimento das Dependências Europeias

A estratégia nota que a guerra teve “efeito perverso de aumentar dependências externas da Europa”, citando especificamente empresas químicas alemãs construindo plantas na China usando gás russo. Isso sugere compreensão americana de que isolamento total da Rússia prejudica aliados europeus.

4. Redução da Ênfase no Confronto

Diferentemente de estratégias anteriores, o documento não classifica explicitamente a Rússia como ameaça prioritária ou adversário principal. A seção europeia foca mais em questões internas europeias (migração, identidade, economia) do que em contenção russa.

5. Fim da Expansão da OTAN

A estratégia estabelece objetivo de “acabar com a percepção, e prevenir a realidade, da OTAN como aliança perpetuamente em expansão” - sinal direto a Moscou sobre preocupações russas históricas quanto ao alargamento da aliança atlântica.

6. Abordagem Pragmática versus Ideológica

O documento critica políticas anteriores que tentaram impor “mudança democrática ou social” em outros países, adotando “realismo flexível” que busca “boas relações e relações comerciais pacíficas com nações do mundo sem impor-lhes mudanças” - postura que pode facilitar diálogo com Moscou.

7. Foco no Equilíbrio de Poder

A estratégia enfatiza manter “equilíbrios globais e regionais de poder para prevenir emergência de adversários dominantes”, mas esclarece que isso “não significa gastar sangue e tesouro para conter influência de todas as grandes potências mundiais” - sugerindo tolerância maior à esfera de influência russa.

8. Declínio da Centralidade Europeia

Ao priorizar Hemisfério Ocidental e Indo-Pacífico sobre Europa, a estratégia implicitamente reduz importância estratégica das tensões EUA-Rússia no contexto europeu, potencialmente criando espaço para acomodação.

9. Crítica à Postura Europeia

O documento critica “expectativas irrealistas” de europeus sobre a guerra e governos que “subvertem processos democráticos para suprimir oposição”, sinalizando desalinhamento com abordagem mais confrontacional de capitais europeias em relação a Moscou.

Síntese: A estratégia marca pivô de confrontação prolongada para busca de estabilidade estratégica com Rússia, priorizando término negociado da guerra na Ucrânia e normalização pragmática das relações, mesmo que isso contrarie preferências de aliados europeus. Representa abandono do objetivo de “derrotar” ou isolar permanentemente a Rússia em favor de coexistência gerenciada que permita aos EUA focarem em prioridades asiáticas e hemisféricas.​​​​​​​​​​​​​​​​

A China e a nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA

Pedi ao Deep Seek (IA chinesa) que analisasse as possíveis consequências da nova Estratégia de Segurança Nacional 2025 para as relações EUA-China

O documento Estratégia de Segurança Nacional 2025 representa a consolidação e aceleração da visão estratégica dos EUA, moldada pela competição com potências revisionistas, com a China no centro. Suas implicações para as relações sino-americanas são profundas e multidimensionais, estabelecendo um caminho de rivalidade sistêmica gerenciada, com mínima margem para retorno à engajamento cooperativo anterior. As principais consequências podem ser sintetizadas em cinco eixos:

1. Consolidação da China como o "Desafio Estratégico Pacing" Principal

O documento encerra qualquer ambiguidade: a China é identificada como o único competidor com a intenção e, progressivamente, a capacidade de remodelar a ordem internacional. A estratégia não é de contenção clássica, mas de "competição para vencer" em todos os domínios (tecnológico, militar, económico, diplomático). A consequência imediata é a institucionalização da rivalidade como princípio organizador da política externa norte-americana, com todos os recursos do Estado alinhados para esse fim. Isso torna o conflito não um acidente, mas um risco intrínseco e permanente da relação.

2. Primazia da Competição Tecnológica e Securização das Cadeias de Abastecimento

A estratégia elege a luta pela superioridade tecnológica como o campo de batalha decisivo. Ações concretas de "decoupling" seletivo e "de-risking" tornam-se política de Estado permanente, com foco em setores de dupla utilização (como semicondutores, inteligência artificial, biotecnologia e energia limpa). A consequência direta é a bifurcação tecnológica global em esferas de influência norte-americana e chinesa. Isso forçará países terceiros a escolhas difíceis, fragmentará mercados e inovação, e criará uma "cortina de silício" que separará os dois ecossistemas. A segurança das cadeias de abastecimento, relocalização ("friendshoring") e controlo de exportações serão ferramentas constantes, elevando custos e reduzindo a eficiência económica global.

3. Militarização e Deterrência no Indo-Pacífico como Prioridade Máxima

O documento reforça o pivô para o Indo-Pacífico não como retórica, mas como realocação prática de recursos militares, de inteligência e diplomáticos. A estratégia de "campanha integrada de deterrence" visa dissuadir a China de ações militares, especialmente em relação a Taiwan e no Mar do Sul da China. A consequência será uma presença militar norte-americana mais distribuída, resiliente e integrada com aliados (Japão, Coreia do Sul, Austrália, Filipinas) na região. Isso aumenta o risco de incidentes e escalada, mas também estabelece linhas vermelhas mais claras. A modernização nuclear dos EUA, mencionada no contexto de deterrence contra potências nucleares, alimentará a corrida armamentista estratégica com Pequim.

4. Alinhamento de Forças: A Estratégia das Alianças e Quadros Minilaterais

Reconhecendo que a competição com a China não pode ser vencida sozinho, o documento aposta na ampliação e aprofundamento de alianças. A OTAN é chamada a olhar para a China, e parcerias como AUKUS, o Quad (EUA, Japão, Índia, Austrália) e coalizões ad-hoc (como em infraestruturas ou tecnologias críticas) são priorizadas. A consequência é a formação de blocos geopolíticos e geo económicos mais definidos. A China responderá com sua própria diplomacia de rede (via Iniciativa do Cinturão e Rota, SCO) e pressão sobre países em desenvolvimento para evitar o alinhamento total com Washington. O mundo tornarse-á mais polarizado e a margem para o não-alinhamento diminuirá.

5. Concorrência na Governança Global e Limitação da Cooperação

O documento enquadra a luta como uma batalha entre modelos de governança: a "ordem livre e aberta" liderada pelos EUA versus o "autoritarismo" chinês. A consequência é a instrumentalização de fóruns multilaterais (ONU, OMC, OMS) como arenas de competição, não de cooperação. Espaços para colaboração genuína em desafios transnacionais (como alterações climáticas, pandemias, segurança financeira) serão estreitos, condicionais e funcionais, nunca estratégicos. A crise climática, em particular, sofrerá com esta dinâmica, pois a cooperação tecnológica e financeira essencial será minada pela desconfiança mútua e pela competição por recursos e padrões.

Conclusão: Uma Nova Fria Guerra Estrutural

A principal consequência agregada da Estratégia de Segurança Nacional 2025 é a formalização de uma Nova Fria Guerra, de natureza principalmente tecnológica-económica, mas com um componente militar crescente. Diferente da Guerra Fria do século XX, esta é travada num mundo economicamente interdependente, com canais de comunicação abertos, mas com objetivos igualmente irreconciliáveis sobre a estrutura da ordem internacional.

As relações EUA-China serão caracterizadas por:

· Confrontação sistémica como norma.

· Coexistência competitiva com guarda-rais para evitar conflito armado direto.

· Cooperação mínima e tática, apenas onde absolutamente necessário.

· Uma corrida global por influência que dividirá o mundo em esferas de influência sobrepostas.

A estratégia fecha a porta a uma parceria construtiva e estabelece um longo período de tensão estrutural, onde a gestão de crises e a prevenção da guerra serão os objetivos mais realistas, em vez da busca de uma parceria estratégica. A estabilidade dependerá da clareza das linhas vermelhas e da existência de canais de comunicação de crise robustos, em um ambiente onde a confiança estratégica é praticamente inexistente. O mundo entrará numa era de bipolaridade conflituosa, com todos os riscos e custos globais que isso implica.

A Europa e a Nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA

Pedi ao Grok (IA do X, de Elon Musk) que sintetizasse as consequências para as relações com a Europa no novo documento estratégico dos EUA:

O National Security Strategy (NSS) de novembro de 2025, sob a segunda administração Trump, redefine as relações EUA-Europa com foco em “America First”, priorizando soberania nacional, partilha de encargos e realinhamento civilizacional. Europa é vista como vital, mas em declínio: perda de 25% para 14% do PIB global (1990-2025), devido a regulamentações sufocantes, migração em massa, censura, baixas natalidades e erosão identitária. O documento critica a UE e elites transnacionais por minarem liberdades e soberania, prevendo uma Europa “irreconhecível” em 20 anos se tendências persistirem.

Consequências Estratégicas e de Defesa:

• Fim da Guerra na Ucrânia: Prioridade em negociar cessar-fogo rápido para estabilizar economias europeias, evitar escalada e restaurar equilíbrio estratégico com a Rússia. Isso pode tensionar laços com governos pró-Ucrânia (ex.: Alemanha, Polônia), mas alinha com maiorias europeias pró-paz, criticando governos minoritários que suprimem oposição democrática.

• Partilha de Encargos (Burden-Sharing): Exige que aliados NATO atinjam 5% do PIB em defesa via “Hague Commitment” (endossado, mas não cumprido). EUA reduzirão presença militar na Europa, transferindo responsabilidade primária para europeus, com incentivos (acesso a tecnologia, comércio favorável) para quem alinhe export controls. Isso pressiona orçamentos, podendo dividir NATO: aliados “saudáveis” (Centro/Leste/Sul da Europa) beneficiam-se de vendas de armas e cooperação; outros arriscam marginalização.

• NATO Reformado: Fim à percepção de expansão perpétua, focando em defesa coletiva sem dominação adversarial (Rússia/China). EUA convidarão Europa a co-liderar estabilidade eurasiática, mas com realinhamento: mais autonomia europeia, menos dependência americana.

Consequências Económicas:

• Comércio Recíproco: Exige abertura de mercados europeus a bens/serviços EUA, combatendo protecionismo, dumping e roubo IP. Critica dependências europeias (ex.: Alemanha construindo na China com gás russo), promovendo realinhamento via Quad e parcerias com Índia/Austrália. Objetivo: reequilibrar défices comerciais EUA, usando alavancagem financeira para atrair investimento americano, fortalecendo dólar como reserva.

• Reindustrialização Conjunta: Incentiva Europa a abandonar “Net Zero” e ideologias climáticas “desastrosas”, priorizando energia dominante EUA (óleo, gás, nuclear). Cooperação em minerais críticos e IA, mas com tarifas EUA para proteger trabalhadores americanos.

Consequências Políticas e Culturais:

• Apoio a Soberanistas: Cultiva “resistência” à trajetória atual, apoiando partidos patrióticos (ex.: via diplomacia, trocas culturais). Defende democracia genuína, liberdade de expressão e identidade europeia contra migração descontrolada e censura. Isso fortalece laços com governos alinhados (Hungria, Itália?), mas isola elites “anti-democráticas” da UE.

• Estabilidade Civilizacional: Objetivo: “Europa permanecer europeia”, restaurando autoconfiança contra “erasure civilizacional”. Longo prazo: questiona viabilidade de NATO se membros se tornarem “maioria não-europeia”, priorizando nações “capazes e confiantes”.

Impactos Gerais:

• Otimismo Condicional: EUA veem Europa como pilar transatlântico (comércio, cultura, ciência), mas autointeressado: forte Europa compete melhor contra China/Rússia. Relações podem melhorar com realinhamento (paz, comércio justo), mas tensionar com críticas à UE e exigências financeiras – risco de cisão transatlântica se Europa resistir.

• Visão Trump: Pragmática, não ideológica: “flexível realismo” aceita sistemas europeus diversos, mas prioriza interesses mútuos. Diplomacia Trump usa alavancagem económica/militar para “reviver grandeza europeia”, abrindo mercados e parcerias, mas punindo free-riding.

Em resumo, o NSS impulsiona uma Europa soberana, autónoma e alinhada, reduzindo dependência EUA, mas exigindo reformas radicais. Sucesso depende de liderança europeia; falha pode erodir aliança NATO.

As opções da Ucrânia


No "A Arte da Guerra", o podcast que o jornalista António Freitas de Sousa e eu fazemos para o "Jornal Económico", analisamos esta semana as últimas iniciativas para pôr termo à guerra na Ucrânia. 

Pode ver aqui

quinta-feira, dezembro 04, 2025

O meu primeiro livro


É claro que este não foi o primeiro livro que tive. Lá por casa, em Vila Real, houve sempre literatura dita infanto-juvenil, a somar-se à banda desenhada (no meu tempo, dizia-se histórias aos quadradinhos). Foi sucedida ou acompanhada pelos livros policiais, que marcaram muito a minha adolescência.

Mas, com toda a segurança, este foi o "meu" primeiro livro, o primeiro que comprei numa livraria. Andei a namorá-lo, por uns dias, na discreta montra do Libório, temendo que alguém o adquirisse. Que idade teria? O livro data de 1960, pelo que eu deveria ter uns treze ou catorze anos. Lembro-me de que o volume, cartonado, não foi barato. Tive a coragem de pedir dinheiro ao meu pai para o comprar. E, conhecendo o seu cuidado com os gastos (e isto é um eufemismo), ainda hoje me surpreende ter tido luz verde para a aquisição.

Hoje, ao olhar esta "Petite Encyclopédie Geographique", interrogo-me sobre a influência que este livro, que tem algumas páginas sublinhadas e notas manuscritas, terá tido sobre o meu futuro. É que o destino, por vezes, acaba por caber num livro.

Qual é a pressa?


Há uns anos, já nem sei bem porquê, ficou famosa esta expressão de António José Seguro. 

Hoje, recupero-a para inquirir, de quem por aqui me lê, se não acham despropositada a insistência, a que tenho vindo a resistir, para abrir e arrumar livros que vieram comigo de Paris (alguns antes comprados em Nova Iorque, outros em Viena, muitos no Brasil), em caixas que jazem numa sala em Vila Real. Bastantes caixas já foram abertas, muitas centenas, alguns milhares, de livros já tiveram o seu destino. Agora, "só" restam estes...

Verdade seja que as caixas já ali estão desde 2013, mas qual é a pressa?

O tal cair da folha


Os dias não têm sido fáceis.

Saiu de cena Constança Cunha e Sá. Foi uma jornalista de grande qualidade e uma pessoa de carácter, que, talvez por isso, nunca se deu bem com as redes sociais — tema sobre o qual trocámos impressões mais do que uma vez. Conversámos brevemente, por duas ocasiões recentes, em espaços públicos. Notei-a já bastante debilitada. 

Desapareceu também Lídia Sequeira, gestora de mérito com quem trabalhei no núcleo promotor da Convenção Novo Rumo, que, há mais de uma dúzia de anos, apoiou a liderança de António José Seguro. Uma mulher competente, afirmativa, que não via há muito. 

E ontem despedi-me de Tito Gomes, um gentleman vila-realense: industrial respeitado, homem de sorriso fácil e trato humano imbatível. Vou sentir falta do seu abraço, quando vinha do fundo da sala receber-me na pastelaria Gomes “velha”. A sua figura era já parte de uma outra Vila Real. 

Isto anda, de facto, tudo muito complicado.

quarta-feira, dezembro 03, 2025

Monarquias ibéricas


No "Olhe que não, olhe que não!" desta semana, em outras coisas, Jaime Nogueira Pinto e eu falamos da transição política em Espanha, a propósito do livro do rei Juan Carlos, mas também da atitude de Salazar face aos monárquicos portugueses. 

Pode ver clicando aqui.

terça-feira, dezembro 02, 2025

Laura

A Laura, prima da minha mãe, era bastante mais velha do que eu. Tinha sido regente escolar, em Bornes. Um dia, nos anos 60, meteu-se em brios e decidiu fazer o ensino secundário, para vir a ser professora primária. Concluímos juntos o então 5° ano do liceu. E foi assim que nos aproximámos.

Foi um período divertidíssimo. Por esse tempo, dois outros primos, vindos de Lisboa, juntaram-se a nós, em Vila Real, para os exames: o Jorge e o Fernando. Este último alimentava uma tese de duvidosa religiosidade: "Deus disse que nós amássemos, não que nos amassemos". Numa noite desses dias, uma sua frustrada incursão no quarto da empregada lá de casa provocou uma mini-crise familiar. A minha mãe calou o incidente, mas nunca o perdoou. A Laura, ao saber, ficou chocada: "O Fernandinho?! Quem havia de dizer?!"

Por esses tempos, a Laura e os restantes primos estudávamos juntos. Ou melhor, a Laura estudava e nós distraíamo-nos muito na galhofa. Tenho ideia de que, um pouco por essa razão, concluí o 5° ano apenas com notas assim-assim. 

Lá por casa, à época, juntavam-se a nós o Jorge Lima Barreto - esse mesmo, o do jazz - e o Sérgio Moutinho - que muitos anos depois terminaria barbaramente assassinado na Turquia. A linguagem bem desviante desses dois últimos escandalizava imenso a Laura, cuja educação tradicional dificilmente aceitava caminhos afetivos que se afastavam da (então) normalidade pública. Havia também, no nosso grupo, uma outra comparsa, essa apenas um pouco mais velha do que eu, que recordo ser de Armamar. Tenho ideia de que cuidava muito em manter as distâncias. Talvez seja essa a razão por que esqueci o seu nome, mas não os belos olhos e o resto.

Eu e a Laura, demos-nos sempre muito bem. Um dia de verão, na minha adolescência, comigo de férias nas Pedras Salgadas, a pedido da mãe, a queridíssima tia Eusébia, fui seu "chaperon", para um baile no Hotel Universal. Danço pessimamente e tenho ideia de que a Laura se riu imenso dessa minha eterna falta de jeito. 

A Laura era a mais nova das quatro filhas do tio José, irmão do meu avô. Este tinha fugido do seminário, na véspera de ser ordenado. O facto de ter vindo a ter uma caterva de filhos, a maioria dos quais acabou por fazer vida no Brasil, revelou a sua verdadeira vocação.

A Laura casou e passou a viver em Vila Pouca de Aguiar. De tempos a tempos, passava por ali a vê-la. Coisa rápida, conversa curta, com recordações antigas à mistura, caricaturadas para o momento. A morte de mãe, a tia Eusébia, foi reduzindo as minhas visitas.

Há poucas horas, soube que a Laura tinha morrido no último dia de novembro. Caramba! Há tanta gente a morrer por esta altura! O meu pai, que há dias teria feito 115 anos e que sempre mantinha com a "Laurinha" conversas muito divertidas, alimentava a tese de que os três últimos meses do ano eram o terrível "cair da folha": "Basta passar pela montra do Euclides e ver a quantidade de mortes que vão sendo anunciadas, a partir de outubro!", referindo a agência funerária da cidade. Tinha razão.

Não consegui despedir-me da Laura. Nem poderia: a Laura tinha saído do mundo da razão há já alguns anos. A última vez que nos vimos, por ironia do destino, foi no cemitério de Bornes, onde tínhamos ido celebrar os nossos mortos e onde imagino que ela agora tenha ficado. Demorou então a reconhecer-me. Pressenti-a a afastar-se do mundo. Agora, saiu dele de vez.

segunda-feira, dezembro 01, 2025

E Gaza, lembram-se?


Não quero ser desmancha-prazeres, mas gostava de lembrar o sofrimento que os palestinos, em Gaza e na Cisjordânia, continuam a ter. 

A atenção do mundo diminuiu, mas a tragédia não desapareceu.

domingo, novembro 30, 2025

Ver antes

 

António Mota (1954-2025)


António Mota, que agora nos deixou, era um homem de emoções à flor da pele. Senti-lhe as lágrimas, ao telefone, quando um dia lhe confirmei a morte de Jorge Coelho. As mesmas lágrimas que às vezes lhe afloravam aos olhos, quando falava do seu pai. Sempre suspeitei que, na condução da empresa que conseguiu transformar na multinacional de prestígio que hoje é, ele sentiu sempre o peso da responsabilidade de dar sequência à genialidade do criador do grupo. Quem com ele convivia ouvia-o frequentemente citar frases ou ditos de Manuel António da Mota.

Tal como o seu pai, António Mota sabia ver antes. Ver as coisas antes dos outros, antecipar cenários, a consequência de decisões, é uma qualidade que só se apura com a inteligência e com a experiência, muitas vezes mais com aquilo que correu mal do que com os sucessos. António Mota tinha o sentido premonitório do risco, a par do prazer profissional de saber identificar e explorar oportunidades. Via antes dos outros, fosse na prudência ou na audácia. Quase sempre tinha a razão consigo.

António Mota nunca foi um homem frio na sua atitude como empresário. Pode parecer um cliché de estilo, mas senti que ele tratava a empresa como um prolongamento da sua família - e como ele gostava da família! Numa casa com dezenas de milhares de pessoas, via-se o genuíno gosto com que falava com os trabalhadores mais antigos, como sabia da vida de muitos, do seu percurso.

A lealdade era, para ele, a qualidade-chave do caráter. E ele praticava-a. Um dia, perante uma crise conjuntural de uma empresa estrangeira, que batia à porta da Mota-Engil a pedir cooperação técnica num tempo delicado, foi alertado para riscos que podiam decorrer desse gesto. Nunca esqueci a sua reação: "Há uns anos, escolheram-nos para colaborar com eles, quando não precisavam de o fazer. Era só o que faltava não os ajudarmos agora!"

Cruzei-me com António Mota em Angola, nos anos 80. Fomos-nos depois encontrando pelo mundo. Aproximou-nos sempre o Norte, o humor, a relação fácil, o gosto pela vida. Desse homem bom, sincero, com um extraordinário caráter, digo uma coisa simples: conhecer e ser amigo de António Mota foi um raro privilégio que tive na vida.

Hélder Macedo. 90 anos


Quem sou eu para falar do Hélder?! Não pertenço ao seu universo das letras, das academias ou das universidades. Em tese, os nossos percursos dificilmente se cruzariam: ele entre livros e seminários; eu noutros territórios mais prosaicos. Contudo, há bem mais de três décadas encontrámo-nos em Londres – cidade que ele tornou casa – e, desde então, construímos uma relação que dispensou quaisquer afinidades profissionais. E daí nasceu uma forte amizade.

Partilhamos um saudável ceticismo perante as verdades empacotadas, o pensamento preguiçoso e as certezas de almanaque, com uma dose teimosa de ironia afetiva sobre Portugal – o país a que regressamos sempre, mesmo à distância. Discutimos a democracia, o poder, as tensões do momento, a dificuldade de vislumbrar rumo no ruído global. Concordámos que Portugal continua a fazer as pazes consigo próprio através do esquecimento. Entre nós, houve sempre uma recusa partilhada: a do conformismo. Lembro-me que, nessas primeiras conversas em Londres, estavam às vezes o Rui Knopfli, o Eugénio Lisboa e, quase sempre, o Bartolomeu Cid dos Santos. Todos já se foram, como partiram o sorriso e a graça da Suzete. Mas nós vamos andando.

Há poucas semanas, no Britania, aqui em Lisboa, estivemos quatro horas sentados. Com chá, e creio que com scones, fizemos o nosso balanço irónico sobre o estado das coisas na pátria. Não saímos demasiado otimistas, e isto é um "understatement". O Hélder mantém uma lucidez única, um humor notável, uma curiosidade que não cede ao tempo. A memória dele é uma biblioteca onde nada foi arquivado por conveniência.

Hoje, no dia dos seus 90 anos, deixo-lhe um abraço muito forte. A nossa conversa não se esgota, caro Hélder.

sábado, novembro 29, 2025

A minha rotina


Nesta vida de reformado, gabo-me de não ter rotinas. Mas minto. Tenho uma: ir aos sábados almoçar um bacalhau à minhota à Imperial de Campo de Ourique. Quando repito a falta à mesa, o João telefona a saber de mim. 

A Imperial tem, invariavelmente, vinho da casa, em jarro. Tem havido de tudo. Por muito tempo, andou pela região de Alenquer. Há uns anos, anunciou-me: "Este é de uma prima da Ermelinda de Freitas!". Não me convenceu. Hoje, tinha um belo tinto de Santa Marta de Penaguião. Aproveitem.

sexta-feira, novembro 28, 2025

Ora bem!


Filipe II tinha tudo, tudo, mas o que ele não tinha era um fecho éclair, dizia-nos Gedeão. 

O paranóico da Casa Branca pode ter todo o poder do mundo, mas a nossa vingança é que ele não acorda com a luz de Lisboa, essa é que é essa!

À escolha do freguês


Estejam atentos. A demissão de Andrii Yermak, o braço direito de Zelensky, vai ser lida de duas maneiras: (1) a revelação de que a corrupção está entranhada no DNA do regime ou (2) a prova provada da determinação implacável de Zelensky na luta contra a corrupção. Os fãs escolham.

Ucrânia


Esta semana, no "A Arte da Guerra", o podcast que, desde 2021, António Freitas de Sousa e eu elaboramos para o "Jornal Económico" sobre questões internacionais, procuramos escalpelizar, num programa monotemático, o errático processo negocial conduzido pelos Estados Unidos para o conflito na Ucrânia.

Ver aqui.

Onde é que eu já ouvi isto?

 



quinta-feira, novembro 27, 2025

Pois é!



Até parece que os dias de sol com algum frio acabam por ter mais graça do que sob uma caloraça de Verão.

Porquê?

Valerá a pena perceber a razão pela qual a nossa comunicação social se "acanha" em perguntar aos líderes da empresas que necessitam de imigrantes se estão de acordo com o discurso de certos partidos que diabolizam a imigração, a começar pelos que estão no governo.

Será?

Dizem que o golpe de Estado na Guiné-Bissau pode não ter passado de um "faz-de-conta", talvez em conluio com o presidente. Com as eleições a apontarem para a vitória de um opositor, as forças armadas saíram a terreiro para evitar a mudança de orientação política. Será mesmo assim?

quarta-feira, novembro 26, 2025

"Países estrangeiros"


O país habituou-se, desde há muito, a admirar o excelente poeta que é Luís Filipe Castro Mendes. Prestigiado e premiado, o poeta assegurou um justo reconhecimento nacional. Contudo, a sua escrita em prosa, se bem que já antes publicada, era menos conhecida. Com o surgimento como colunista regular no "Diário de Notícias", muitos acordaram para o excelente prosador que ele também é. Dessas crónicas, saiu já há tempos uma recolha. Agora, pela mão da Guerra & Paz, foi lançado um conjunto de textos memorialísticos de extrema qualidade, creio que todos ou quase todos inéditos. São apontamentos, muitas vezes datados, de episódios ocorridos em tempos evocados pelo autor, bem como reflexões suscitadas por ocasiões que atravessou. Diplomata desde há meio século, hoje jubilado da carreira mas vivendo com júbilo o sereno conforto da família e das amizades, Luís Castro Mendes nunca deixou de ser um político "engajado" (detesto a palavra, mas dá-me jeito), menos no rotineiro alinhamento partidário, bastante mais nas ideias e valores que decantou de uma vida bem vivida, com forte pegada cívica. Isso ressalta deste "Países estrangeiros - memórias e viagens", que quiçá recuperará o clássico dito de L. P. Hartley (de quem nunca li mais do que a frase, confesso), segundo o qual “o passado é um país estrangeiro: lá faziam-se as coisas de forma diferente”. O livro do Luís - que ainda não são as memórias que estão em débito - foi uma prenda antecipada de Natal para os amigos. Faça como ele: ofereça este livro aos seus próximos, no tempo que aí vem. E compre outro para si, claro. Afinal, como o outro diz, a generosidade começa em casa...

segunda-feira, novembro 24, 2025

It was Ukraine

Two draft compromise proposals to end the war in Ukraine are on the negotiating table.

In both, there is something unsaid that no one dares to write: by giving up control of territories, whether “de facto” or “de jure”, Ukraine has already lost this war. Anyone who says the opposite, no matter what mental gymnastics they use, is only fooling themselves. And wishful thinking is not a sensible strategy.

What is left now is to negotiate the exact limits of Russia’s victory. Moscow would like to turn Ukraine into a new Belarus. It will not succeed: the core of Ukrainian sovereignty based in Kiev will remain independent. In a tactical retreat, Russia will try to impose neutrality. The Europeans, who still want to make the remaining Ukraine their first line of defence, will do everything they can to stop that neutrality.

They will do this in two main ways. The first is through law: they will try to avoid the Ukrainian Constitution being locked, like Austria’s in 1955, by permanently banning NATO membership. Trump is temporary. From a Western point of view, it is better not to close the door, in legal terms, to a possible future change of course by the United States. This will be one of the main points of friction with Moscow.

The second point of friction will be the presence of European troops on Ukrainian territory after the war. It is likely that this will be a Russian red line. And it is also likely that Trump will be quite sensitive to that objection. Russia has already accepted that it will not absorb the whole of Ukraine, but it will not give up trying to ensure that the part it does not control cannot later become militarily stronger against it.

Trump’s 28‑point proposal is, basically, a list of concessions to Russian interests. The reason is simple: Washington believes that Russia is winning the war and has decided it will not invest enough to help Kiev regain the 1991 borders. The American calculation is that arming Ukraine to the point where it could pose an existential threat to Russia would, sooner or later, force the United States to intervene directly, with the risk of an unpredictable escalation. Arguing about whether this fear is exaggerated or not does not matter. This seems to be what is guiding the White House.

On top of that, Trump’s America wants to get significant economic benefits from this outcome. The 28‑point document clearly shows an American deal‑making ambition, which may include advantages in Donbass, in the Arctic, or in other areas. Putin, for his part, desperately needs a political victory that justifies the economic and human cost since 2022. Trump can offer him a return to the G8, the closing of the ICC case, the easing or lifting of sanctions, maybe even a return to SWIFT. Trump is Putin’s lifeline. Without him, Russia may be winning the war, but it will not be in a position to secure peace.

In the past, at the Portuguese Ministry of Foreign Affairs, some internal notes were sent “for higher consideration” with this line: “Your Excellency, however, in your superior judgment, will decide better.” Trump hopes that European and Ukrainian submission will lead them to accept, resignedly, that he, in his “superior judgment”, will better decide the fate of a country that, in his view, has already lost the war. This is Ukraine’s tragedy, and Zelensky has already understood it.

Era a Ucrânia

Estão em cima da mesa negocial dois esboços de compomisso para o fim da guerra na Ucrânia.

Em ambos há um não dito que ninguém ousa escrever: a Ucrânia, ao ceder ("de facto" ou "de jure") o controlo de territórios, já perdeu esta guerra. Quem sustente o contrário, por mais acrobacias conceptuais que mobilize, apenas se ilude. E o "wishful thinking" não é uma estratégia sensata.

Resta assim negociar o perímetro concreto da vitória russa. Moscovo sonharia com uma Ucrânia transformada numa nova Bielorrússia. Não o conseguirá: o núcleo de soberania assente em Kiev manter-se-á independente. Em recuo tático, a Rússia procurará impor uma neutralidade. Os europeus, que persistem em querer fazer da Ucrânia remanescente a sua primeira linha de contenção, farão tudo para que tal neutralidade não se concretize.

Por duas vias principais. A primeira passa pelo papel: evitar que a Constituição ucraniana fique blindada como a austríaca de 1955, interditando para sempre a adesão à NATO. Trump é transitório. Na ótica ocidental, convém não fechar institucionalmente a porta a um eventual regresso futuro a uma política diferente por parte dos EUA. Um dos principais pontos de fricção com Moscovo será este.

O segundo ponto de fricção será a presença de tropas europeias em solo ucraniano no pós-guerra. É previsível que isso constitua uma linha vermelha russa. E é igualmente previsível que Trump seja bastante sensível a essa objeção. A Rússia já interiorizou que não engolirá a Ucrânia inteira, mas não abdicará de tentar garantir que o que lhe escapar não possa vir a reforçar-se militarmente contra ela.

A proposta de 28 pontos que Trump fez circular é, no essencial, um lista de concessões aos interesses russos. A razão é simples: Washington considera que a Rússia está a ganhar a guerra e decidiu que não investirá de forma a ajudar Kiev a recuperar as fronteiras de 1991. O cálculo americano é que armar a Ucrânia até ao ponto de poder ameaçar existencialmente a Rússia obrigaria, mais cedo ou mais tarde, os EUA a intervir diretamente, com o risco de uma escalada imprevisível. Discutir se esse receio é ou não exagerado é irrelevante. É o que parece orientar a Casa Branca.

Para além disso, a América de Trump quer extrair um proveito económico substancial deste desfecho. Do documento dos 28 pontos transparece, explícita ou veladamente, uma ambição negocial americana, que pode incluir vantagens no Donbass, no Ártico ou em outros tabuleiros. Putin, por seu lado, necessita desesperadamente de uma vitória política que justifique o custo económico e humano que investiu desde 2022. Trump pode oferecer-lhe o regresso ao G8, o arquivamento do mandato do TPI, o alívio ou levantamento de sanções, talvez até a reintegração no SWIFT. Trump é a boia de salvação de Putin. Sem ele, pode estar a ganhar a guerra, mas não terá condições de conquistar a paz.

Em tempos idos, no Ministério dos Negócios Estrangeiros, algumas informações de serviço "subiam à consideração superior" com a seguinte nota: "V. Exa., porém, no seu alto critério, melhor decidirá". Trump espera que a vassalagem europeia e ucraniana faça com que aceitem, resignados, que ele, no seu alto critério, melhor decidirá o destino de um país que, para ele, já perdeu a guerra. Esta é a tragédia da Ucrânia e Zelensky já percebeu isso.

domingo, novembro 23, 2025

Arábia Saudita - a chave do puzzle americano


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Ucrânia - o estado da arte


Programa gravado antes do surgimento do programa do 28 pontos.

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Reino Unido . Uma liderança em crise?


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Kerry


Na passada sexta-feira, no "Summit" da CNN Portugal, em Alcobaça, o jantar foi antecedido por uma entrevista a John Kerry, conduzida por Isa Soares, da CNN Internacional. 

O antigo candidato presidencial derrotado por Bush filho, e que mais tarde chefiou a diplomacia americana sob Obama, quando substituiu Hillary Clinton, deu um show de competência, sensatez e conhecimento dos grandes dossiês. 

Ao ouvi-lo, dei razão a Mónica Sintra: afinal havia outra ... América!

Eu já nem me zango ...


... pelo facto de algum ignorante poder achar que eu disse isto sem estar a ser profundamente irónico. Mas sei lá!  

Ucrânia


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sábado, novembro 22, 2025

Tresler

Um tweet tem um máximo de 280 carateres. Às vezes, é dificil, nesse espaço limitado, colocar as coisas de uma forma clara, sem ambiguidade. Escrevi um texto sobre as condições colocadas à Ucrânia no documento americano. A forma como o disse suscitou, no campo dos defensores da causa ucraniana, reações fortíssimas. Confesso que esse é para o lado para o qual durmo melhor. Mas decidi perguntar à Inteligência Artificial o que pensava. E, sem surpresas, ela foi inteligente...

Ukraine: notes as brief as possible

Essentially, the plan now reportedly presented by the United States for Ukraine does not stray from what was suspected from the outset to be the philosophy of the new American administration for the region: forcing the Ukrainians to cede part of their territory, which would fall under Russian administration, whether through a model of effective sovereignty recognition or a "lease" formula. Both possibilities had already been discussed.

It is now the latter formula that is being talked about. Under it, Russia would obtain a "de facto" occupation, internally able to claim the new republics as its own under its Constitution. Kiev’s Ukraine (let us call it that) would remain the holder of "de jure" sovereignty, which gives no indication it would ever recover in the future. The world, beginning with the U.S., would continue to recognize Ukraine’s 1991 borders under international law but would accept Russian occupation of that part of the territory. It would be a "make-believe" scenario intended to suspend the conflict.

From the perspective of Ukraine’s future limited sovereignty, amputated of a significant part of its territory, the plan envisions non-entry into NATO (something Washington never wanted), an inscription of this in the Ukrainian constitution (perhaps in the Austrian model, recalling 1945), and quantitative and qualitative limitations on Kiev’s future armed forces, including a ban on long-range missiles.

These neutralizing restrictions would mark the end of Kiev Ukraine’s dream of becoming a powerful military country. This dream, in fact, was not only Ukrainian: Europe to its West hoped Ukraine would function as a frontline of its own defense.

The truth is that both Europe and Ukraine were, in the past, led to nurture this illusion by the U.S. itself, which suggested Ukraine’s (and Georgia’s) vocation as future NATO members. The fact that the agreement could include a provision that NATO would not expand further east would be a huge Russian victory. Georgia would be left out of NATO. And what about Moldova? Moscow would not get the desired "reset" in the plan but would secure a freeze on future expansions. It would also see a resumption of arms control treaties (though much important detail is still missing).

One unclear aspect of this plan is the question of security guarantees for Ukraine. There will be no Western troops on its territory and apparently no "no-fly zone." How troop placements will be monitored on both sides of the future "buffer zone" remains uncertain. Will there be a kind of Article 5 offered by the U.S., with operational responsibility resting with Europeans?

Measures such as Russia’s return to the G8 or the lifting of sanctions that do not depend on Washington can only be implemented after a change in the attitude of U.S. allies, which remains far from secured. Similarly, it is at least strange that the agreement interferes with Ukraine’s relationship with the European Union. And what about ICC measures against Putin? Do they fall with a kind of "amnesty"?

The plan contains a business dimension, very interesting to the U.S., as part of the complex package Washington wants to put an end to the conflict. Whether in Arctic exploration or how Russia can mobilize significant frozen foreign funds, the advantages for the U.S. are well present.

It remains to be seen what Russia will "give" the U.S. economically in Donbass, adding to concessions Ukraine agreed to months ago. Ukraine would thus be, in a way, under American tutelage. The fact that elections are foreseen there within 100 days, with the return of the Russian language and prohibition of "Nazi ideology," could signify the political end of Zelensky is near. Recent corruption scandals surely did not help him.

The most revealing point in the plan, echoing the Gaza case, is: "This agreement will be legally binding. Its implementation will be monitored and guaranteed by the Peace Council, headed by President Donald J. Trump." One might say: "The Empire strikes back."

A aventura CNN Portugal


Ontem, em Alcobaça, estive na grande festa que foi o 4° aniversário da CNN Portugal. Desta vez, fui em representação de uma das empresas que "sponsorizavam" o evento, mas devo confessar que tive um imenso gosto em reencontrar por ali muita gente com quem partilhei, em novembro de 2021, o privilégio de integrar, como comentador internacional, o grupo inicial de colaboradores do novo canal.

Entre 2020 e 2021, por sugestão de Luís Tomé, tinha mantido com ele e com Carlos Gaspar, na TVI 24, um programa de debate semanal sobre temas internacionais chamado "Observare" - nome do centro de investigação sobre relações internacionais a que pertencíamos, existente na Universidade Autónoma de Lisboa, que os três continuamos a integrar. Por parte da TVI 24, os nossos interlocutores foram sucessivamente Pedro Pinto, Filipe Caetano e Pedro Bello Moraes. Deu-me muito prazer fazer esse programa. 

A certa altura de 2021, foi anunciado que a TVI 24 ia ser substituída pela CNN Portugal. Interrogámo-nos sobre se o nosso programa ia continuar no novo canal. Isso, contudo, não iria acontecer. Essa nossa aventura de um ano acabou, como não podia deixar de ser, com uma almoçarada conjunta em minha casa. O Pedro, o Filipe e o Pedro tiveram, depois, seu percurso profissional próprio, mas ficaram nossos amigos para sempre.

Um dia, o diretor da CNN Portugal, Nuno Santos, convidou-me para comentador internacional do novo canal. Seria uma tarefa bastante mais exigente, em termos de ocupação de tempo. Por essa época, o mundo já não estava muito "quieto", mas a Rússia ainda não tinha invadido a Ucrânia, o Médio Oriente estava a viver um dos seus ciclos de "paz podre". Comparados com os dias de hoje, eram tempos de "business as usual".

Fiz então as contas às minhas horas disponíveis e decidi aceitar. E por ali estive 33 meses consecutivos. Foi um período empolgante em que as guerras revelaram imensos novos comentadores, desde militares a especialistas de ciência política, alguns com uma excelente qualidade. 

Pude então constatar, por parte da CNN Portugal, duas coisas notórias: um imenso e rigoroso profissionalismo e uma atenção e delicadeza para quem, como eu, tinha de adaptar as aparições em antena às exigências de uma vida profissional complicada, que frequentemente me levavam fora de Lisboa. 

Um dia, até porque já "não vou para novo", cansei-me. Cansei- me das deslocações regulares a Queluz de Baixo, dos diretos dos estúdios do Porto, da intervenções à distância do Rio de Janeiro, do Algarve, de Varsóvia, do Gerês, de Bogotá, de Vila Real, de Luanda, de Viana do Castelo e sei lá bem de quantos quartos de hotel por aí fora. Apeteceu-me então, de forma irresistível, não ter de abandonar a meio jantares e concertos na Gulbenkian, poder passar fins de semana sem ter de ler sites e jornais, sem a obrigatoriedade de me atualizar a todo o instante. E saí.

Saí da CNN Portugal "a bem", deixei lá muitos amigos, excelentes profissionais, alguns que ontem voltei a encontrar em Alcobaça, na festa onde se comemoraram os quatro anos de uma casa que continuo a olhar como sendo ainda um pouco minha. E onde às vezes regresso, com grande gosto, como hoje à noite irá acontecer.

Debate entre quatro candidatos presidenciais em Alcobaça


 Nada de novo.

sexta-feira, novembro 21, 2025

A tragédia da História

A Ucrânia vai provavelmente ter de aceitar um acordo altamente desfavorável, pelo facto de, em 2022, não ter querido aceitar um compromisso menos gravoso, que lhe teria evitado a perda de centenas de milhares de pessoas e a destruição de parte do país. A História não se adivinha.

Ucrânia. Notas tão breves quanto possível

No essencial, o plano que agora terá sido apresentado pelos Estados Unidos para a Ucrânia não se afasta daquela que, desde o início, se suspeitava que era a filosofia da nova administração americana para a região: forçar os ucranianos a cederem parte do seu território, que ficaria sob administração russa, fosse isso num modelo de reconhecimento efetivo de soberania, fosse numa fórmula de "lease". De ambas as hipóteses já se tinha falado. 

É agora a última fórmula aquela de que se fala. Nela, a Rússia obteria uma ocupação "de facto", podendo internamente dizer que as novas repúblicas eram suas, à luz da sua própria Constituição. A Ucrânia de Kiev (chamemos-lhe assim) manter-se-ia como titular de uma soberania "de jure", que nada indica que alguma vez pudesse vir a recuperar no futuro. O mundo, a começar pelos EUA, continuariam a reconhecer as fronteiras ucranianas de 1991, nos termos do direito internacional, mas aceitariam a ocupação russa nessa parte do território. Seria um "faz-de-conta" destinado a suspender o conflito.

Sob o ponto de vista da futura soberania limitada da Ucrânia, amputada de uma parte significativa de território, o plano prevê a não entrada para a NATO (que sempre se soube ser algo que Washington não queria), a ficar inscrita na Constituição ucraniana (talvez no modelo austríaco, a relembrar 1945) e a limitação quantitativa e qualitativa das futuras forças armadas de Kiev, nomeadamente a proibição de posse de mísseis de longo alcance.

Essas restrições neutralizantes configurariam o fim do sonho da Ucrânia de Kiev de se constituir como um país poderoso, em termos militares. Esse sonho, aliás, não era apenas ucraniano: a Europa que está a seu ocidente contava poder ter a Ucrânia a funcionar como uma frente da sua própria defesa. 

Verdade seja que quer a Europa quer a Ucrânia foram, no passado, levadas a alimentar esta ilusão pelos próprios EUA, que foram quem sugeriu a vocação da Ucrânia (e da Geórgia) para ser futuro membro da NATO. O facto de poder ficar no acordo uma previsão de que a NATO não se alargará mais a Leste representaria uma imensa vitória russa. A Geórgia ficaria fora da NATO. E a Moldova? Moscovo não obteria no plano o desejado "reset", mas conseguiria o congelamento de futuros alargamentos. Obteria também um retomar dos tratados de controlo de armamento (embora falte ali muita coisa importante).

Um dos aspetos pouco claros deste plano é a questão das garantias de segurança para a Ucrânia. Não haverá tropas ocidentais no seu território e, aparentemente, não haverá "no fly zone". Como se processará a monitorização da colocação das tropas, para ambos os lados da futura "buffer zone", é ainda uma dúvida. Haverá uma espécie de Artigo 5° oferecido pelos EUA, com a responsabilidade operacional a cargo dos europeus? 

Medidas como o regresso da Rússia ao G8 ou o levantamento de sanções que não dependem de Washington só podem ser implementadas depois de uma mudança da atitude dos aliados dos EUA. Esta está longe de adquirida. Do mesmo modo, é no mínimo estranho que o acordo se imiscua na questão da relação da Ucrânia com a União Europeia. E as medidas do TPI face a Putin? Caem com uma espécie de "amnistia"?

Há no plano uma dimensão de negócios, muito interessante para os EUA, que faz parte do complexo pacote com que Washington quer pôr termo ao conflito. Quer na exploração do Ártico quer nas modalidades em que a Rússia pode mobilizar parte significativa dos fundos que estavam arrestados no estrangeiro, as vantagens para os EUA estão bem presentes. 

Resta saber ainda o que a Rússia "dará" aos EUA em termos de oportunidades económicas no Donbass, que se somarão às concessões ucranianas já há meses acordadas. A Ucrânia ficaria, assim, de certo modo, sob uma tutela americana. O facto de para ali se preverem eleições no prazo de 100 dias, com o regresso da língua russa e a proibição de "ideologia nazi", poderia significar que estaria próximo o fim político de Zelensky. Os fumos recentes de corrupção não devem tê-lo ajudado.

O mais revelador no plano é este ponto, que ecoa muito o caso de Gaza: "This agreement will be legally binding. Its implementation will be monitored and guaranteed by the Peace Council, headed by President Donald J. Trump". Apetece dizer: "The Empire strikes back". 

quinta-feira, novembro 20, 2025

O estado da arte

 


Que bela festa, Manel!


(roubei a fotografia da página do Facebook da Aldina Duarte)

Manuel Alberto Valente fez 80 anos. Uma vida cheia de imensas coisas. Desde logo, de êxitos profissionais daquele que é uma das grandes figuras do mundo editorial português. Ontem, teve uma sala também ela cheia de amigos, a comemorar essas suas oito décadas, com bom fado e muito boa disposição à mistura. Foi uma bela noite de festa para um excelente amigo, com a Rosário sempre ao seu lado, tanto nos bons como nos menos bons momentos que a todos nos calham em rifa. 

Que a vida tê dê muitas noites como esta, caro Manel! E connosco a partilhá-las, claro.

Se é assim, não!

Tem imensa piada constatar alguma indignação tuga em face da assumida agressividade americana contra a Europa. A maioria dessa gente acha qu...