É tudo muito triste. O mais revelador desta insanidade é uns a recordar 7 de outubro como um dia/aniversário doloroso e trágico, outros a celebrar como um dia/aniversário grandioso.
Antecipadamente, peço d"sculpa ao Senhor Embaixador se o meu comentario se alonga.
Mesmo antes de serem convocados, os jovens alemães tinham internalizado elementos-chave da ideologia nazi, particularmente a ideia de que massas de subumanos eslavos lideradas por tortuosos judeus bolcheviques ameaçavam a Alemanha e o resto do mundo com a destruição. Consequentemente, o Reich alemão tinha o direito e o dever de demarcar um “espaço vital” na Europa Oriental e de dizimar ou escravizar a população destas regiões. Esta visão do mundo foi então incutida nos recrutas, de modo que, quando as tropas alemãs invadiram a União Soviética, foi este prisma ideológico que definiu a sua percepção dos seus inimigos. A feroz resistência do Exército Vermelho apenas confirmou a necessidade de destruir os combatentes e civis soviéticos, e mais particularmente os judeus, considerados os principais instigadores do bolchevismo. E quanto mais destruição acumulavam, mais os soldados alemães temiam a vingança que poderiam esperar se os seus inimigos vencessem. O resultado foi o massacre de quase 30 milhões de soldados e cidadãos soviéticos.
Pensei nas palavras de Rabin. Em 1987, Yitzhak Rabin, então ministro da Defesa, tinha ordenado aos militares israelitas que “quebrassem os ossos” dos jovens palestinianos que atiraram pedras às suas unidades sobrearmadas.
Outros disseram pior depois. Mas, em retrospectiva, penso que ele deve ter reflectido melhor, mais tarde.
Na verdade, como sabemos pelo seu compromisso com o processo de paz de Oslo, por mais imperfeito que fosse, Rabin acabou por reconhecer que, a longo prazo, Israel não poderia suportar os militares, políticos e morais da ocupação.
Ele pagou muito caro por isso.
Os israelitas serao durante decenias ou séculos, confrontados confrontados com a injustiça da Nakba, a expulsão de 750.000 palestinos das suas terras e casas em 1948, durante o nascimento do Estado de Israel.
Viajei bastante em Israel para o meu trabalho. Fiquei sempre sem voz quando constatava que uma grande maioria de israelitas nao assumiam esta injustiça.
E nenhum para com a guerra mais mortífera e de maior drama humanitário que acontece no Sudão. Infelizes dos sudaneses, se dominassem saber e conhecimento nas academias, se ocupassem lugares de relevo económico ou se filtrassem os mídia certamente tudo seria diferente.
Sr. Joaquim de Freitas Permita-me então ser eu agora a discordar de si, dado que sou um dos grandes responsáveis pelos comentários (agora já 30 com a minha gentil participação) sobre o que o senhor chama “as camisolas do Sporting” e que já pouco tiveram a ver com as ditas cujas a partir de certa altura. E permita-me discordar porque, do meu estrito ponto de vista, não se falou ali assim tanto das camisolas em si, falou-se de problemas que afectam pessoas concretas que conhecemos, com que nos cruzamos e, mesmo até, com que vivemos hoje ou vivemos no passado e de que muito gostamos ou gostámos. Que para algumas pessoas salvar o mundo e mostrar genuína preocupação com os povos e os seus sofrimentos é o mais importante que têm para nos oferecer é algo que respeito. Mas não sou suficientemente hipócrita para fingir que não ponho à frente os problemas do meu país e dos meus concidadãos, pois para com esses eu e todos nós podemos ser úteis e ajudar efectivamente, na prática a teoria é sempre outra. Por isso não sei se podemos comparar o incomparável, o genocídio com as camisolas, é óbvio que há mais gente a poder discutir camisolas de clubes que genocídios, há mais gente a preocupar-se com problemas oncológicos à sua volta que com guerras longínquas, há mais gente a conhecer a Taylor Swift (nunca ouvi mas sei que existe) do que o Georges Bizet (ouço muitas vezes mas não garanto que tenha existido). E o incomparável é o que eu costumo perguntar muitas vezes às pessoas: Entre alguém muito próximo (cônjuge, filho, neto, amigo) ser diagnosticado com algo muito grave e uns milhares de mortos numa guerra longínqua, o que é que te preocupa mais? Naqueles comentários falou-se de problemas próximos de cada um de nós, passíveis de acontecer a qualquer um, uns fúteis e outros nem por isso. E foi tudo.
Senhor Manuel Campos : Não visava particularmente o Senhor. Pode crer. Foi um simples desabafo, perante a tragédia do Médio Oriente O mesmo aliás que aquele que tive quando via quase todo o Mundo fazer a festa, no mesmo dia, em Paris, em nome do desporto olímpico, enquanto se bombardeava ferozmente milhares de inocentes na mesma região.
Os bombardeamentos israelitas no enclave palestiniano dizimaram centenas de famílias. Em um ou dois ataques, as linhagens desapareceram quase totalmente, dos avós aos bisnetos. Quatro gerações. É o caso do Salem e do Elian, que perderam 270 e 50 dos seus membros respectivamente.
Um bom dia que promete, com um Sol glorioso sobre as montanhas jà brancas de neve dos Alpes. O cume do Monte Branco aparece no horizonte. Passe um bom dia Sr. Manuel Campos
9 comentários:
Ainda é acusado de antisemitismo e de simpatizante do Hamas. Lembre-se: a morte de um palestiniano só interessa à estatística.
É tudo muito triste.
O mais revelador desta insanidade é uns a recordar 7 de outubro como um dia/aniversário doloroso e trágico, outros a celebrar como um dia/aniversário grandioso.
Carneiro
Antecipadamente, peço d"sculpa ao Senhor Embaixador se o meu comentario se alonga.
Mesmo antes de serem convocados, os jovens alemães tinham internalizado elementos-chave da ideologia nazi, particularmente a ideia de que massas de subumanos eslavos lideradas por tortuosos judeus bolcheviques ameaçavam a Alemanha e o resto do mundo com a destruição. Consequentemente, o Reich alemão tinha o direito e o dever de demarcar um “espaço vital” na Europa Oriental e de dizimar ou escravizar a população destas regiões. Esta visão do mundo foi então incutida nos recrutas, de modo que, quando as tropas alemãs invadiram a União Soviética, foi este prisma ideológico que definiu a sua percepção dos seus inimigos. A feroz resistência do Exército Vermelho apenas confirmou a necessidade de destruir os combatentes e civis soviéticos, e mais particularmente os judeus, considerados os principais instigadores do bolchevismo. E quanto mais destruição acumulavam, mais os soldados alemães temiam a vingança que poderiam esperar se os seus inimigos vencessem. O resultado foi o massacre de quase 30 milhões de soldados e cidadãos soviéticos.
Pensei nas palavras de Rabin. Em 1987, Yitzhak Rabin, então ministro da Defesa, tinha ordenado aos militares israelitas que “quebrassem os ossos” dos jovens palestinianos que atiraram pedras às suas unidades sobrearmadas.
Outros disseram pior depois. Mas, em retrospectiva, penso que ele deve ter reflectido melhor, mais tarde.
Na verdade, como sabemos pelo seu compromisso com o processo de paz de Oslo, por mais imperfeito que fosse, Rabin acabou por reconhecer que, a longo prazo, Israel não poderia suportar os militares, políticos e morais da ocupação.
Ele pagou muito caro por isso.
Os israelitas serao durante decenias ou séculos, confrontados confrontados com a injustiça da Nakba, a expulsão de 750.000 palestinos das suas terras e casas em 1948, durante o nascimento do Estado de Israel.
Viajei bastante em Israel para o meu trabalho. Fiquei sempre sem voz quando constatava que uma grande maioria de israelitas nao assumiam esta injustiça.
Assim vai o Mundo : 25 comentarios sobre o tema das camisolas verde-tinto do Sporting...e 3 sobre um genocidio dum povo !
E nenhum para com a guerra mais mortífera e de maior drama humanitário que acontece no Sudão. Infelizes dos sudaneses, se dominassem saber e conhecimento nas academias, se ocupassem lugares de relevo económico ou se filtrassem os mídia certamente tudo seria diferente.
Carneiro
Sr. Joaquim de Freitas
Permita-me então ser eu agora a discordar de si, dado que sou um dos grandes responsáveis pelos comentários (agora já 30 com a minha gentil participação) sobre o que o senhor chama “as camisolas do Sporting” e que já pouco tiveram a ver com as ditas cujas a partir de certa altura.
E permita-me discordar porque, do meu estrito ponto de vista, não se falou ali assim tanto das camisolas em si, falou-se de problemas que afectam pessoas concretas que conhecemos, com que nos cruzamos e, mesmo até, com que vivemos hoje ou vivemos no passado e de que muito gostamos ou gostámos.
Que para algumas pessoas salvar o mundo e mostrar genuína preocupação com os povos e os seus sofrimentos é o mais importante que têm para nos oferecer é algo que respeito.
Mas não sou suficientemente hipócrita para fingir que não ponho à frente os problemas do meu país e dos meus concidadãos, pois para com esses eu e todos nós podemos ser úteis e ajudar efectivamente, na prática a teoria é sempre outra.
Por isso não sei se podemos comparar o incomparável, o genocídio com as camisolas, é óbvio que há mais gente a poder discutir camisolas de clubes que genocídios, há mais gente a preocupar-se com problemas oncológicos à sua volta que com guerras longínquas, há mais gente a conhecer a Taylor Swift (nunca ouvi mas sei que existe) do que o Georges Bizet (ouço muitas vezes mas não garanto que tenha existido).
E o incomparável é o que eu costumo perguntar muitas vezes às pessoas:
Entre alguém muito próximo (cônjuge, filho, neto, amigo) ser diagnosticado com algo muito grave e uns milhares de mortos numa guerra longínqua, o que é que te preocupa mais?
Naqueles comentários falou-se de problemas próximos de cada um de nós, passíveis de acontecer a qualquer um, uns fúteis e outros nem por isso. E foi tudo.
Senhor Manuel Campos : Não visava particularmente o Senhor. Pode crer. Foi um simples desabafo, perante a tragédia do Médio Oriente O mesmo aliás que aquele que tive quando via quase todo o Mundo fazer a festa, no mesmo dia, em Paris, em nome do desporto olímpico, enquanto se bombardeava ferozmente milhares de inocentes na mesma região.
Os bombardeamentos israelitas no enclave palestiniano dizimaram centenas de famílias. Em um ou dois ataques, as linhagens desapareceram quase totalmente, dos avós aos bisnetos. Quatro gerações. É o caso do Salem e do Elian, que perderam 270 e 50 dos seus membros respectivamente.
Sr. Joaquim de Freitas
Agradeço o esclarecimento.
Um resto de bom dia para si
Um bom dia que promete, com um Sol glorioso sobre as montanhas jà brancas de neve dos Alpes. O cume do Monte Branco aparece no horizonte. Passe um bom dia Sr. Manuel Campos
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