Imagino que muito poucos terão paciência para me ouvir durante 18 minutos, mas tendo a ingenuidade de pensar que sempre haverá alguns resistentes, deixo um link para a intervenção, sobre a identidade político-ideológica do Partido Democrata americano, que proferi na Conferência Anual da Fundação Res Pública, na quinta-feira, dia 24 de outubro.
Aqui fica o link
8 comentários:
Se não ouvirem, não sabem o que perdem!
Não só o ouvi 18’11’’ como o ouvi 36’22’’.
Mas eu não sou bom exemplo para ninguém pois não perco um décimo de segundo com nenhum comentador de TV, limitando-me assim a tentar aprender alguma coisa mais com quem me dá há anos leituras sobre os assuntos que tenham para mim um grau de isenção acima dos 80%, o que já é muitíssimo bom (a malta de “ciências” quantifica tudo, vale o que vale para os outros que o não são e suspeito que não valerá muito).
Com a internet à disposição para ter todas as leituras possíveis à distância de uns cliques, só a “futebolização” da sociedade explica que se perca tanto tempo a ouvir as mesmas pessoas a dizer as mesmas coisas que se espera que digam, na linha dos treinadores e jogadores de futebol sempre tão inventivos.
Claro que a internet de que falo não é o acesso online à informação nacional nem sequer europeia, é tocante o esforço diário de alguns jornais por cá e por aí na Europa no sentido de nos convencer a votar Harris e nunca Trump quando, depois de nos convencerem, nem sequer nos explicam para que é que isso nos serve se não votamos lá e eles não nos lêem.
Dizem-me que se ouvisse este ou aquele que mudava de opinião, não duvido que alguns atinjam um grau de 100% de aprovação pois um discurso feito de platitudes não tem contestação possível.
Felizmente alguns sítios americanos dedicados a sondagens, uns mais pró-democratas e outros mais pró-republicanos, vão publicando ao longo do dia ligações a artigos de jornais e revistas respeitáveis dos EUA, umas mais que outras, mas quem anda nisto há 20 anos já as sabe distinguir logo.
Alternando sempre entre os que apoiam uns e os que apoiam os outros, desde os mais equilibrados aos mais extremistas, dá para fazer umas “médias” a que por aqui não temos direito, somos tratados como burros e bem o merecemos.
A enumeração e análise dos vários pontos que faz a partir do meio da sua apresentação é muito cuidada e equilibrada, sem pontos a mais ou pontos a menos para encher a palestra e procurando uma capacidade de síntese que leve a dizer tudo o que se deve dizer no tempo possível de que se dispõe.
Ora resolvi voltar a ouvir “substituindo” aqui dentro da minha cabecinha pensadora (tem dias...) democratas e republicanos americanos por esquerda e direita europeias (que são muito diferentes em tudo, ainda que convenha a muitos confundi-las no dia-a-dia).
E o resultado foi interessante e muito na linha do que eu esperava, haverá por aqui alguns preconceitos meus mas quem não os tenha apresente-se, aproximam-se tempos em que os dois lados vão ter que lutar por fatias do eleitorado que não têm nada de nada a ver com o que tradicionalmente os aproximava dessas correntes, como por mais de uma vez aqui se falou.
E é isso que está a acontecer também lá, com a aproximação das campanhas a alguns grandes temas cada vez “mais comuns às duas”, deixando de fora temas de menor impacto geral no total da população que vota e que é a verdadeira “opinião pública” mesmo quando não se expressa, a que tem muito pouco a ver com a “opinião publicada” que, essa sim, muito se expressa, raramente tendo o correspondente impacto no voto real.
Vamos assim caír no “populismo”, expressão cada vez mais discutida e discutível, que na prática já muito pouco me diz porque demasiado descontextualizada por todos os cantos, para mim "populismos" tanto são os de uma direita que quer agarrar o maior número de votantes sem necessáriamente estar tão ao centro como quer dar a entender (e depois não vai cumprir), como o são os são os de uma esquerda que quer agarrar o maior número de votantes sem necessáriamente estar tão ao centro como quer dar a entender (e depois não vai cumprir), tirando as bonitas declarações de intenção de uns e outros, venha o diabo e escolha.
E o diabo está aí, sob a forma de novas gerações com pouco futuro e novas realidades com muito futuro.
A intervenção de Pedro Silva Pereira, como bem disse, uma imperdível lição sobre o Socialismo Democrático nos EUA.
Já agora.
À medida que as eleições se aproximam vou mudando as minhas "fontes" de informação das teóricas para as práticas.
E as práticas nunca são o que as pessoas dizem para ficar bem na fotografia ou para dizer alguma coisa, as práticas são aquelas onde as pessoas estão dispostas a perder dinheiro e interessadas em ganhar dinheiro.
Portanto deixei-me bastante de conversa fiada e virei-me para as "betting odds".
Tenho aprendido imenso até porque, ao que sei, este método a duas semanas das eleições só falhou duas vezes na História dos EUA.
Muitas vezes temos a impressão de que os Estados Unidos estão divididos em dois campos que se ignoram. Parece que os republicanos parecem ser os maus e os democratas os bons.
Ambos os partidos favorecem as posições económicas liberais.
Ambas as partes concordam essencialmente sobre :
As práticas de hegemonia, dominação e intimidação que envolvem o uso da força para intimidar os mais fracos, tirar aos outros pela força e subterfúgios e jogar um jogo de soma zero causam danos graves.
Os Estados Unidos esmagaram a verdade com o seu poder e espezinharam a justiça para servir os seus interesses pessoais. Estas práticas hegemónicas unilaterais, egoístas e regressivas têm suscitado críticas e oposição crescentes e intensas por parte da comunidade internacional.
Os Estados Unidos exploram a riqueza mundial através da senhoriagem. Custa apenas cerca de 17 cêntimos produzir uma nota de 100 dólares, mas outros países têm de pagar 100 dólares em bens reais para obter uma.
Há mais de meio século, foi salientado que os Estados Unidos desfrutavam de um privilégio exorbitante e de um défice sem lágrimas criado pelo seu dólar e estavam a utilizar esta nota de papel sem valor para saquear os recursos e as fábricas de outras nações.
Os Estados Unidos combateram ou estiveram militarmente envolvidos em quase todos os 190 países reconhecidos pelas Nações Unidas, com três excepções. Estes três países foram “poupados” porque os Estados Unidos não os encontraram no mapa.
Sob a elevada protecção do mais formidável complexo militar, financeiro e económico do planeta, este é o verdadeiro “Partido” que governa a América e o mundo. Os políticos são apenas figurantes, às ordens deste complexo.
Ouvi, tudo que V. Exa. proferiu, foi como se estivesse numa sala , serenamente falando e explicando bem fluidamente e nem se dá o tempo passar.
Por este "andar" ainda hei-de ver alguém lembrar-se de alvitrar que estaria bem de presidente da República !
Ouvi (e reouvi) com toda a atenção a sua exposição. E aprendi muito durante os curtos 18 minutos da sua intervenção. Por exemplo, fiquei a perceber (melhor) por que razão Kamala Harris e o Partido Democrata correm um serio risco de perderem a eleição, tendo como opositor um fulano como Trump.
Professionalmente et como turista, estive nos Estados Unidos. A liberdade de fazer, crêr e dizer, me seduzem.
A vida e os seus excessos me fascinam.
Para estas eleições americanas de 2024, ninguém pode prever quem vai ser eleito.
Se eu fosse americano, eu sonharia em formar um novo partido centrista, em lugar desses dois loucos que são o partido republicano e o partido democrata.
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