quarta-feira, março 20, 2019

O que é que correu mal?


Pode ler aqui o artigo, sob o título em epígrafe, que publico na edição de hoje do “Jornal de Notícias”

5 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Texto muito interessante, Senhor Embaixador.

O que me parece evidente nos dois casos, EUA e Brasil, e na eleição democrática que levou ao poder os dois presidentes em questão, não é o que não correu bem, porque tudo correu normalmente, quando se analisa a situação económica nos EUA aquando das ultimas eleições que levaram Trump à Casa Branca.

Na realidade, quando se viajava ao longo da “Rust Belt”, à volta de Detroit (Michigan) como o fiz durante anos, e que se via regiões inteiras, outrora ricas e pujantes de actividade, cair na obsolescência mais total, (depois de ver unidades industriais ser deslocalizadas para a China), com o seu cataclismo de desemprego maciço, onde os sargentos da US Army vinham recrutar facilmente os Negros e Latinos para o Iraque, por vezes em troca dum passaporte, para os Latinos, pode-se compreender o que “correu mal”, ou antes o que correu bem para o Trump.

E que os milhares de desempregados da Pensilvânia, à volta de Pittsburg, se tenham precipitado às urnas para votar Trump, que lhes prometia de reabrir as minas de carvão, e “tant pis” para a ecologia e para o Tratado de Paris, também explica porque é que correu bem para Trump.

Tudo isto era previsível. Só Hilary Clinton e os Democratas é que não tinham visto…

O caso do Brasil é, na minha opinião, muito diferente. Porque se bem que a situação económica e sobretudo de criminalidade pública fosse aquilo que sabemos (que não melhorou), nunca podia ter “corrido bem” para Bolsonaro, se não tivesse havido um Golpe de Estado contra Dilma. Normalmente, se houvesse um regime democrático no Brasil, Bolsonaro nunca teria sido eleito, tão grande é a sua insignificância, obscurantismo e falta de preparação para o cargo. Além das suas taras humanas imensas.

A colusão da Justiça e do Parlamento, com as Forças Armadas ostensivelmente a dar o “la”, recusando de antemão todo e qualquer resultado que não fosse …Bolsonaro, foi o que correu mal para o povo brasileiro e bem para Bolsonaro.

A eleição de Trump é quase normal, enquanto que a de Bolsonaro foi a mais vergonhosa vigarice politica, de todos os tempos, semeada de traições, corrupção ao mais alto nível do Estado e mesmo crimes.

carlos cardoso disse...

Artigo interessante que me fez pensar na questão (para a qual não conheço solução): "como e quando se deve lutar contra aqueles que, eleitos democraticamente, tentam acabar com a democracia?" Não me parece que seja, para já, o caso nos EUA ou no Brasil, mas a situação na Hungria ou na Turquia, que ainda são democracias, é preocupante.

Por um lado, os golpes contra Morsi, democraticamente eleito no Egipto, e contra a FIS, que tinha ganho as eleições na Argélia, não trouxeram mais democracia, antes pelo contrário, mas talvez tenham evitado algo pior. Por outro lado, o Hamas, de ideologia similar e que também ganhou as eleições, acabou com a democracia na faixa de Gaza. De uma maneira geral, se uma intervenção acontece cedo demais, é criticada por antidemocrática, mas se se esperar demasiado, deixa de ser possível intervir. Na Alemanha no século passado foi o que aconteceu, com as consequências que se conhecem.

É claro que cada caso tem que ser analisado individualmente, mas haverá critérios a seguir? Alguém tem a solução para este dilema?

José Alberto disse...

Errar é humano, seja por palavras, pensamentos ou actos. Essa é uma das razões para tendermos a pensar consoante a nossa experiência e, por vezes, deixarmos determinados factos passar ao lado. Por estas razões, nos tempos de hoje, a vida está difícil para os comentadores políticos e económicos. Para além disto não há mecanismos para incentivar o pensamento fora do padrão
mais ou menos previsível. Em vez de haver tantos grupos de pensadores institucionais a pensar dentro dos limites do previsível, seria interessante criar, pelo menos um grupo para se dedicar a pensar sobre o imprevisível. Digo eu, que não sou apenas um observador desatento.
José Melo

José Alberto disse...

Errar é humano, seja por palavras, pensamentos ou actos. Essa é uma das razões para tendermos a pensar consoante a nossa experiência e, por vezes, deixarmos determinados factos passar ao lado. Por estas razões, nos tempos de hoje, a vida está difícil para os comentadores políticos e económicos. Para além disto não há mecanismos para incentivar o pensamento fora do padrão
mais ou menos previsível. Em vez de haver tantos grupos de pensadores institucionais a pensar dentro dos limites do previsível, seria interessante criar, pelo menos um grupo para se dedicar a pensar sobre o imprevisível. Digo eu, que não sou apenas um observador desatento.
José Melo

aamgvieira disse...

Não percebo que esteja admirado com o Brasil....aqui neste Portugal na frente da democracia:

Todas as pessoas competentes casaram-se com pessoas do Partido Socialista.....

Vou ler isto outra vez...