domingo, março 24, 2019

A nossa direita

Acho muito saudável que a direita portuguesa se reúna, se manifeste, crie partidos, jornais e tudo o que lhe der na real gana. 

Foi (também) para isso que se fez o 25 de Abril, uma Revolução sobre a qual há, pelo menos, uma imensa certeza: não foi a direita que a fez.

21 comentários:

Anónimo disse...

Lido sem surpreza.

Despacho:

Numa democracia a pluralidade de partidos é essencial.
Depois de 1975 em Portugal, a direita ou as direitas foram demonizadas.
O Partido Comunista e afins tiveram o país na mão.
O resto do mundo e os USA não quiseram ter mais um vizinho comunista.
Portugal seria uma Cuba na Europa.
O tempo passou.
Os partidos de Abril no poder, aburguesaram-se.
Nenhum partido considerado de facto de direita se formou. Havia de se tolerar partidos considerados de direita por terem ideias à direita do PSP.
Tudo foi um "faz-de-conta". O CDS-PP até chegou, naquele tempo a ser um perigoso partido de direita.
A esquerda teve desde 1975 um desgaste muito grande quanto à perenidade das suas ideias políticas.
O mundo de hoje não se compadece com um regime que apenas tem ideias políticas antigas de esquerda e direita.
Ninguem sabe como sairemos disto tal como nada se sabe como vai acabar o Brexit. Estamos na fase de resistência activa.
Mas só há puco se começou a falar de resiliência.

Não defereido

Anónimo disse...

é isso mesmo!

cmpts

Anónimo disse...

Bravo , anónimo das 20,02 , alguém que diz o que muitos pensam ...

A. Ramos disse...

Não foi a direita que fez o 25A, é bem verdade - mas foi castigada, não havendo um único partido de direita (ou mesmo centro-direita). O mais à direita era o CDS - rigorosamente ao Centro, como dizia o seu líder. Aliás é estranho que se fale em Democracia e houvesse partidos democráticos proibidos e partidos à esquerda do PC também impedidos de ir a votos - MRPP? É esta a democracia que o Sr. Embaixador gosta - ou tem saudades...?!?

Anónimo disse...

Era impossível ter sido a direita a fazer o 25de Abril, porque como se constatou no dia 26, não havia em Portugal um único apoiante do regime anterior.

Joaquim de Freitas disse...

Anonimo 24 de Março, 20:02


Numa democracia a pluralidade de partidos é essencial. DEFERIDO.

Depois de 1975 em Portugal, a direita ou as direitas foram demonizadas. (Em 39 anos, Portugal conheceu 13 actos eleitorais e 19 Governos Constitucionais., dos quais metade foram governos de direita, alguns com maioria absoluta). INDEFERIDO.

- O Partido Comunista e afins tiveram o país na mão. (Nunca, nem só nem em coligação, o PCP teve ministros num governo.) INDEFERIDO


O resto do mundo e os USA não quiseram ter mais um vizinho comunista.
Portugal seria uma Cuba na Europa. (NUNCA, pois que integrado à NATO). INDEFERIDO.

O tempo passou. (Foram os homens que passaram).

Os partidos de Abril no poder, aburguesaram-se. (Passaram a gestores do sistema capitalista, governando como a direita). INDEFERIDO.

Nenhum partido considerado de facto de direita se formou. Havia de se tolerar partidos considerados de direita por terem ideias à direita do PSP. ( A direita não tem ideias. Tem objectivos impostos pelos seus mandatários de Bruxelas e Frankfurt. Recordar Maria Luiza de joelhos com Schaüble .) INDEFERIDO.

Tudo foi um "faz-de-conta". O CDS-PP até chegou, naquele tempo a ser um perigoso partido de direita. (Um partido que se vende em hasta publica.) DEFERIDO.

A esquerda teve desde 1975 um desgaste muito grande quanto à perenidade das suas ideias políticas. (A classe política, do CDS ao PS e com o PSD sempre na linha da frente, unificou-se quanto ao modelo político-social, quanto à adesão europeia e à NATO, a fidelidade aos EUA durante a Guerra Fria, e mesmo hoje, (Maduro e Guaido), e quanto ao anticomunismo. INDEFERIDO
O mundo de hoje não se compadece com um regime que apenas tem ideias políticas antigas de esquerda e direita. (O sistema foi reduzindo a política à economia; nem sequer à economia mas à contabilidade e gestão da economia) INDEFERIDO

Ninguem sabe como sairemos disto tal como nada se sabe como vai acabar o Brexit. Estamos na fase de resistência activa. (Estamos na fase de deliquescência activa)

Mas só há puco se começou a falar de resiliência. (Onde? Uma despolitização galopante, só o futebol conta, enquanto que a soberania nacional se desfaz, e a dependência do exterior aumenta) INDEFERIDO.

Anónimo disse...

Oh, Oh, então, não? Foi mesmo para a direita se poder reunir e fundar jornais que se fez o 25 de Abril. Como se não estivesse reunida e não fundasse jornais antes.

Adivinhe lá, Embaixador,quem é que não se podia reunir, nem fundar jornais, antes dessa data? Dou uma ajuda: não era a Direita.

aamgvieira disse...

Tem toda a razão o Anónimo das 20,02, a maioria pro-ocidental pensa o mesmo,graças ao 25.11 de 1975 !

alvaro silva disse...

Pois não . Foi a tropa vinda da Academia.

Anónimo disse...

Joaquim de Freitas, permita-me só uma pequena correcção: mas o antigo SG do PCP, Álvaro Cunhal, chegou a ser Ministro sem Pasta, logo após o 25 de Abril. E num daqueles Governo Provisórios e no Governo de Vasco Gonçalves Arnão Metelo (Vice-PM), Costa Martins (Trabalho) eram próximos do PCP (se a memória não me falha) e Pereira de Moura era líder de um Movimento com ligações ao PCP.
Quanto à Direita actual, é cada vez mais radical, extremista e vive uma momento de histerismo patético. Não tem uma ideia concreta que seja para o país. Não lhes conheço proposta concretas sobre como estimular o Investimento privado, para a Saúde (embora aqui se percebe uma certa vergonha em não assumir publicamente o fim do SNS e da Saúde Pública, substituindo-a pela Privada e Seguros), sobre a Reforma Fiscal, sobre a Educação (embora se perceba que iria continuar a possibilitar às Universidades Católicas continuarem a ficar fora da órbita do Fisco e a continuar a receber anualmente os 7,5 milhões de Euros que o Estado lhes concede e que voltariam a aumentar o apoio do Estado a escolas privadas!), como acabar com as assimetrias entre o Litoral e o Interior, que tipo de reforma teria para a Justiça, como combater as desigualdades sociais (embora se saiba que acreditam no "milagre das Rosas", ou seja, que com investimento privado elas acabariam!), que tipo de investimento projectaria para apoiar a Investigação Científica, ou mesmo para a Cultura, que tipo de Legislação Laboral desenharia, etc, etc.
Ouve-se muita retórica, sobretudo anti-Esquerda e socialista, mas tudo muito vago, muito patético, muito histérico. O risco é que para cativar eleitorado possa vir enveredar por caminhos mais sinistros, como o Populismo (e aqui, Rui Rio teria de sair de cena, ou seja, de líder do PSD).
Jorge Albuquerque

Anónimo disse...

Álvaro Silva tem toda a razão: foi a tropa da Academia porque estávam fartos de ir para a Guiné e a total inoperacionalidade do governo da altura que já tinha desistido de fazer fosse o que fosse: para trás ou para a frente.
João Vieira

Maria João disse...

Não diria melhor, Anónimo das 10.29. :)))))))

Anónimo disse...

A política em Portugal é desde o 25 de Abril uma mentira institucionalizada.
O deputados são apenas atentos, venerandos e obrigados funcionários dos partidos. Vive-se óbvio oportunismo com suporte constitucional.
PS. O sistema eleitoral foi imposto por comunistas bem á medida das suas exigências em politica.

Joaquim de Freitas disse...

Caro Senhor Jorge Albuquerque : Consultei mal as minhas notas, da época e tem razão. Eu seguia as informações pela imprensa, pois que já me encontrava em França. Confirmo os seus dizeres. Obrigado.

Anónimo disse...

Vexa tem que fazer mais posts e tweets destes que é para se poder fazer uma lista completa dos saudosos dos 'botas' que por ai andam...

O seu ps coitadinho ou tem falta de quadros ou aquilo anda complicado, a coisa ja parece a sicilia (mesmo não o sendo, evidentemente). Não sei o que onde é aquela gente anda com a cabeça...

Anónimo disse...

Em relação aos iliberais que por ai andam, fico convencido que o objectivo destes (e de certos media que por ai andam) é a conquista dos filhos do eleitorado rural conservador de mentalidade salazarista (dai a continua referencia aos comunistas), sendo que a parte liberal economica (que pouco tem de salazarista) convira ao eleitorado mais citadino.

O problema que tera uma tal estrutura sera conciliar, no longo prazo, a sua retorica, com a pratica. A impressão que tenho é que a estrutura cacique portuguesa pode-se adaptar a um poder central, mas não adapta necessariamente as suas praticas.

Qualquer Marta Soares ou assim, pode dizer que adora o Miguel Morgado etc, mas o habitual despesismo clientelista de um cacique, não é compativel com as ideias politicas de MM e afins. Veja-se o resultado em 2015: ainda que unida, a direita pouco mais votos teve que o ps. De qq modo a tomada da direita por estes movimento, faria o ps crescer ao centro (por votos do psd).

Deste modo os objectivos politicos deste movimento so se poderão efectuar a partir das legislativas que se sigam à proxima, provavelmente 2023. Nessa altura o ps estara desgastado, muitas das novas caras serão menos novas, havera um outro escandalo, etc.

Um facto importante sera o ganho de poder do bloco, em virtude do envelhecimento da população do pc, e do crescimento da população suburbana de origem africanas etc.

Ao mesmo tempo sera curioso quanta desta nova direita tera paciencia para se manter na politica até essa altura. Caso seja 2023, serão ainda mais 4 anos a twittar, etc. Não é muito evidente. Passos Coelho devera entretanto aparecer para tentar tirar o poder a Rio. Não sei se a luta sera simples, Rio tem qualquer coisa de May, uma especie de resistente não violento.

A isto acrescentara ainda o que se passar por esse mundo fora até então. Sera Trump reeleito? O que se vai passar com Ocasio Cortez e afins? E Macron, Merkel, Salvini, Putin etc, etc? Qual sera a influência chinesa então? Que estabilidade/guerras havera?
Esses factores terão seguramente o seu peso nessa altura, onde o 25 de abril ja por poucos sera recordado (como vexa lembrou num post recente no seu blogue). (Quem se emociona ainda hoje com o 5 de outubro, além de uns saudosos descendentes de Paiva Couceiro ou de Machado dos Santos?)

Anónimo disse...

@ Sr. De Freitas.

Gostei da forma como criticou o meu comentário.

Mas...
Depois de 1975 não tivemos um novo partido de direita na Assembleia da República. Apenas tivemos um novo partido de esquerda que foi o BE.[ A demonização da direita há-de ser sempre igual à que foi depois de 1975]

Em todo o seu comentário reparei que a sua noção de esquerda ou direita é ainda com referência ao que se achava dos partidos em 1975. Para o Sr. o tempo deve ter parado nessa altura. É o problema da imobilidade.

Anónimo disse...

@ Sr De Freitas.

Isso das ideias políticas....
Veja alguma coisa sobre a História das Ideias Políticas se puder mas...não só a partir de 1848 para perceber melhor do que se trata.

Anónimo disse...

"Foi (também) para isso que se fez o 25 de Abril, uma Revolução sobre a qual há, pelo menos, uma imensa certeza: não foi a direita que a fez."

Não foi de facto aquela direita que fez o 25 de Abril. Aquele regime político encontrava-se "gasto". Os seus ediais estavam antiquados e não se via uma saída airosa para guerra colonial e... a esquerda da altura recebeu o Estado de mão beijada sabendo que queria implementar uma República democrática. A revolução foi abortada em 1975 e por issso ainda andamos a discutir o que ela podia ter sido.
Isto da saudade em Portugal tem a ver con o fado quando não se consegue prolongar-se um ideal político como a destreuição do tecido social existente.

Joaquim de Freitas disse...

Anonimo de 26 de Março das 16:09:

1-Sabe Caro Anónimo , há muito que li aqueles que sabiam escrever sobre Politica.

2- Quando acabei de ler certas obras de Aristóteles e Platão, compreendi que a matéria era muito flexível e que deixava muita liberdade à interpretação das lições recebidas.

3- Por exemplo, em tempos contemporâneos, quando penso à palavra “liberal” , eventualmente plena de “humanismo” e que a mesma deu “liberalismo”, eventualmente sinonimo de exploração sem freio, acabei o meu passeio no Estudo das Ideias Politicas.

4- Para Aristóteles, a polis é o ambiente adequado ao desenvolvimento das aptidões humanas. Como o homem é, por natureza, um animal político, a associação é natural e não convencional. Na busca do bem, o homem forma a comunidade, que se organiza pela distribuição das tarefas especializadas.

5- Como Platão, Aristóteles admitiu a escravidão e sustentou que os homens são senhores ou escravos por natureza.

6- Concebeu três formas de governo: a monarquia, governo de um só, a aristocracia, governo de uma elite, e a democracia, governo do povo.

7- Vemos bem, que a corrupção dessas formas daria lugar, respectivamente, à tirania, à oligarquia e à demagogia. Nenhuma escapou à corrupção. Temos exemplos numerosos à nossa volta.

8- Mesmo o cristianismo introduziu, nos últimos séculos do Império Romano, a ideia da igualdade entre todos os homens, filhos do mesmo Deus, uma noção que contestava implicitamente a escravidão, fundamento social económico do mundo antigo. Ao tornar-se religião oficial, o cristianismo aliou-se ao poder temporal e admitiu a organização social existente, inclusive a escravidão. E a opressão, e a tortura.
Vivi-o em Portugal na minha juventude… E decidi partir.

Alors, desde então, continuo à espera da famosa forma mista, que Aristóteles considerou que seria a melhor, na qual as virtudes das três formas ( acima em -6) se complementariam e se equilibrariam.

Anónimo disse...

@ Sr. De Freitas.


As leituras que fez são as melhores para a Antiguidade Clássica, Idade Média, Renascimento, Idade Moderna e Contemporânea.

Só falta saber com que grelha científica leu toda essa sabedoria.

Me parece que essa grelha foi aplicada para a rejeição do passado esclavagista [ganda anacronismo], forma muito corrente nas abordagens do materealissmo histórico..... ou se ficou a perceber que cada época tem o seu tempo e que em cada tempo se deve evoluir nas ideias políticas. E assim compreender o tempo a observar.

Marx e Lenine já foram.

Pedem-se novas ideias, sem as ir buscar ao passado no qual não havia ainda internet.

Venham agora os jovens a quem imteressa mudar o mundo sem olhar para trás e não precisando de viver em sociedades politizadas.

Poder é isto...

Na 4ª feira, em "A Arte da Guerra", o podcast semanal que desde há quatro anos faço no Jornal Económico com o jornalista António F...